Qual debate morno, qual carapuça !!!...

Um só ideal !...

Morno, sem novidades, sem nomes de investidores, técnicos ou atletas, com elevação e num surpreendente e inusitado bom ambiente entre os três candidatos! Foi assim de um modo geral que a crítica dos jornais desportivos reagiu ao debate de ontem entre os três candidatos às eleições do Sporting.

Pois o que os pasquins prefeririam era um debate bem quente, com nomes de financiadores, treinadores e atletas descobertos miraculosamente pelo mundo inteiro e convidados a peso de ouro para engrossar a legião que passeia por Alvalade, derretendo a sustentabilidade do Clube e aumentando a carga da dívida. Prefeririam uma sessão de peixeirada que lhes alimentasse as primeiras páginas e pintasse os interiores e distraísse os adeptos de outros clubes, do ambiente de cortar à faca que reina cá pelo Norte e do medo atroz de perder Jorge Jesus que grassa por esse vale do Tejo fora, para já não falar na mais recente "chicotada psicológica" dos 80 milhões da melhor gestão do mundo.

Como a elevação e a cordialidade foram patentes e bem visíveis, como o realismo e a reserva natural perante o melindre da situação do Clube, tomou conta da consciência de cada candidato, a coisa foi morna e sem sal, quase sem motivos de interesse. Sangue é o que esta gente deseja. Mas se calhar das feridas do Sporting já não escorre o líquido vital e adivinha-se um bendito processo de cicatrização que todos os candidatos parecem desejar.

Não teve o mínimo interesse para uma comunicação social àvida de "bombas atómicas", a declaração de todos os candidatos de uma aceitação civilizada dos resultados que as eleições determinarem e da sua intenção de unidade para os dias que se seguirem. Isso nem lhes interessa. Assim como não lhes interessa analisar os indicadores de cada um deles, sobre a característica mais importante para o Sporting neste momento difícil da sua história: a capacidade de liderança, a capacidade de fazer face à derrocada económica e financeira em que Godinho Lopes vai deixar o Sporting, a capacidade de reorganizar toda a estrutura do Clube e de alcançar a tão desejada sustentabilidade. Tudo isso foi ali dito, tudo isso foi ali abordado e tudo isso foi ali mostrado pelos três candidatos. Os sportinguistas hão-de ter percebido muito bem qual dos caminhos que ali ontem foram apontados será mais do seu agrado. Mas aquela franja da classe jornalística que faz as primeiras páginas e enche de palha os interiores dos jornalecos que temos, não viu nada disso. Pretendia uma coisa completamente diferente. Teve azar!...

E, ou muito me engano, ou voltará a ter azar amanhã, no segundo e derradeiro debate, porque o clima que os candidatos ontem terão anunciado ao mundo, será porventura um clima onde impera a sã disputa da liderança do Sporting, através de uma clara apresentação de projectos individuais, sem que isso colida com a defesa dos superiores interesses do Clube, nem signifique o mínimo desrespeito pelo passado e pensamento de cada um dos seus opositores. Um bom tema de reflexão para todos os sportinguistas que ultimamente se têm afastado dos sagrados valores e princípios leoninos, alinhando em campanhas deliberadas tendentes a provocar, de forma tendenciosa, caluniosa e indigna, a divisão entre a grande família sportinguista. Que para todos fique o exemplo dado ontem pelos  candidatos e dignos leões que são Carlos Severino, Bruno de Carvalho e José Couceiro!...

 

Leoninamente,

Até á próxima