quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Perante a cidadania o futebol será sempre uma insignificância desprezível!...


Mau começo


«Desta vez haverá jogos no dia das eleições. Pedro Proença explicou que, havendo competições internacionais e tendo que existir um período de descanso de 72 horas, era impossível ser de outra forma. Diz que avisou a Comissão Nacional de Eleições (CNE), insinuando, numa total inversão de prioridades, que era a data das eleições que se devia adaptar ao calendário do futebol. Em dezenas de eleições, em que sempre houve competições internacionais e campeonato nacional, foi encontrada uma solução, nem que passasse pelo adiamento da jornada. É porque a Liga e a Federação se estiveram nas tintas que pela primeira vez isso é impossível.

Como disse um porta-voz da CNE, normalmente antecipam-se ou adiam-se as competições desportivas para "não desviar as pessoas dos locais onde votam" e "não oferecer mais um pretexto para a abstenção". Com algum cinismo, o comunicado da Liga acaba assim: "A Liga aproveita para apelar a todos os adeptos que pretendam deslocar-se para verem as suas equipas que não deixem de exercer o Seu direito e dever de voto." Aprenderam o pior da política, dizendo em palavras o oposto do que promovem com os seus actos. Os jogos de futebol nunca foram proibidos em dia de eleições. Mas o esforço cívico dos agentes desportivos tem conseguido sempre que tal não aconteça. Pedro Proença afastou o futebol do civismo. Mais um pouco. Tenho a certeza que se lembrará da política do Estado quando for para pedir dinheiro ou privilégios. Quando concorreu à liderança da Liga prometeu mudar o futebol para melhor. A primeira mudança saiu-lhe mal.»
(Daniel Oliveira, Verde na Bola, in Record)


Pela primeira vez desde que Daniel Oliveira surgiu ante os meus olhos, como cidadão, político, analista e sportinguista, estou, indignado e crítico, nos antípodas do seu pensamento.

Apesar de todos os vícios do processo que conduziu à simultaneidade das eleições com o futebol e sem retirar um pingo da razão que lhe poderá assistir, sobre a conduta dos responsáveis, quero no entanto rejeitar a questão central que enforma a posição de Daniel Oliveira. 


Quaisquer eleições, se livres e democráticas, em qualquer lugar do mundo, sempre foram, são e serão, um ACTO DE CIDADANIA! E essa cidadania, ou MORA no mais fundo do íntimo do cidadão eleitor... OU NÃO MORA!...

Nenhum país livre e democrático do mundo,  pára em dia de eleições. E por ironia, os países que porventura constituirão os mais modelares exemplos democráticos, não fazendo desse dia um "feriado nacional", quantas vezes marcam as consultas populares para dias diferentes do sábado ou do domingo?! E nesse caso, será que esse país pára?!...

Pretender "cozinhar" para esse dia um qualquer "cerelac", uma "papa moída", com todos os ingredientes que estimulem o apetite dos eleitores e lhes facilitem a digestão, será como que preparar a alimentação de bebés: UM ATESTADO DE MENORIDADE QUE SE PASSA AO POVO!...

Que me perdoe Daniel Oliveira, com quem comungo a concepção de mundo e o caminho que os homens livres, bons, íntegros e progressistas devem percorrer. Mas nesta causa, o futebol jamais poderá ser colocado no mesmo plano de importância para a sociedade que, por exemplo, o serviço de urgências de um qualquer hospital. E se um hospital terá de funcionar sempre, mesmo em dia de eleições, sem que tal facto perturbe ou alguma vez coloque em causa, seja de que modo for, um qualquer acto eleitoral por mais importância de que se revista, qual a razão pela qual com o insignificante futebol não poderá acontecer exactamente o mesmo?!... 

Perante a cidadania o futebol será sempre uma insignificância desprezível!...

Leoninamente,
Até à próxima

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