segunda-feira, 7 de abril de 2014

As acomodações da equipa B do Sporting

Foto retirada do jornal Record

"... Fiquei muito impressionado com a definição estabelecida pelos responsáveis do clube. O clube tem de acreditar naquilo que faz. A maior motivação é saber que o treinador da equipa principal segue o nosso trabalho e nos apoia. Ver o Carlos Mané chegar à equipa principal é mais importante que ganhar jogos ou provas. Por vezes, a melhor opção para o clube não é a mais fácil para o jogador. O João Mário, por exemplo, já não tinha um desafio na equipa B, estava acomodado. Foi emprestado ao V. Setúbal onde está a ser um dos melhores da equipa, o que só prova que foi essa a melhor opção para a sua evolução individual e para o próprio clube...".

Abel Ferreira que admiro e respeito, terá que me perdoar mas, por mais que queira e tente, nunca serei capaz de subscrever as suas palavras, embora humanamente as compreenda.

Porque se, como diz e admito que terá razões objectivas para o fazer, João Mário estava acomodado, também ele, Abel Ferreira, o estaria, sob uma filosofia fácil e cómoda de que "chegar à equipa principal é mais importante que ganhar jogos ou provas"! Certo que todos concordaremos que será o mais importante dos objectivos da equipa secundária do Sporting Clube de Portugal! Mas esses objectivos nunca deverão ser, de forma tão redutora, fixados em exclusivo nesse tão limitado horizonte.

O maior desafio de Abel Ferreira, bem como de qualquer técnico que lidere a equipa secundária do nosso clube, e o que verdadeiramente interessará à grande nação leonina, é que para além da busca incessante do cumprimento desse objectivo maior, haja permanente capacidade para ir mais além, fixando em cada dia novos e arrebatadores objectivos, para que nunca a acomodação possa apoderar-se do espírito dos seus pupilos.

Se o nosso Povo diz e com razões suficientes e poderosas, que "uma mão lava a outra", também o objectivo central de uma equipa B, nunca deverá ser dissociado dos resultados, pois as duas vertentes sempre se hão-de complementar. E se assim for, nunca seremos confrontados com a propalada e deselegante "acomodação" agora argumentada por Abel Ferreira.

Ou não será a conquista do título da II Liga, compatível com objectivo central e indiscutível da formação secundária do Sporting Clube de Portugal?! Ou não destruirá esse objectivo, toda e qualquer acomodação, quer dos atletas quer dos técnicos que os lideram?!

Outra coisa, bonita e estimulante, se porventura nos fosse dado o privilégio de ouvi-la da boca de Abel Ferreira, seria:

Estamos todos a crescer!... 

Leoninamente,
Até à próxima

4 comentários:

  1. Caro Álamo,

    Não sou fã do Abel Ferreira. Não acho que a equipa B tenha apresentado a regularidade e evolução que se exige. As exceções são alguns (poucos) jogadores que me parecem estar num patamar acima do que estavam há uns meses atrás e a exceder as expetativas que deles tinha (exs.: Wallyson, Riquicho. O Iuri, o maior talento da equipa, parece-me que está a afirmar-se como um jogador de equipa e o Dramé tem melhorado semana a semana).

    Relativamente ao seu post, eu defendo que a equipa B deverá privilegiar o processo formativo face aos resultados, uma vez que acredito que os resultados são consequência desse processo. E nesses resultados incluo as vitórias aos domingos, bem como o aproveitamento da equipa B pelo Leonardo Jardim.

    Concordo que se entre sempre para ganhar e que se assumam objetivos ambiciosos, mas sem nunca prejudicar a identidade dos jogadores e da equipa a qual deverá ser a mesma que a da equipa principal.

    Só acho que o que Abel diz não faz muito sentido, porque uma andorinha (Carlos Mané) não faz a primavera.

    PS1: Falar do João Mário é quase uma piada de mau gosto. Se há algo que eu critico no planeamento da nossa equipa A, é não ter havido desde o início de época (e principalmente, em dezembro, após a saída de Rinaudo) a aposta num jogador da Equipa B capaz substituir William no meio campo (e Jefferson já agora). Assim, se João Mário estava já num patamar acima (e desmotivado), penso que teria feito todo o sentido que tivesse sido uma aposta do Leonardo Jardim no mês de dezembro e janeiro. E se a aposta não desse frutos, rumaria para Setúbal para brilhar nos relvados nacionais.

    PS2: Apesar de ser um texto em que o contexto são os escalões de formação, acho que aborda bem a importância do resultado e do processo formativo: http://possedebolla.blogspot.pt/2014/03/formacao.html

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    1. Caro João, eu nunca critiquei o trabalho formativo de Abel Ferreira, nos campos técnico-tácticos, nem a sintonia e complementaridade do seu trabalho com o de Leonardo Jardim. O que de há muito venho criticando é a preparação mental que incute nos seus pupilos, onde lhe noto deficiências quase intoleráveis.

      Também acho que o discurso de Abel Ferreira em relação a João Mário, não faz em absoluto, nenhum sentido. Pode pensar o que disse, mas melhor fora que ficasse calado. Assim todo o mundo percebeu que se tratou apenas, de sacudir a água do capote: João Mário está a representar uma batata demasiado quente!...

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    2. Eu atrevo-me a criticar, porque a prestação da equipa está um pouco aquém das minhas expetativas.

      É verdade que no ano passado a equipa possuía valores como Dier, Ilori ou Bruma, mas este ano não se a nota evolução que jogadores de 2/3º ano senior costumam ter.

      Do que tenho visto, em 20 e poucos jogadores, não são assim tantos aqueles que se possa dizer que subiram verdadeiramente de patamar (face ao que estavam no final da época passada).

      Não quero com isto dizer que Abel deva ter os dias contados.

      Ainda tenho conclusões antagónicas quanto ao desempenho do treinador Abel:

      Primeiro, as críticas que aponto devem ser avaliadas de forma ponderada, contextualizadas na realidade atual da equipa B: jogadores com expetativas goradas de estar já na equipa A, constantes entradas de jogadores pouco rodados na equipa principal, etc...

      Segundo, o papel que Abel está a ter na evolução de alguns jogadores em particular (atente-se que Wallyson, em contexto de equipa, teve Abel como o único treinador) e algumas exibições de grande calibre da equipa esta temporada (por exemplo, o jogo em casa contra o Beira Mar no início de época que assisti ao vivo) pode indicar que o que falta ao treinador é o que bem lhe apontas: capacidade de comunicar com diferentes perfis de jogadores e de os preparar mentalmente para a adversidade e superação diária.

      Um abraço

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    3. Como antes me pareceu entender, estaremos sintonizados naquilo que seria exigível a Abel Ferreira e que ainda não deu para perceber. Talvez o salto que deu, tenha sido demasiado exigente, não poderei assegurar. O que posso assegurar é que o seu discurso, pelo menos para o exterior, não me merece aplausos. Jamais deveria ter dito que João Mário estava acomodado, a menos que o dissesse ao próprio, no segredo do gabinete.

      Já fiquei de pé atrás, quando o ouvi afirmar, depois de uma vitória, que sucedeu a um período negro de resultados, que a filosofia havia sido alterada e que afinal os resultados também contavam. Temo que alguém acima dele lhe tenha feito ver esse mesmo problema.

      Sempre gostei do profissionalismo de Abel como jogador. Admirei-lhe a perseverança e o êxito na sua vida académica, e não são fáceis de conciliar duas tão grandes exigências. Mas a julgar por aquilo que fez este ano e à influência dos "ventos" no seu discurso auto-promocional, fico com sérias dúvidas sobre o que será decidido no final da época.

      Abraço e SL

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