terça-feira, 28 de abril de 2015

Será com esta massa que Marco Silva terá de cozinhar o pão!...


Ontem adormeci com o "filme" rodado em Moreira de Cónegos pelo realizador Marco Silva. E, sem acusar o técnico leonino de plágio, travei luta acesa com a minha almofada sobre o sistema táctico que terá ensaiado nesta deslocação ao Minho. E levantei-me pela manhã com a convicção de que terá entrado em fase de testes o produto laboratorial projectado para a final do Jamor e que poderá muito bem constituir uma curiosa rampa de lançamento, quiçá já a pensar na próxima época: o tão elogiado quanto criticado 4x1x3x2, creio que nascido há muitos anos lá pelas terras da senhora Merkel e que Jorge Jesus utilizou para se sagrar campeão logo que chegou ao Benfica, no Verão de 2009.

O ideal ultra-ofensivo que animará Marco Silva, parecendo exequível e materializável na defesa, onde Paulo Oliveira parece dar garantias de eficiência, Ewerton um excelente complemento em termos defensivos e com técnica suficiente para iniciar os ataques a partir de trás e os laterais, limados os aspectos defensivos, suficientemente rápidos e agressivos em termos ofensivos, sendo que William oferece como pivot todas as garantias de equilíbrio à frente da linha mais recuada, esbarrará com bastantes dificuldades no trio ofensivo do meio-campo.

Marco Silva ainda não terá encontrado para esse sector a fórmula mais adequada ao sucesso que Jorge Jesus conseguiu com Ramirez, Aimar e Di Maria. Pelo que nos foi dado apreciar em Moreira dos Cónegos, André Martins, pese embora a sua extraordinária capacidade de posicionamento, visão de jogo e técnica apurada, não é homem para constantes cavalgadas (a defender e a atacar) e esgota-se fisicamente ainda antes do intervalo. Carlos Mané ainda não revelará a segurança e o sentido colectivo que o sistema exige. E Nani, parece estar, absurdamente para a fase adiantada da sua carreira, numa onda de afirmação pessoal de que apenas o seu ego não se aperceberá.

Obviamente que Marco Silva ainda contará para a resolução deste complexo puzzle do meio campo, com peças importantes como Adrien, Carrillo e João Mário, mas a carga competitiva dos dois primeiros e o brusco apagamento deste último, parecem estar a comprometer os desígnios do treinador leonino. 

Na frente, penso que Montero, pelo que dele conhecemos e depois do que lhe vimos fazer contra o Moreirense, estará como peixe na água como pivot ofensivo, partindo de trás e aproveitado toda a sua técnica, inteligência, mobilidade e visão de jogo fabulosas, no apoio a... Slimani, obviamente. Tanaka fez o que pôde e fez bem, mas o modelo não se compadece das suas limitações. Será sempre uma solução de recurso, ao invés do argelino, que possui os atributos necessários e suficientes para ser a cereja no topo do bolo que Marco Silva desejará apresentar no Jamor.

Não misturando a próxima época nesta complexa equação, deixemo-la em "banho maria" para tempo mais oportuno e adequado e centremo-nos no Jamor, que o tempo urge, as saídas estão ainda no segredo dos deuses e das bolsas de quem tiver os meios e algumas das previsíveis soluções ainda nem sequer entraram em Alvalade. Será com esta massa  que Marco Silva terá de cozinhar o pão e, "en passant", rebentar já no próximo sábado os pneus dos autocarros de Manuel Machado!...

Leoninamente,
Até à próxima

4 comentários:

  1. Eu não sou sportinguista, mas se me permitires:

    "...André Martins, pese embora a sua extraordinária capacidade de posicionamento, visão de jogo e técnica apurada, não é homem para constantes cavalgadas (a defender e a atacar) e esgota-se fisicamente ainda antes do intervalo."

    Que contradição.

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    1. Caro Vasco, mas o que é que a "capacidade de posicionamento, visão de jogo e técnica apurada", têm a ver com capacidade física ou a falta dela para aguentar 90 minutos?!...

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    2. Nao estando a fazer minhas as dores dos outros, a capacidade de posicionamento devera servir como contra-balanco a falta de pulmao para correr durante 90 minutos.

      Veja-se o exemplo de Pirlo, Xavi ou Iniesta por exemplo que nao sao de grandes correrias mas parecem, ou pareceram ate a pouco tempo, capazes de ocupar todo o campo. O Andre Martins parece-me um jogador que corre o risco de passar ao lado de uma boa carreira porque ainda nao apanhou um treinador que o ajudasse a optimizar as suas capacidades.

      Jonas

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    3. È bem provável que o caro Jonas tenha uma boa parte da razão: AM poderá ser um caso de má gestão de esforço e a influência do treinador poderá ser decisiva no aproveitamento das suas excelentes características.

      Na variante do 4x4x2 que MS me pareceu apresentar em Moreira de Cónegos, julguei ver a intenção de fazer recuar WC e AM um pouco no terreno, sem os colocar lado a lado, numa disposição mais próxima do 4x1x3x2, com AM numa linha entre WC e a de C.Mané e Nani. Não sei se por indicação do treinador se pelas rotinas já adquiridas por AM, ele terá desempenhado a dupla função de defender à frente de WC, e atacar, municiando Nani, C. Mané e até Montero e o pulmão pouco mais deu do que para chegar ao intervalo, caindo a pique na segunda parte. Um caso difícil de resolver, porque AM nunca terá os atributos físicos que por exemplo o "puto" João Palhinha evidencia na equipa B, onde ocupa função semelhante.

      Veremos de MS será capaz de fazer AM durar 90 minutos, mas a questão não se afigura fácil.

      SL

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