quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O Sporting foi o grande triunfador da janela de mercado que ontem encerrou! Ponto final!...


UM SPORTING MAIS FORTE

«Há pelo menos meia dúzia de anos que se ouve a mesma lengalenga: O mercado não pode estar aberto até ao final de Agosto, é um transtorno para definir as equipas, não há sossego para os treinadores, alguns jogadores renegados sofrem horrores, a outros sai ou a sorte grande ou pelo menos um bom prémio. Mas não adianta tanto esbracejar, as coisas são o que são e não vão mudar. No negócio do futebol esta componente de entradas e saídas, o dinheiro movimentado com a meta à vista – tal como sucederá embora em menor escala no chamado mercado de Inverno – é parte da coreografia destes tempos. Há demasiados interesses e demasiados interessados em manter a situação. É certo que poderia haver o bom senso de não deixar tudo para o fim, por exemplo o processo administrativo, se nele incluirmos exames médicos aos jogadores, está no domínio do ridículo e, no momento em que escrevo, não estamos livres de situações risíveis como as que aconteceram o ano passado com o Real Madrid e David de Gea. Lembra-se, caro leitor? 

Este é o quadro geral. No panorama português o clube do ano, nas entradas e saídas com impacto, é o Sporting e esse é um dado novo. Não estamos a falar de um tempo recente em que, sem vender ninguém, logo sem gerar receita, todos os anos entrava um grupo significativo de jogadores em Alvalade. O facto significa que o clube mudou de patamar e está nesta fase onde nas temporadas anteriores estiveram Porto e Benfica, que tendo colocado vários jogadores foram incapazes de fazer qualquer grande negócio, facto especialmente penalizador no caso do Benfica.

Esta época o Sporting perde dois dos seus cinco jogadores nucleares – João Mário e Slimani (ficam Adrien, Patrício e William). Mesmo que Adrien saísse, e até ao fim da noite parecia que Leicester era o destino, o Sporting estaria sempre forte. Com o capitão fica mesmo muito forte. As chegadas do talentoso, embora instável, Markovic, do brasileiro Elias, a besta negra no arranque do mandato de Bruno de Carvalho, mas muito bom jogador, a ascensão de Gelson e as várias soluções para o ataque com destaque para Bas Dost e Joel Campbell vão permitir a Jorge Jesus armar uma equipa consistente e capaz de lutar pelos títulos internos. A Europa é sempre outro tema. 

Levará algum tempo, esse é o risco, mas também neste caso o treinador seguiu a sua cartilha: a maioria dos reforços são jogadores feitos, tarimbados em ligas competitivas e que Jesus segue há anos. Apesar do padrão JJ não será justo acusá-lo de ter remetido a formação a um estatuto de irrelevância – afinal com ele chegaram à equipa Rúben Semedo e agora Gelson Martins – mesmo que custe ver um talento como Iuri Medeiros e outro como Podence longe de casa trocados, nalguns casos, por jogadores que não é garantido que acrescentem ao plantel.

Portugal em festa e a sério

Com a sorte que Deus lhe deu, Fernando Santos e os jogadores campeões da europeus têm esta noite um encontro de celebração com a modesta equipa de Gibraltar e não um jogo a sério na qualificação para o Mundial da Rússia. Ainda bem porque é impossível, mesmo que todos digam, incluindo o seleccionador, que a agitação no mercado não sobressaltou, a equipa e em especial Rafa e Adrien. Só pode ter sobressaltado. Na Suíça as cabeças estarão limpas e Portugal, mesmo sem Ronaldo, entra como favorito contra um adversário que sendo uma equipa média torna-se dura quando joga em casa. Há outro ponto que merece reflexão e sobre o qual o discurso oficial é apenas isso. Claro que o panorama mudou. Portugal é agora o adversário a abater, ganhou estatuto. Não vale a pena dizer que está tudo como estava. Fernando Santos sabe-o bem. 

Benfica

O Benfica é o grande perdedor do mercado, não pelas compras que fez, mas pelas vendas que não concretizou. Os jogadores colocados, como Carcela ou mesmo Talisca, não renderam dinheiro que se visse. Salvio foi uma miragem, Carrillo era uma carta que só seria jogada numa situação altamente favorável. Neste contexto até Rafa – e no momento que escrevo as informações de que disponho é que ele é, enfim, do Benfica – pode ser um jogador a mais. Não pelo talento, claro, mas tendo em conta as várias alternativas. 

Porto

O Porto precisava de se reforçar e fê-lo cirurgicamente. Ao plantel faltam soluções alternativas – Mangala teria sido excelente, Brahimi não ter saído também pode vir a significar um reforço de alto calibre se todos estiverem de acordo. O clube precisava de uma base e essa base está encontrada. O que Nuno Espírito Santo fez em dois meses, incluindo o que teve que desfazer, merece nota elevada. O mercado talvez esteja mais favorável em Dezembro.»
(Nuno Santos, Ângulo Inverso, in Record)

Quem gostar da grónica de Nuno Santos, releia e volte a reler. Quem não gostar, que ponha na borda do prato! Por mim, gostei e muito! Talvez porque subscrevo inteiramente o pensamento expresso pelo autor.

O Sporting foi o grande triunfador da janela de mercado que ontem encerrou! Ponto final!...

Leoninamente,
Até à próxima

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