sexta-feira, 12 de maio de 2017

"Romantico ma non troppo"!...


O poder

«... No último programa do Porto Canal, o dir. com. do Porto fez questão de repetir uma parte de uma mensagem da 'cartilha', escrita por Carlos Janela em finais de Agosto, dias após um empate inesperado do Benfica em casa do Vitória de Setúbal. Trata-se até, à primeira audição, de uma passagem um pouco inócua, sem muito sumo, comparando com outras expressões e frases mais animalescas utilizadas por Carlos Janela nessa e noutras 'cartilhas' já tornadas públicas. Contudo, após as recentes notícias e confirmadas por um duplo-comunicado publicado em ambos os sites de Sporting e Porto, compreendo ainda melhor a importância que o dir. com. do Porto atribui aquela parte da 'cartilha' de Agosto, em que Carlos Janela escreveu o seguinte:

"Não podemos reagir ao empate contra o Setúbal dando a impressão de que o Benfica está a perder poder. Isso nunca."

É isto, de facto, que dá o poder em Portugal: a percepção [do poder]. Ao contrário de alguns Sportinguistas e Portistas, eu não creio que o Benfica corrompa, financeira ou materialmente, os árbitros, dirigentes ou jogadores. Quer dizer, pelo menos, não da forma típica da corrupção, em que em benefício de alguém [Benfica], se prejudica propositadamente outrém [Sporting]. Acho que o Benfica montou um "sistema" moralmente corrupto, sim, mas que assenta, tecnicamente, numa legalidade. É legal comprar bancadas inteiras no estádio do Rio Ave e depois vender os bilhetes mais baratos aos seus próprios adeptos. É legal comprar jogadores e depois emprestá-los a outros clubes, cedendo-lhes até parte dos passes, tornando esses clubes mais fortes contra os outros e mais fraco contra o clube-mãe. É legal oferecer as suas instalações para que clubes lá treinem gratuitamente. É legal um clube transmitir os seus próprios jogos no canal do clube e marcar o horário para o que mais lhe convier. É legal, até porque não houve sanções, oferecer vouchers para refeições, a árbitros e delegados os jogos efectuados em casa. É legal a Fundação do clube patrocinar a formação de jovens árbitros. E o "poder" legalizado do Benfica é mais poderoso, passe o pleonasmo, do que o poder "ilegal" do Porto dos anos 90.

Se, além disto, o #EstadoLampiânico também obtiver poder através de formas ilegais, então aí, é o poder total, inexpugnável, hegemónico. No momento da decisão, seja do árbitro a apitar dentro do campo, do legislador a castigar fora dele ou do jornalista a escrever uma crítica, o "poderoso" vai ser sempre, sempre, protegido.

O Sporting assumiu a luta contra o poder do Benfica desde que BdC tomou posse como presidente do Sporting e fê-lo, constantemente, sozinho. Todos nós nos lembramos do "almoço de leitão", no auge da afirmação de BdC enquanto presidente do Sporting, quando este era o único que defendia a continuidade do então presidente da Liga, Mário Figueiredo... O Porto, e já ouvi várias teorias sobre isto, tem assumido ultimamente sempre um papel defensivo e de resguarda nesta luta pelo "poder" do futebol português. Além de umas bocas pontuais, o Porto dos últimos anos não tem participado activamente nessa luta. Até há poucos meses...

Na minha ideia, o Porto percebeu que "isto" mudou. O pouco poder que lhes restava esvaiu-se-lhe por entre os dedos. Basta ver a forma como até os próprios árbitros da cidade do Porto já não têm daqueles 'erros' inacreditáveis a favor deles e, pior, cometem até erros contra a equipa do Porto.

O encontro público de ontem entre os directores de comunicação do Sporting e Porto é, antes de mais nada, uma exibição pública de "poder". Cuidado, a partir de agora, nada vai ser como dantes. Já não vai ser apenas o louco BdC a vociferar contra os moinhos de vento do #EstadoLampiânico, nós, Porto, também vamos começar a gritar. Contra árbitros, jornalistas, dirigentes de clubes, Federação, Liga... é ler os pontos do comunicado. Tudo spot on. Concordo com todas.

Uma das maiores críticas que se fazia a BdC e à sua estratégia era, precisamente, de se ter isolado e combatido demasiadas batalhas sozinho. Que melhor adversário poderia ter senão o clube mais vitorioso (e poderoso) dos últimos 30 anos?

Agora, é verdade - tenho de o admitir - que me custa muito, demasiado, ver esta união de forças. Não a tinha percebido, tal como me parece que estou a entende-la hoje, quando ouvi falar sobre isto ontem à noite e fiquei pior que fodido. Eu li o livro do Marinho Neves "Golpe de Estádio", lembro-me ainda do Porto dos finais dos anos 90 e não esquecerei os roubos protagonizados por personagens do "Apito Dourado" ao Sporting. Mas ao ler as propostas do dito comunicado de hoje, esqueço-me. E, de certeza, vou me lembrar deles, dos roubos do "Apito Dourado", outra vez daqui a alguns dias. E depois esquecer-me-ei novamente quando sair o castigo do Samaris após o campeonato terminar. E vai ser assim durante os próximos tempos, com a consciência a balançar entre o "sistema" do passado e o "sistema" do presente. Odeio ambos com a mesma revolta mas o facto de ter sido o dir. comunicação do Porto a deslocar-se a Lisboa e não o contrário, dá-me alguma vontade de esquecer o passado. Até ver.»
(Captomente, in "Com que joga o Sporting?")


O meu forte aplauso para este imperdível postal de Captomente, do blog leonino "Com quem joga o Sporting?"!...

É importante, a par da cultura de vitória que a fantástica nação leonina terá de começar urgentemente a adquirir e a interiorizar, lançar as sementes do realismo à terra e, de forma inteligente e delicadamente carinhosa, ir ajudando na sua germinação e crescimento, para que um dia possamos admirar uma formidável e pujante seara verde, do tamanho de nossa ambição. Sem que alguma vez necessitemos de hipotecar a nossa dignidade ou vender a alma ao diabo, mas conscientes de que com romantismos bacôcos nunca lá chegaremos!...

"Romantico ma non troppo"!...

Leoninamente,
Até à próxima

6 comentários:

  1. Depois das histórias de BdC combatendo os seus inúmeros inimigos chega-nos esta linda canção de embalar interpretada em dueto com o FCP que, assim de repente, se terá tornado uma instuição em que nós sportinguistas podemos confiar.

    Apetece perguntar ao João Moutinho o que pensa sobre o assunto.

    Isto, claro, quando aumenta a pressão para as direções do SCP e FCP justificarem as respectivas épocas desportivas falhadas e para quem de direito assumir responsabilidades.

    Nós não queremos mais histórias da treta. Queremos é que o Sporting vença competições. É mas é hora de (re)organisar a equipa para que vença jogos idealmente praticando bom futebol.

    Porque a paciência tem limites!

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  2. Pois, caro anónimo, mas uma coisa nada tem a ver com a outra porque mesmo tendo uma boa equipa e praticando bom futebol, como na época passada, sob o sistema dominado pelo "Polvo" não ganharás nada. Nunca.
    Tal como há décadas atrás o Tal Pinto descobriu que ....de modo legitimo e legal, não conseguiriam nunca alcançar qualquer título mesmo que tivessem uma equipa superior. Anos a fio.E percebeu que era imperioso criar uma teia de influências mafiosas que gerasse poder e obrigasse ao respeito pela instituição FCP. Aí nasceu o sistema do apito. Daí a correcção da análise de "Captomente" quando defende que "o "poder" legalizado do Benfica é mais poderoso, passe o pleonasmo, do que o poder "ilegal" do Porto dos anos 90". E realmente como você defende também o sistema do "apito", paralelamente, numa hábil e competente gestão criou equipas competentes em campo, sólidas e muito competitivas para vencer, depois de removidos os obstáculos a esse designo, o poder do "Polvo". E repare, inteligentemente Fê-lo sempre sem prejudicar directamente o poderoso e influente Benfica. Naquele tempo o Benfica não se sentia perseguido pelo "sistema do Apito" basta recordar as palavras de L. F. Vieira daquela época que arrogava, perante mais uma revolta e indignação de Dias da Cunha, "se ele diz que há um sistema que o prove". O sistema do "Apito" nunca afrontou directa ou significativamente o "Polvo", limitou-se a garantir um contrapoder a Norte e a possibilidade de o FCP poder vencer competições com equipas competentes. Daí concordar consigo: temos que ter equipas e futebol competente para vencer. Mas torna-se imprescindível, por outro lado garantir que o sistema do "Polvo" não interferirá na verdade desportiva, por vias "inquinadas e repugnantes.

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  3. Grandes tempos os dos irmãos Calheiros, dos quinhentinhos, da fruta e das noitadas de sexo com prostitutas pagas pelo pintinho da costa. Estão mal habituados e vão ter de se habituar quer queiram quer não. O polvo azul acabou.

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  4. Vivó polvo vermelho, vivó!
    Grandes tempos estes os dos "pode ser Ferreira, capelas, Gomes, veríssimos, paixões, talhantes, veríssimos, vouchers, CAs, CDs, guerras, gosmas silvas, brases, janelas,... uff, ind'agora comecei e já estou cansado!
    Grandes tempos estes em que a bola, se não entrar a pontapé, pois que entre à mão.

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    1. Por muito que queira equiparar o "polvo vermelho" (que dizem existir) com o polvo azul das ultimas 3 décadas não têm e muito dificilmente terão comparação, partindo do principio que tudo aquilo que dizem sobre o Benfica é verdade. Se o "polvo vermelho" é assim tão devastador ganhando há 4 anos então não sei o que seria se fosse como o polvo azulado que dominou durante 3 décadas. Segundo não percebo porque ficou tão ofendido pelo meu comentário visto que este nem sequer mencionou o seu clube.

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    2. Não mencionou o seu clube porque se tratava de "Polvos", e o clube dele não está nem nem nunca esteve por aí. Mas mesmo assim não queira misturar as águas:Naquele tempo o Benfica não se sentia perseguido pelo "sistema do Apito" basta recordar as palavras de L. F. Vieira daquela época que arrogava, perante mais uma revolta e indignação de Dias da Cunha, "se ele diz que há um sistema que o prove". O Benfica nunca foi prejudicado pelo "sistema do apito", nem nunca o denunciou...

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