Viver acima das possibilidades
«No futebol fala-se de milhões como quem fala de tostões. São 5 para aqui; 10 para ali e 20 para acolá. Na hora de comprar, de seduzir este ou aquele jogador ou treinador; de aumentar o ânimo dos sócios e adeptos... de uma forma ou de outra, com maior ou menor dificuldade, aparece sempre qualquer coisa para enganar o parolo.
A crise que todos atravessamos devido a esta maldita pandemia exigirá um enorme esforço de trabalhadores e empresas. Mas o que não se compreende é que, no meio de tantos milhões que rodeiam o futebol – pelo menos a julgar pela forma fácil como se dizem e fazem as coisas – haja clubes que comecem já a olhar para esta catástrofe como uma oportunidade de baixar os custos das respectivas ‘empresas’. Então mas se há três semanas havia dinheiro para ‘mundos e fundos’, como é que agora os ordenados de Abril podem estar em causa?
Aceito que clubes e empresas comecem a pensar nos danos a longo prazo. Essa será, aliás, a acção mais responsável nesta altura. Mas Abril? A única explicação é que estamos a falar de clubes totalmente falidos bem antes de a Covid-19 ter entrado nas nossas vidas. E, usando uma expressão bem popular, "não há dinheiro, não há palhaços".
A crise que vivemos (e que vamos viver durante mais alguns meses) trará à tona o melhor e o pior das pessoas, empresas, instituições e clubes. Até agora, a resposta do futebol à tragédia tem sido globalmente exemplar. Temo é que, quando o dinheiro começar a falar mais alto, o vírus se transforme na ganância que há muitos (demasiados) anos consume o desporto. Desejo estar enganado. Para o bem de todos.»
(Alexandre Carvalho, Na Gaveta, in Record, hoje às 17:33)
Bem prega Frei Tomás!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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