«... Quando saí, deixei o clube sem dívidas, com passivo zero, jogadores valorizados zero, estádio valorizado zero, tudo a preço zero e nada reavaliado. Além disso, 300 mil metros quadrados de construção aprovada, o que em termos actuais e se o Sporting tivesse sido administrado como deve ser, faziam dele hoje um dos maiores clubes da Europa. Só nesses 300 mil metros quadrados tinha um valor de 120 milhões de contos... Eu saí. Não podia ficar, porque tinha uma doença grave. Nos últimos dois anos, já assistia deitado às reuniões da direcção. Só bebia leite e um médico americano disse-me que eu tinha de decidir entre a morte e o Sporting. Eu queria viver mais alguns anos e saí. Depois, o passivo foi aumentando ao longo dos anos, até que chegou José Roquette com o seu projecto. O Projecto Roquette liquidou o Sporting. Ninguém soube o que era o projecto, porque ele não dizia. Sabia-se, apenas, que era uma dezena de sociedades, dirigentes e funcionários superiores a ganhar centenas de milhares de contos. O projecto foi reduzir os sócios de mais de 100 mil para pouco mais de 30 mil, foi acabar com as modalidades amadoras, foi vender património, foram dezenas e dezenas de milhões de contos de prejuízo que não aparecem nos resultados...»
E o Projecto Roquette ainda está instalado no Sporting, agora que João Rocha já não está mais entre nós. Mas será que um plano assassino, terá tanta força assim?! Será que nem uma triste semente do nobre ideal sportinguista de João Rocha, terá ficado descuidadamente esquecida em qualquer torrão do património que nos resta?! Não pode ser! Não acredito!...
Não acredito que, mesmo num desgraçado universo de pouco mais de 30 mil almas crentes e pagantes, não haja quem ainda sinta pulsar dentro de si os ideais de José Alvalade e João Rocha. Não acredito que, mesmo que seja esta a última oportunidade, os sportinguistas não agarrem esta derradeira chance de cuidar dessa semente do nobre ideal sportinguista e lhe permitam voltar a germinar e a crescer saudável e pujante. Se for preciso mudar-lhe a terra onde se encontra em profunda hibernação, que se mude. Se for preciso escolher um jardineiro diferente dos até aqui descuidados tratadores, que se escolha. Se for preciso regá-la e alimentá-la com desvelo e carinho, que isso se faça. Se for preciso que os sportinguistas voltem a ser capazes da galvanização e empolgamento como João Rocha nos mostrou ser possível e nos deixou em legado, que voltem, em força, juntos, unidos e disparem de novo para as 100 mil ou mais, almas crentes e pagantes. Ai do Sporting se não formos capazes de compreender a importância do momento que passa.
Leoninamente,
Até à próxima
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