domingo, 22 de março de 2020

Escroques!!!...


O mundo dos maluquinhos é o da fantasia


«Em Itália e em Espanha, os mortos diários pelo coronavírus são às centenas neste final de Março – no sábado, 651 e 347, respectivamente – e alguns maluquinhos da bola continuam em negação. Nem a dureza da realidade os acorda lá no mundo imaginário onde vivem. O presidente da Liga espanhola, Javier Tebas, adiantou os meados de Maio – realizando a partir daí quatro jogos em 10 dias! – para prosseguir o campeonato. Como se em seis ou sete semanas se estancasse a tragédia e se reunissem ainda as condições – que vão do recomeço dos treinos até à capacidade de recrutar meios humanos num país devastado – para se poder jogar. Já os ingleses são mais "prudentes" na fantasia: apontam para 1 de Junho...

Por cá, Pedro Proença não fez melhor figura ao afirmar que "estamos na antecâmara de voltar com maior celeridade à normalidade das competições", olhando também para Maio como um peregrino olha para Fátima. Mas se o voluntarismo é dele, o respaldo vem da própria UEFA, onde a perda de milhares de milhões de euros ensandece os espíritos. Ao adiar o Europeu para 2021, Aleksander Ceferin libertou datas e levou as federações nacionais a aceitar "o compromisso de concluir todas as competições nacionais e europeias de clubes até 30 de Junho" ou até mais tarde, atrasando o início da temporada seguinte.

Esta visão de um mundo que já não existe é contrariada pelos números aterradores que castigam particularmente a Europa, e pela expectativa dos homens da ciência que o futebol desvaloriza: afinal, sabem lá esses doutores o que é fazer pressão alta ou baixar as linhas...

Uma das vozes antifantasistas que se ouviram no planeta Terra foi a do virologista alemão Jonas Schmidt-Chanasit, do Instituto Berhard-Nocht, de Hamburgo – e atenção que a Alemanha regista menos de meio por cento (!) de casos mortais entre os seus infectados – que não acredita que os campeonatos possam ser retomados em poucos meses. Adianta, mesmo, que isso só acontecerá em 2021, desmistificando em simultâneo a habilidade da realização dos chamados "jogos à porta fechada", que obrigariam à porta aberta das salas onde os adeptos se juntariam para assistir às partidas e propagar o vírus. Para dar de barato os treinos e as deslocações que os jogadores teriam de efectuar em conjunto, o que só poderá ocorrer quando o perigo de infecção estiver afastado de vez – e isso não sucederá tão cedo.

Sim, porque a catástrofe da covid-19 não se extinguirá com a diminuição dos casos e não existindo aquilo que Mark Woolhouse – professor de Epidemiologia na Universidade de Edimburgo – classifica como "estratégia de saída", o coronavírus regressará em força mal o afastamento social e as precauções sanitárias extremas forem abandonados. O Mundo precisa de uma vacina e não a terá antes de um ano. E quando a dúvida reside nas possibilidades de se poder desenvolver ou não a próxima época, os furiosos dramáticos julgam, ou querem que julguemos, que a partir de Maio ou Junho a alegria do povo – e fonte dos seus rendimentos – voltará. Se não são mentirosos, são tontos.»
(Alexandre Pais, Outra vez segunda-feira, in Record, hoje às 20:16)

Com a sua habitual bonomia, Alexandre Pais, sem lhes chamar mentirosos, chama-lhes tontos! Eu, que não serei 'flor que se cheire' e nem acredito no reino dos céus, chamar-lhes-ia...

Escroques!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

1 comentário:

  1. Leviandade, insensatez, estupidez?
    Será que os acontecimentos em Itália, Espanha, França e, agora, Inglaterra, não lhes chegam para aviso?
    Não estou a ver o Governo correr o risco de "borrar a pintura" no momento que, espero muito sinceramente, a epidemia esteja a ficar para trás, enquanto que nós começamos a lamber as feridas; nem estou a ver que raio de igualdade competitiva se defenderá quando, num mesmo campeonato, há equipas com um ou mais jogadores vítimas do contágio.

    Espero que o bom senso prevaleça, pois será imperdoável (e criminosa?) a regressão da situação que hoje vivemos.

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