quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A ética dos abutres, versus de homens, chacais, hienas e formigas!...


Esta foto trouxe a fama mundial ao fotógrafo sul-africano Kevin Carter,  e esteve na origem do prémio Pullitzer para melhor fotografia, que lhe foi concedido em 1994.

Poucos meses depois, o peso na consciência, aumentado pela pressão da popularidade granjeada pela imagem e pela curiosidade mundial em saber o "porquê" da escolha de ser observador e não salvador, provou ser demasiado pesado  para Kevin Carter e levou-o em 27 de Julho de 1994 ao suicídio: dirigiu-se no seu carro até um local da sua infância e utilizando uma mangueira para levar o fumo do escape para dentro do carro, morreu envenenado por monóxido de carbono, aos 33 anos de idade.

O abutre é um animal que se alimenta da desgraça alheia. Ele não pratica a lei geral da Natureza, da caça ou do semear e colher. A sua sobrevivência depende da morte de alguém, ou de algum animal. Ele não determina a morte, mas sobrevive dela. Fica, quantas vezes, à espera que a sua vítima, em estado terminal, dê o último suspiro para em seguida poder saborear a sua refeição. Ele não se preocupa com a causa da morte, não quer saber se era doença, fome, acidente, apenas e só luta para sobreviver. Sem ter escolha, ele nasceu abutre. As características do seu ADN determinam-lhe o comportamento. E como animal irracional, ele não decide mudar isso da noite para o dia. É a sua essência a falar mais alto.

Mas ao contrário da hiena, do chacal e até das moscas e formigas, o abutre, sendo ave de rapina, alimenta-se de carne morta. Nunca quase morta. Por mais triste que seja o método de sobrevivência do abutre, ele segue um irrepreensível padrão ético, apenas recorre a carne morta, oferecendo a todos os animais, Homem incluído, um admirável exemplo.

A ética é normativa. Uma regra que define limites e que determina até que ponto se pode ir. É artigo raro nestes tempos de "modernidade". Em todos os países, sectores e  segmentos, fazendo tábua rasa de "conselhos de ética eticamente falidos", assistimos a proclamações e reclamações de falta de ética.

O futebol português está incomparávelmente distante da prática ética dos abutres. Porque não tendo ainda estrebuchado no último estertor e prosseguindo artificialmente em coma induzido, já serve de pasto, com o sangue ainda correndo nas veias, às hienas, aos chacais e... a toda uma marabunta que sacia a sua voracidade em carne ainda quente.

Maxi Pereira foi o último a ser devorado ainda em vida. André Carrillo prepara-se para continuar a alimentar o repasto!...

Os abutres sentem vergonha por vocês, nobres representantes do futebol!...

Leoninamente,
Até à próxima

3 comentários:

  1. O principal alimento destes abutres não será o povo irracional que os idolatra?! O futebol profissional tornou-se num palco inundado de práticas obscenas: salários, comissões etc... Não será um paradoxo inaceitável para a raça dos símios, aquela que um dia terá evoluído a partir da África Austral, falar-se ao mesmo tempo de verbas estratoesféricas numa atividade, que um dia foi um desporto virtuoso, e haver milhões de refugiados de guerra, simplesmente, à procura de um novo lar?
    Ah bem, isto é conversa demagógica... Já me ia esquecendo que tudo depende da lei da oferta e da procura! Ou pelo contrário como diz Adriano moreira: «O mercado por estes dias atingiu um estatuto teológico».

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    1. Afligem-me mais os homens, os chacais, as hienas e as formigas que os abutres!... Da ética e da prática dos abutres, nunca o mundo se pôde queixar, nem por causa delas alguma vez deixou de girar... Viver da morte será sempre mais aceitável que matar!...

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  2. Hoje por hoje, apenas a minha adição ao Sporting me prende a este futebol. Dizem que o futebol é uma metáfora da vida, mas eu excluía dele e de bom grado estas práticas homicidas ou catartídeas...

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