sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Mas claro que já cá não está quem falou!...


"- A falta de concentração colectiva após o intervalo foi fatal. O Sporting precisava de estender o nulo, mas acabou por ficar estendido no tapete. As falhas a este nível são quase sempre muito penalizadas.

- A falta de maturidade e liderança que se seguiu, também acabou por pesar. A equipa sentiu o golo, perdeu as suas referências, deixando por isso o adversário crescer para fazer o segundo golo. Faltou quem no campo tocasse a recolher e a pôr a equipa a usar todos os recursos ao alcance, para parar ou pelo menos esmorecer o jogo do adversário. Como fazem também as grandes equipas, afinal.

De entre a subjectividade de quase todos os diversos "fundamentos de mais um amargo 'quase' na Liga Europa", apresentados por Leão de Alvalade, no excelente texto que publicou em A Norte de Alvalade, que recomendo, destaquei os dois que acima apresento, condensando-os num único pensamento, que penso traduzir de forma quase incontornável, a maior debilidade do momento actual do Sporting: dentro das quatro linhas a equipa leonina não tem Capitão!...

Não será minha pretensão confundir a admiração e profundo respeito que me merece a figura de Rui Patrício, e muito menos colocar em causa a bondade de todas as razões que terão levado os responsáveis leoninos a colocarem no seu braço tão honrosa distinção. Mas em cada dia que passa desde que esse facto ocorreu, mais se radicaliza em mim a certeza do erro que então terá sido cometido e que, pelos vistos, estará bem longe de ser corrigido.

Em todos os jogos colectivos, uma das peças mais importantes para o sucesso de uma equipa, será o seu Capitão, que para o ser na verdadeira acepção da palavra, terá de reunir não só atributos inatos de liderança e profundos conhecimentos técnico-tácticos do jogo, como ser sujeito do reconhecimento dessas mesmas qualidades por parte de todos os seus companheiros e, muito particularmente, por parte do seu treinador, de quem deverá ser a extensão natural dentro das quatro linhas, mas para além disso jogar numa posição no terreno que lhe permita uma visão global dos acontecimentos, com a imprescindível, adequada e imediata intervenção no centro nevrálgico dos mesmos.

Sempre me pareceu que Rui Patrício, pese embora o seu extraordinário talento e o facto de ser justamente reconhecido como um dos melhores atletas europeus na sua difícil posição, não reunirá a condição inata que a função de Capitão exige, nem a sua posição no terreno lhe permitirá o seu desempenho cabal. 

Dentro das quatro linhas, o Capitão, é "pau para toda a obra": corre, joga, grita, comunica, incentiva  e aconselha os companheiros no sentido de que o jogo se mantenha fluído e equilibrado, na exacta medida das recomendações do treinador. Em termos tácticos, o Capitão deverá gerir tudo o que se passa em campo, pois deverá ser ele o sustentáculo da equipa e o elo de ligação entre esta e o treinador, as duas partes mais importantes do jogo. 

O Capitão deverá ser ainda o fundamental agente motivacional e ético da sua equipa, primeiro através do seu exemplo, postura, humildade, honestidade e decisão, que depois serão acompanhados de muito perto, pela sua palavra. 

O Capitão nunca poderá ser apenas um jogador com braçadeira de cor diferente dos seus companheiros, mas uma peça importantíssima, que sempre deverá ser escolhida cuidadosa e criteriosamente, pois será o grupo a ser privilegiado com a mais valia que ela constitui, tornando-se mais forte e capaz de alcançar o êxito que o colectivo ambiciona.

Quando Bobby Robson chegou ao Sporting, deixou todo o universo sportinguista estupefacto, ao entregar a braçadeira de capitão a Stan Valckx, que nem a língua portuguesa dominava. Apenas alguns meses mais tarde, todos os sportinguistas compreenderam que esse grande senhor do futebol mundial estava certo: Valckx rapidamente absorveu os princípios básicos do português e foi ao longo dos seus três anos em Avalade... um exemplar e Grande Capitão. O Sporting nesse tempo glorioso, só não foi campeão, porque Sousa Cintra terá cometido um dos maiores erros da nossa história centenária.

Hoje por hoje, uma boa parte dos inêxitos da equipa, verificados desde o arranque desta época, tal como nas antecedentes mais próximas, poderiam eventualmente não ter acontecido, se o Sporting tivesse no seu seio um Grande Capitão! Como adepto sportinguista, do que conheço do plantel leonino, é minha firme convicção há vários anos a esta parte, de que existe no colectivo leonino, um atleta titularíssimo com os atributos que acabei de referir... 

Mas claro que já cá não está quem falou!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Sim...também acho que não deve ser o guarda-redes. seja ele o nosso Patrício ou um outro qualquer...a ser o capitão da equipa e tal como o amigo Álamo, também nada tem a ver com o seu talento que até é muito...
    Só que eu também entendo que o capitão tem que ser um jogador que possa estar a qualquer momento e sempre que necessário...em qualquer lugar do campo...
    Ele tem que ser a voz "da revolta" (no bom sentido é claro...), em qualquer momento do jogo e sobretudo quando é necessário "tocar a reunir"...!!

    SL

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  2. Se bem tenho lido o que se passa dentro de campo, Patrício é o capitão para os cumprimentos, fotografias e demais "mordomias". Durante o jogo, quem manda, quem dá a voz de comando, é Adrien Silva.
    É o que me tem parecido (via Tv). Agora se Adrien é O capitão ou não, se a coisa funciona ou não, não faço a mínima ideia.

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