FÁTIMA NO CAMINHO DE UM AGNÓSTICO
«Ao ver agora o excelente Fátima, de João Canijo, com interpretações inesquecíveis – Rita Blanco e Anabela Moreira são sublimes – recordei a minha ligação familiar à Cova da Iria.
O meu pai tinha um amigo, António Ramalho, que foi o maior adepto de caminhadas que conheci. Com eles, andei por toda a região da Grande Lisboa e não só: uma subida ao ponto mais alto da serra da Arrábida e depois a descida até Sesimbra, com um cenário deslumbrante, ficaram-me especialmente na memória. E sofri um bocado, em 1957, quando eles decidiram ir de Oeiras a Fátima a pé e não me quiseram levar, por ter só 11 anos e recearem que eu não aguentasse os 150 quilómetros de percurso que queriam fazer, e conseguiram, em três dias. Acabei por ir de carro para o Santuário, com outros familiares também devotos da Senhora.
A ligação do escriba à Igreja católica começara com a primeira comunhão, o crisma e a comunhão solene, em Canas de Senhorim – onde ajudei à missa centenas de vezes – e continuaria nos anos 60, quando frequentei a Escola Salesiana do Estoril. Hoje, penso que seria ainda capaz de chegar a Fátima em três dias, mas é demasiado tarde: o tempo e muitas desilusões fizeram de mim agnóstico, embora um agnóstico fiel ao seu passado e que procurará, até ao fim, um sinal da existência de Deus. E a possibilidade de um dia me poder reencontrar com a minha filha Teresa… quem sabe?»
(Alexandre Pais, Quinta do Careca, in Record)
«Ao ver agora o excelente Fátima, de João Canijo, com interpretações inesquecíveis – Rita Blanco e Anabela Moreira são sublimes – recordei a minha ligação familiar à Cova da Iria.
O meu pai tinha um amigo, António Ramalho, que foi o maior adepto de caminhadas que conheci. Com eles, andei por toda a região da Grande Lisboa e não só: uma subida ao ponto mais alto da serra da Arrábida e depois a descida até Sesimbra, com um cenário deslumbrante, ficaram-me especialmente na memória. E sofri um bocado, em 1957, quando eles decidiram ir de Oeiras a Fátima a pé e não me quiseram levar, por ter só 11 anos e recearem que eu não aguentasse os 150 quilómetros de percurso que queriam fazer, e conseguiram, em três dias. Acabei por ir de carro para o Santuário, com outros familiares também devotos da Senhora.
A ligação do escriba à Igreja católica começara com a primeira comunhão, o crisma e a comunhão solene, em Canas de Senhorim – onde ajudei à missa centenas de vezes – e continuaria nos anos 60, quando frequentei a Escola Salesiana do Estoril. Hoje, penso que seria ainda capaz de chegar a Fátima em três dias, mas é demasiado tarde: o tempo e muitas desilusões fizeram de mim agnóstico, embora um agnóstico fiel ao seu passado e que procurará, até ao fim, um sinal da existência de Deus. E a possibilidade de um dia me poder reencontrar com a minha filha Teresa… quem sabe?»
Há coisas mais importantes na nossa vida que um jogo de futebol, ou os desgostos com que eventualmente o nosso clube nos possa estraçalhar a alma. É por isso que, como agnóstico militante, mas incapaz de fugir à obrigação de longas esperas que já tive de suportar na Cova da Iria, por mor da fé da minha excelentíssima e mesmo trocando as caminhadas por confortáveis passeios que sempre acabam por desaguar em Pombal, no Manjar do Marquês, compreendo bem a luta de sentimentos de Alexandre Pais.
Para ele um forte abraço de solidariedade nas suas recordações...
Há sempre um ponto de união entre homens de bem!...
Leoninamente,
Até à próxima
Para ele um forte abraço de solidariedade nas suas recordações...
Há sempre um ponto de união entre homens de bem!...
Leoninamente,
Até à próxima
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