A condição humana e o sportinguismo

Hannah Arendt

Faltam apenas dois dias para o final da campanha. E a julgar pelas palavras de Bruno de Carvalho hoje, na entrevista que concedeu à Antena1, andará no ar algum fumo que poderá prenunciar, ao contrário da convicção que me sobrou do debate de ontem, algum fogo muito capaz de se tornar visível no último debate de amanhã na RTP. Lamentá-lo-ia, muito sinceramente. Mas os meu poderes estão muito para além dos 5 votos que já enderecei. 

Hoje, numa breve passagem que fiz por uma rede social, deparei com um curiosíssimo comentário de Valter L. sobre um texto publicado num conhecido e visionário blog, mais ou menos neste termos:

 

- D. G., caga completamente nesse blog... É anti-Bruno total, apesar de irem tentado depois disfarçar, o objectivo é difamar o Bruno ao máximo. Sabes, é que a partir de dia 24 acabam-se as fontes para certos blogs e páginas, acabam-se certos tachos, e então há muita gente que está em desespero para tentar evitar a vitória do Bruno.

 

O comentário de Valter L continua ainda a martelar-me na cabeça. E quanto mais penso nele, mais me convenço de que terá a razão toda pelo seu lado. Só assim se compreendem as surpreendentes inflexões a que venho assistindo por essa blogosfera, por parte de alguns sportinguistas que eu julgava adeptos de um outro rumo para o Sporting. E as interrogações que a mim próprio coloco, sobre as causas que estarão na origem da surpreendente rejeição de um projecto de mudança há tanto reclamado para o Sporting, estarão quase de certeza contidas no sábio comentário de Valter L..

É complexo e porventura extremamente difícil de compreender o universo leonino. Com quase dois anos de "estágio" neste mundo que me fascina, começo agora a compreender que o anjinho serei eu, que continuo romanticamente a julgar todos por mim. Há muitos anos que abandonei de forma irreversível a minha militância partidária de esquerda, convicta e lutadora. Lambendo feridas e prejuízos de tanta ordem, virei espectador atento e crítico. Sempre crítico mas afastado, metido comigo mesmo. Depois, a minha leoninidade empurrou-me para esta trincheira, onde pensei estar a salvo da lama que vira no outro campo. Começo a chegar à conclusão que o defeito estará na condição humana e nunca no campo que possamos escolher, ou da bandeira que transportemos.

Que amanhã possamos continuar a assistir à elevação e urbanidade que ontem aplaudi.

 

Leoninamente,

Até á próxima