sexta-feira, 21 de abril de 2017

Em vez da fuga para o 2-2, não acabará por apontar ao 3-1!...


DÉRBI DECISIVO

«Tenho a sorte, oferecida pela Direcção de Record, de escrever ao sábado – dia em que se jogou o último clássico (Benfica-Porto) e em que hoje se joga o dérbi que pode decidir o campeonato. No clássico, acertei: apostei num empate 1-1 ou 2-2, e foi 1-1. Vamos ver o que sucederá agora.

O Benfica tem a seu favor seis factores. Primeiro, o hábito de ganhar; segundo, a grande categoria dos laterais, Nelson Semedo e Grimaldo, muito superiores aos do Sporting; terceiro, a óptima forma de Rafa, que finalmente explodiu; quarto, a eficácia da dupla Jonas-Mitroglou, a mais forte do campeonato, mesmo não estando no seu melhor; quinto, o empate do Porto em Braga, que reduziu imenso a ansiedade dos jogadores encarnados; sexto, a péssima forma de Adrien Silva.

A favor do Sporting, jogam sete circunstâncias. Primeira, o bom momento da equipa, que encontrou o onze ideal; segunda, o talento de Gelson, um autêntico diabo à solta; terceira, o killer instinct de Bas Dost; quarta, os centros venenosos de Bruno César, se o puserem a extremo-esquerdo e não na defesa; quinta, jogar em casa; sexta, o habitual retraimento de Rui Vitória nos jogos contra os leões, que mesmo quando venceu não convenceu; sétima, ser a última oportunidade para Bruno de Carvalho e Jorge Jesus se ‘vingarem’ de uma época muito mal sucedida.

Tudo somado – momentos de forma, destaques individuais e estados de alma – acho que o Sporting parte em ligeira vantagem. Aposto num 2-1, com tendência para 2-2…»
(José António Saraiva, Futebol à portuguesa, in Record)

O que seria do verde se todos gostassem do vermelho?! E o que seria do futebol se todos o analisassem  "a portuguesa" como José António Saraiva?!...

A seis "factores"  contra sete "circunstâncias" conseguiu ele reduzir o dérbi de amanhã! Se neste caso particular entendermos "factor" como elemento que concorre para um resultado e "circunstância" como o estado das coisas em determinado momento, logo aí o articulista cometerá um tremendo erro de paralaxe que acabará inexoravelmente por lhe afectar o discernimento que qualquer análise procura, embebendo de parcialidade o prisma de observação, porque se coloca em posições diferentes para analisar um e outro contendor. E não se pretenda encontrar nisto apenas e tão só uma questão semântica, porque não o será nunca: JAS abusou da parcialidade! Aprofundemos:

1 - Será a diferença de categoria entre as duplas de laterais do dois conjuntos assim tão pronunciada para se revelar tão determinante no desfecho de um jogo?!...

2 - O que pensar quando estabelece como factor determinante, a "óptima forma de Rafa" em contraste com a "péssima forma" de Adrien Silva? Não estaremos perante uma óbvia sublimação do bom de um e do mau do outro?!...

3 - E que dizer sobre a eficácia de uma dupla de avançados considerada a "mais forte do campeonato", quando os números o desmentem categoricamente?!...

4 - Admitindo que o "desastre do Porto em Braga" tenha determinado algum óbvio conforto aos jogadores do Benfica, terá sido suficiente para lhes reduzir assim tanto a ansiedade com que irão entrar em Alvalade, sabendo que a derrota os poderá afastar irremediavelmente do título?!...

5 - E serão "o bom momento do Sporting", o "talento de Gelson", o "killer instinct de Bas Dost", os "centros venenosos de Bruno César", o "jogar em casa" e o "habitual retraimento de Vitória", em vez de "factores decisivos", meras questões... circunstânciais?!...

Pois é, veremos no sábado ao fim da noite se os "factores" de JAS se revelarão ou não preponderantes em relação, às suas "circunstâncias" e se  a tendência que admite...

Em vez da fuga para o 2-2, não acabará por apontar ao 3-1!...

Leoninamente,
Até à próxima

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