José Morais, treinador do Jeonbuk, partilha as histórias da sua carreira (LINK)
«Escrevo esta primeira crónica de 2020 desde a Coreia do Sul, um dos epicentros da crise de saúde e de segurança públicas que entretanto afectou todo o planeta. Apesar de todos continuarmos assustados, a verdade é que a gravidade da situação parece, finalmente, estar numa curva descendente, com o número de pessoas curadas diariamente a ultrapassar o número de novos casos de infectados.
Uma das principais características do povo coreano é o respeito pela autoridade e, neste caso, isso tem sido bem notório: desde o início da epidemia (que entretanto passou a pandemia) que as pessoas têm seguido à risca as instruções dadas pelo governo e pelas autoridades de saúde. A primeira dessas instruções foi o 'recolhimento social' aconselhado desde logo e que resultou numa redução abrupta do número de pessoas nas ruas, algo que se mantém até hoje: só sai de casa quem precisa absolutamente de o fazer, seja para fazer abastecimento nos supermercados, seja para ir ao hospital.
Para além desta medida, outras foram aplicadas com sucesso: a medição da temperatura de todos à entrada de espaços fechados, como centros comerciais; uma efectiva 'tracking down' do percurso de todos os infectados, informando publicamente quais os locais estes estiveram e "convidando" quem aí esteve em determinado dia ou em contacto directo com os doentes a realizar os testes de despiste e a entrar de imediato em quarentena; e, por último, destaco a existência de um sistema de informação online muito prático e claro no qual todos podem saber, ao segundo, o número de casos positivos e a sua localização no país, o número de casos suspeitos, de testes realizados e o número de pessoas que têm alta.
Este sistema tem ajudado à credibilização das autoridades e certamente contribuído para que a população acate e respeite as indicações que entretanto são dadas e que, ao dia de hoje, parecem ter facilitado a que a Coreia do Sul tenha conseguido inverter a tendência de propagação do vírus. Já se fala, lentamente, no retorno à "normalidade" – seja o que isso for, porque, de facto, acredito que muito deverá mudar no que, até há pouco tempo, era considerado "normal".
Em termos de futebol, parou tudo há algumas semanas na Coreia, com o adiamento da Liga até, em princípio, Abril. Esta tomada de posição foi absolutamente correcta e feita para protecção de todos, mas infelizmente não foi acompanhada pela AFC que permitiu a realização de vários jogos da Liga dos Campeões Asiática, distorcendo a competição. Neste momento há clubes com dois jogos realizados na fase de grupos enquanto outros, do mesmo grupo, ainda nem sequer começaram. A acrescentar à falta de segurança e de consideração pela saúde públicas, esta decisão acabou por também não proteger o jogo e a competição.
Entretanto, dada a situação global do país, dei uma semana de descanso aos jogadores, para que possam estar em isolamento e, ao regressar, fazermos uma espécie de continuação da pré-época, melhorando a condição física de cada um e a qualidade de jogo da equipa, com elevado foco no aspecto mental. O susto tem sido grande e é importante reencontrar o foco rapidamente, encontrando rotinas que nos permitam ultrapassar esta 'crise' com vitórias. E por falar em rotinas: a medição da temperatura de todos à entrada do Centro de Treinos, os cumprimentos de mão fechada ou com o cotovelo e a proibição de mais do que um jogador beber da mesma garrafa já entraram na nossa "normalidade".
Depois, há que esperar que as condições de segurança para que os adeptos possam regressar aos estádios estejam garantidas para que possamos regressar aos jogos... E às vitórias.»
«Escrevo esta primeira crónica de 2020 desde a Coreia do Sul, um dos epicentros da crise de saúde e de segurança públicas que entretanto afectou todo o planeta. Apesar de todos continuarmos assustados, a verdade é que a gravidade da situação parece, finalmente, estar numa curva descendente, com o número de pessoas curadas diariamente a ultrapassar o número de novos casos de infectados.
Uma das principais características do povo coreano é o respeito pela autoridade e, neste caso, isso tem sido bem notório: desde o início da epidemia (que entretanto passou a pandemia) que as pessoas têm seguido à risca as instruções dadas pelo governo e pelas autoridades de saúde. A primeira dessas instruções foi o 'recolhimento social' aconselhado desde logo e que resultou numa redução abrupta do número de pessoas nas ruas, algo que se mantém até hoje: só sai de casa quem precisa absolutamente de o fazer, seja para fazer abastecimento nos supermercados, seja para ir ao hospital.
Para além desta medida, outras foram aplicadas com sucesso: a medição da temperatura de todos à entrada de espaços fechados, como centros comerciais; uma efectiva 'tracking down' do percurso de todos os infectados, informando publicamente quais os locais estes estiveram e "convidando" quem aí esteve em determinado dia ou em contacto directo com os doentes a realizar os testes de despiste e a entrar de imediato em quarentena; e, por último, destaco a existência de um sistema de informação online muito prático e claro no qual todos podem saber, ao segundo, o número de casos positivos e a sua localização no país, o número de casos suspeitos, de testes realizados e o número de pessoas que têm alta.
Este sistema tem ajudado à credibilização das autoridades e certamente contribuído para que a população acate e respeite as indicações que entretanto são dadas e que, ao dia de hoje, parecem ter facilitado a que a Coreia do Sul tenha conseguido inverter a tendência de propagação do vírus. Já se fala, lentamente, no retorno à "normalidade" – seja o que isso for, porque, de facto, acredito que muito deverá mudar no que, até há pouco tempo, era considerado "normal".
Em termos de futebol, parou tudo há algumas semanas na Coreia, com o adiamento da Liga até, em princípio, Abril. Esta tomada de posição foi absolutamente correcta e feita para protecção de todos, mas infelizmente não foi acompanhada pela AFC que permitiu a realização de vários jogos da Liga dos Campeões Asiática, distorcendo a competição. Neste momento há clubes com dois jogos realizados na fase de grupos enquanto outros, do mesmo grupo, ainda nem sequer começaram. A acrescentar à falta de segurança e de consideração pela saúde públicas, esta decisão acabou por também não proteger o jogo e a competição.
Entretanto, dada a situação global do país, dei uma semana de descanso aos jogadores, para que possam estar em isolamento e, ao regressar, fazermos uma espécie de continuação da pré-época, melhorando a condição física de cada um e a qualidade de jogo da equipa, com elevado foco no aspecto mental. O susto tem sido grande e é importante reencontrar o foco rapidamente, encontrando rotinas que nos permitam ultrapassar esta 'crise' com vitórias. E por falar em rotinas: a medição da temperatura de todos à entrada do Centro de Treinos, os cumprimentos de mão fechada ou com o cotovelo e a proibição de mais do que um jogador beber da mesma garrafa já entraram na nossa "normalidade".
Depois, há que esperar que as condições de segurança para que os adeptos possam regressar aos estádios estejam garantidas para que possamos regressar aos jogos... E às vitórias.»
Comparar a Coreia do Sul com Portugal, será... comparar o incomparável! O general Sertório, há mais de dois mil anos, definiu os portugueses como até hoje ninguém ainda terá conseguido...
"Um Povo que nem se governa, nem se deixa governar"!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
"Um Povo que nem se governa, nem se deixa governar"!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
Ou terá sido um tal de Galba que produziu tal comentário? Uhm? É que os "hamens" desta vida voltam sempre para nos atormentar! Sem ressentimentos!
ResponderEliminarJosé Manuel David
Haverá diferentes versões sobre o general a quem foi atribuída essa mensagem enviada ao imperador Júlio César. Galba será uma delas, mas o nome de Sertório, que mais tarde, por uma mera questão de saias, se 'passaria' de armas e bagagens para os Lusitanos, também aparece referido e todo o 'tuga' que se preze, gosta sempre de puxar a brasa para a sua sardinha! Obviamente que sem ressentimentos, caro José Manuel David. Bem nos bastarão outras diferenças mais importantes para cada um de nós. E até essas nós seremos capazes, um dia destes, de ultrapassar. SL
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