"Cearense sentado à porta do mercantil vendo todo o mundo passando, cara, peito e pernas bem queimados por 12 meses de sol intenso em cada ano, cigarro ao canto da boca e bem atestado por geladas cervejinhas seguidas de umas cachacinhas para assentar. Eu abro a janela do carro e cumprimento como sempre, só que desta vez a Copa é obrigatória na saudação e a resposta não trouxe surpresa:
Êlis vim tudo québrado!...
[...] Para os brasileiros, incluindo imprensa e comentadores, fomos a anedota desta Copa. Uma das declarações que ouvi é de um humor de arrepiar português:
Vieram 23 e 12 se partiram, eram recauchutados sem garantia!...
No futebol, como em quase tudo em Portugal, continua tudo no lugar e a assobiar para o lado. Força, Conquistadores, tugas aguentam tudo!..."
(Alberto do Rosário, Bilhar Grande, in Record)
Êlis vim tudo québrado!...
[...] Para os brasileiros, incluindo imprensa e comentadores, fomos a anedota desta Copa. Uma das declarações que ouvi é de um humor de arrepiar português:
Vieram 23 e 12 se partiram, eram recauchutados sem garantia!...
No futebol, como em quase tudo em Portugal, continua tudo no lugar e a assobiar para o lado. Força, Conquistadores, tugas aguentam tudo!..."
(Alberto do Rosário, Bilhar Grande, in Record)
Ainda sou do tempo em que entre um "Jaquim português" no Brasil e um "compadre alentejano" em Portugal, apenas havia uma linha muito ténue que os separava, nos anedotários de lá e de cá!...
Depois Chico Buarque, de coração amordaçado por uma "saudável inveja", escreveu e cantou, de lágrimas nos olhos, a nossa carta de alforria:
"Sei que estás em festa, pá/Fico contente/E enquanto estou ausente/Guarda um cravo para mim.
Eu queria estar na festa, pá/Com a tua gente/E colher pessoalmente/Uma flor no teu jardim.
Sei que há léguas a nos separar/Tanto mar, tanto mar/Sei, também, quanto é preciso, pá/Navegar, navegar...
Lá faz primavera, pá/Cá estou doente/Manda urgentemente/Algum cheirinho de alecrim...".
Mandámos o cheiriinho e o alecrim! Eles agradeceram e fizeram-se à vida, por lá e por cá, porque muitos vieram até nós, ao inverso dos nossos avós.
Por cá fomos deixando estiolar e morrer, sem água ou alimento e infestado de ervas daninhas, o alecrim que Buarque havia pedido com urgência e que por lá foi florescendo.
Agora voltámos lá, levados, levados sim, pela voz do som tremendo das tubas, clamor sem fim. E lá fomos, que o sonho era lindo!Torres e torres erguendo, rasgões, clareiras, abrindo... mai-lo Bento e os seus perversos "ããããã... ããããã"!...
Desfilámos, de nariz empinado, escrevinhando aqui e ali autógrafos, e acenando nus como o outro rei, para os peitos pujantes de mocinhas vestidas de canarinhas, mas com juras de amor eterno aos ronaldos...
Mas no meio da turba, calmo e sereno, mas estupefacto, o cearense, de cigarro ao canto da boca e bem atestado de cervejinhas, diagnosticou: "óli, êlis vim tudo quebrado" !...
E lá longe, numa esplanada do Leblon, em roda de amigos, alguém contou, como antigamente, uma anedota de portugueses: "Vieram 23 e 12 se partiram, eram recauchutados sem garantia!...
Oh Gomes, oh Bento, vão dar uma volta! Chega de anedotas sobre nós !!!...
Leoninamente,
Até á próxima
Assisti ao Argélia - Alemanha e só pensava:
ResponderEliminarTão limitado que és, Paulo Bento!
... e também muito coerente:
Ontem, na TVI:
Primeiro:
"Levei aqueles que lutaram para nos pôr no Brasil. Não sou ingrato"
Depois:
"Não dou prêmios de carreira, a ninguém"
Tristeza...
SL
Amigo "8", começa a nascer em mim uma convicção tremenda de que j´´a não será apenas a "esfíngica figura plantada em Belém" que andará com uma carga de senilidade em cima dele que nem se atura!... Há quem seja bem mais novo e estará já no limiar do mesmo estado! Coitado!!!...
EliminarSL