Onde pára a OPA do Benfica?
«Já passaram mais de 100 dias desde que o Benfica anunciou a oferta pública de aquisição de ações da SAD e até os investidores começam a duvidar se vai mesmo avançar. A desconfiança transparece no facto de a cotação ter-se vindo a afastar dos 5,00 euros por ação que o clube oferece. Os títulos valiam 4,29 euros no fecho da sessão de ontem, menos 16,6% do que a contrapartida.
Nenhuma OPA é simples. Quando envolve um dos grandes do futebol português a complexidade cresce. Há pouco mais de um mês, a presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Gabriela Figueiredo Dias, dizia que a do Benfica "não é comparável com operações anteriores". Há vários aspetos que tornam singular. Desde logo o preço.
Os cinco euros oferecidos representaram um prémio inusitado de 81,15% face à cotação da SAD na bolsa. O racional, que não tem qualquer racionalidade financeira, é ser o mesmo preço a que as ações foram vendidas aos sócios na oferta pública de distribuição em 2001. A outra característica peculiar é que o oferente (clube) e a visada (SAD) confundem-se na sua estrutura e em quem nelas manda.
É uma OPA do Benfica sobre o Benfica. Quais os fluxos do dinheiro entre comprador e vendedor? Depois há o relacionamento entre os acionistas, cujos contornos só nas últimas semanas fomos conhecendo melhor. Uma das consequências do generoso prémio é que José António Santos, que entrou no capital da SAD em 2017, pode vir a ganhar até 11 milhões de euros com a OPA. Ficámos entretanto a saber que o "rei dos frangos", dono de 12,7% do capital do Benfica, é sócio de Luís Filipe Vieira em negócios imobiliários. E este domingo, pelo Expresso, que terá assumido a responsabilidade por uma dívida de 330 mil euros do presidente do Benfica ao Novo Banco, numa empresa de pneus da Amadora. Informações que adensam as dúvidas sobre as reais motivações de uma OPA com uma contrapartida tão ao jeito do dono da Valouro.
É terreno escorregadio e a CMVM usa o "catenaccio". A sua função é garantir que os investidores dispõem de toda a informação necessária e que todos são tratados de forma igual. É a reputação do "polícia" da bolsa que está em jogo. É por isso que o regulador tem pedido informação adicional ao Benfica, como de resto faz em todas as OPA.
Se há alguém responsável pelos graus adicionais de complexidade é Luís Filipe Vieira. São os seus negócios com José António Santos que certamente agora estão a obrigar a redobrada análise. O "rei dos frangos" não é só um acionista qualificado da SAD, é um parceiro de negócios do presidente do Benfica, o que introduz um potencial conflito de interesses que a CMVM tem de esclarecer. Para tentar fechar a questão, o dono da Valouro diz que "não vende" na OPA porque o preço é baixo. Vende a seguir mais caro?
Quem criou a expectativa sobre um processo rápido foi o Benfica, afirmando que a OPA estaria concluída até ao final do ano passado. A operação foi anunciada a 18 de Novembro, pelo que teria de ser feita num mês (até antes do Natal). Pura ilusão. As OPA estilo "cinco minutos à Benfica" não existem. Menos ainda quando têm as características desta.
É esperar e não desesperar. Mais semana, menos semana, a OPA deverá por certo ir avante.»
(André Veríssimo, director do jornal Negócios, Linha de Fundo, in Record, hoje ás 20:16)
«Já passaram mais de 100 dias desde que o Benfica anunciou a oferta pública de aquisição de ações da SAD e até os investidores começam a duvidar se vai mesmo avançar. A desconfiança transparece no facto de a cotação ter-se vindo a afastar dos 5,00 euros por ação que o clube oferece. Os títulos valiam 4,29 euros no fecho da sessão de ontem, menos 16,6% do que a contrapartida.
Nenhuma OPA é simples. Quando envolve um dos grandes do futebol português a complexidade cresce. Há pouco mais de um mês, a presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Gabriela Figueiredo Dias, dizia que a do Benfica "não é comparável com operações anteriores". Há vários aspetos que tornam singular. Desde logo o preço.
Os cinco euros oferecidos representaram um prémio inusitado de 81,15% face à cotação da SAD na bolsa. O racional, que não tem qualquer racionalidade financeira, é ser o mesmo preço a que as ações foram vendidas aos sócios na oferta pública de distribuição em 2001. A outra característica peculiar é que o oferente (clube) e a visada (SAD) confundem-se na sua estrutura e em quem nelas manda.
É uma OPA do Benfica sobre o Benfica. Quais os fluxos do dinheiro entre comprador e vendedor? Depois há o relacionamento entre os acionistas, cujos contornos só nas últimas semanas fomos conhecendo melhor. Uma das consequências do generoso prémio é que José António Santos, que entrou no capital da SAD em 2017, pode vir a ganhar até 11 milhões de euros com a OPA. Ficámos entretanto a saber que o "rei dos frangos", dono de 12,7% do capital do Benfica, é sócio de Luís Filipe Vieira em negócios imobiliários. E este domingo, pelo Expresso, que terá assumido a responsabilidade por uma dívida de 330 mil euros do presidente do Benfica ao Novo Banco, numa empresa de pneus da Amadora. Informações que adensam as dúvidas sobre as reais motivações de uma OPA com uma contrapartida tão ao jeito do dono da Valouro.
É terreno escorregadio e a CMVM usa o "catenaccio". A sua função é garantir que os investidores dispõem de toda a informação necessária e que todos são tratados de forma igual. É a reputação do "polícia" da bolsa que está em jogo. É por isso que o regulador tem pedido informação adicional ao Benfica, como de resto faz em todas as OPA.
Se há alguém responsável pelos graus adicionais de complexidade é Luís Filipe Vieira. São os seus negócios com José António Santos que certamente agora estão a obrigar a redobrada análise. O "rei dos frangos" não é só um acionista qualificado da SAD, é um parceiro de negócios do presidente do Benfica, o que introduz um potencial conflito de interesses que a CMVM tem de esclarecer. Para tentar fechar a questão, o dono da Valouro diz que "não vende" na OPA porque o preço é baixo. Vende a seguir mais caro?
Quem criou a expectativa sobre um processo rápido foi o Benfica, afirmando que a OPA estaria concluída até ao final do ano passado. A operação foi anunciada a 18 de Novembro, pelo que teria de ser feita num mês (até antes do Natal). Pura ilusão. As OPA estilo "cinco minutos à Benfica" não existem. Menos ainda quando têm as características desta.
É esperar e não desesperar. Mais semana, menos semana, a OPA deverá por certo ir avante.»
(André Veríssimo, director do jornal Negócios, Linha de Fundo, in Record, hoje ás 20:16)
Ir avante a OPA do Benfica, depois de tudo o que se sabe?! Porquê?! Será que a Presidente da CMVM também é benfiquista e também fica feliz...
Quando recebe bilhetes para os jogos da Luz???!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
600 euros no museu da cerveja,negocio fechado!!! Que vergonha de clube!!
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