quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Ninguém é infalível, quanto mais o pobre umbigo de cada um!...



O POVO É SERENO

«As fortes convicções de Jorge Jesus, que o protegem do ziguezague dos humores dos adeptos e da imprensa, podem por vezes ser prejudiciais para os jogadores, não os protegendo nos seus piores momentos. Insiste em alguns jogadores ‘ad nauseam’ e só depois deles estarem com a sua autoconfiança arrasada pela consciência dos seus falhanços e pela desaprovação dos adeptos é que lhes dá descanso. Por vezes tarde demais. Temo que Markovic e Elias venham a ser vítimas desse processo. Foram duas contratações duvidosas, mas, tendo sido feitas, devem ser rentabilizadas. Não tem de ser primeiro tudo, quando obviamente não está a resultar, e depois nada, quando os jogadores estão esgotados na sua resistência ao erro.

Um tal de Rui Barreiro, que foi presidente da Câmara de Santarém e secretário de Estado das Florestas, com um historial de conflito de interesses como inspector do Ministério da Agricultura e de pagamentos indevidos como autarca, tem, como muitos políticos menores, o sonho de ser presidente de um grande clube. E por isso decidiu falar em nome dos sportinguistas, dizendo que eles não tolerarão estes resultados. Parece-me mais que há quem não tolere o anonimato e espere por cada derrota para se pôr em bicos de pé. Não se pede que o Sporting seja como o Porto, cujo treinador, depois de vencer o Arouca, parecia que tinha goleado o Barcelona e já se sentia um Mourinho, com direito a uma palestra teórica sobre filosofia futebolística avançada. Não se exige tão injustificada autoconfiança. Só é preciso não regressar à tradicional autoflagelação sportinguista, minando tudo por dentro e criando, ainda o campeonato vai no início, focos de instabilidade na equipa. Não o digo em nome dos adeptos. Ao contrário do tal Barreiro, não me julgo seu porta-voz. É mesmo em meu nome que apelo: organizem-se, que o povo é sereno.»

Enquanto avançava na leitura da crónica de Daniel Oliveira, que há muito nos habituou pela inteligência, argúcia, frontalidade, transparência e dignidade leonina que empresta aos seus textos, não fui capaz de resistir a estabelecer um paralelo com os antepenúltimo (LINK1) e último (LINK2) posts que aqui publiquei, dado o simples facto de ambos os textos envolverem conhecidos sportinguistas, sem que tal implique uma qualquer posição acrítica da minha parte ou de DO em relação à postura evidenciada por aqueles, relativamente ao Sporting.

Carlos Barbosa da Cruz, Bernardo Ribeiro e Rui Barreiro, cada um ao seu jeito e por caminhos aparentemente diferentes, perseguirão objectivos pouco claros e límpidos, bem longe da sintonia que a sua condição de sportinguistas levaria a supôr, senão mesmo, a desejar. 

Não julguem esses sportinguistas, que o meu coração me levaria, naturalmente, a apelidar de ilustres e respeitáveis, mas que a minha razão, concludentemente, me proíbe de sequer o admitir, que serão eles a levar o passo certo. Decididamente, não levam. Como alguns outros que por aí andarão pendurados nas árvores, disfarçados de leões. Uma coisa será o direito, natural, legítimo e democrático de discordar da linha "ideológica" e da praxis "política" do actual poder em Alvalade, outra coisa muito diferente será fazer oposição segundo os métodos usados pelos dois partidos da direita parlamentar mais retrógrada, estúpida e anti-patriótica da Europa, depois de também se verem, democraticamente, apeados do poder. A única coisa que conseguirão, para além do natural descrédito, será estabelecerem uma cada vez maior e abissal fractura com o "povo anónimo"!...

Mas recentrando-me no tema que despoletou a crónica de DO, comungo inteiramente a análise crítica que faz a Jorge Jesus, que melhor andaria se humildemente reconhecesse uma boa parte das culpas que lhe cabem no processo "ziguezagueante" do Sporting, em vez de, supostamente, ir tentando camuflar as suas "fortes convicções", sob a sombra do um infalível umbigo. 

Ninguém é infalível, quanto mais o pobre umbigo de cada um!...

Leoninamente,
Até à próxima  

1 comentário:

  1. Este não é o momento para mim para dizer o que penso de Jorge Jesus nem para falar da actualidade do Sporting. Soube há momentos que João Lobo Antunes (um sportinguista convicto de 72 anos) faleceu hoje e sendo este um lugar apropriado para homenagens a gente séria e com a devida autorização do meu amigo Álamo, gostaria de aqui deixar esse esboço de homenagem e as minhas sentidas condolências a toda a sua família que vai de irmãos, filhas e netos! À Dieu va!

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