A atenção que dedico a todos os problemas exteriores e/ou estranhos ao Sporting Clube de Portugal, raia as margens da indiferença. Com os passivos, défices, tesourarias, guerrilhas internas e insucesso desportivo dos outros, convivo eu muito bem e até... pacificamente. O que é preciso é que em Alvalade se vá produzindo "boa letra" e os diabos - ou quaisquer outros seres mitológicos -, sejam eles vermelhos ou azuis, que a leiam ou não, a mim tanto se me dá.
Mas essa quase discriminação que habita em mim, cessa abrupta e automaticamente quando assisto a despudorados favorecimentos dos nossos adversários, seja por parte daqueles a quem compete a administração da justiça dos jogos ou dos regulamentos, seja por parte daqueles a quem caberia, através dos mais diversos meios de comunicação, levar ao público em geral, as imagens correctas, verdadeiras e justas de todo o fenómeno desportivo.
Vem todo este meu arrazoado a propósito de dois excelentes artigos que hoje me foram dados apreciar no jornal "Record" que, estranhamente ou talvez não, voltou a tingir de verde a primeira página, o que tanto pode levar muita água no bico e as nossas cores porventura venham a pagar caro estas "delicadas justiças", ou então deveremos continuar a apreciar com muito cuidado e atenção o que se passa por debaixo da asa de Alexandre Pais.
Mas voltando aos tais dois artigos que me empurraram para esta crónica, quero dizer-vos amigos, que Nuno Farinha - director adjunto, o que poderá ter um estranho mas porventura profundo significado! - me deixou espantado e até boquiaberto, com o primeiro, que não resisto a transcrever, para os amigos sportinguistas que deixaram de comprar o jornal, tal é a sua importância e significado:
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O que vale Nélson Oliveira?
Depois de Rio Ave e Paços de Ferreira, o Deportivo da Corunha. Na quarta temporada como sénior, Nélson Oliveira vai para o terceiro empréstimo. Aquele que treinadores, analistas e adeptos têm dito tratar-se do "ponta-de-lança português do futuro" ainda não consegue sequer merecer a confiança do seu clube.
O Benfica empenhou-se a sério na ida de Nélson Oliveira ao Europeu, o seleccionador nacional acreditou na sua capacidade (foi utilizado em 4 dos 5 jogos da fase final), Jorge Jesus afirmou que, com ele e Rodrigo, as águias teriam uma dupla terrível.. Afinal, o destino do prometedor avançado passa por uma equipa razoável - apenas isso - do campeonato espanhol.
É evidente que o processo de evolução será acelerado se Nélson for titular indiscutível e fizer golos numa Liga que é brutalmente competitiva do 3º lugar para baixo. Mas a dúvida é razoável: estaremos mesmo na presença de tão incrível talento?
A política de empréstimos, às vezes, tem destas coisas. Antes de se afirmar no F.C.Porto e transformar-se, a partir daí, num dos melhores centrais do Mundo, Ricardo Carvalho passou em três épocas consecutivas por Leça, Vitória de Setúbal e Alverca. Sempre com alto rendimento, até ao dia em que Pinto da Costa entendeu que tinha chegado o momento de voltar.
Dir-se-à que o caso de Nelson Oliveira pode ser igual. E poder até pode. Só que não parece. Desde logo porque no Rio Ave (0 golos) e no Paços de Ferreira (4), o super elogiado ponta-de-lança nem sequer foi capaz de se impor como titular indiscutível. Na Luz, na última época, em 12 jogos, não fez qualquer golo no campeonato. E um predestinado (se fosse o caso) não pode festejar apenas 4 golos em três temporadas a jogar regularmente.
Nélson deixa o Benfica, porque se chegou à conclusão que em 2012/13 não iria ter o espaço mínimo que é necessário para um jogador de 21 anos amadurecer. Cardoso e Rodrigo partiam na frente e no Seixal ainda estão Kardec, Saviola, Hugo Vieira e Mora. Afinal, em que lugar estaria o internacional português na lista de preferências de Jorge Jesus?
Nota: o negrito do texto é da minha responsabilidade.
Já o segundo artigo, da autoria do editor-chefe - significativo? - do jornal, Jorge Barbosa, no seu "Caderno de Apontamentos", analisa exaustivamente e com aquilo que me parece ser um suporte de números deveras cuidado e rigoroso, o "puzzle" de difícil resolução que representará para o F.C.Porto, "... com jogadores a mais e dinheiro para já insuficiente...", fazer face a um orçamento de 100 milhões de Euros.
Jorge Barbosa, desafiando corajosamente o "vaticano", fala com um rigor insuspeito de uns assombrosos 214,17 milhões de passivo, do imperativo da liquidação a curto de 18 milhões de um dos empréstimos obrigacionistas e de toda uma parafernália de duvidosos e avultadíssimos investimentos feitos ultimamente em jogadores, para rematar com a urgente necessidade do clube realizar 40 milhões de Euros na venda de jogadores.
Duas opiniões importantes, que quase tangenciam a vida actual da formação e da saúde económico-financeira do nosso clube. Dois temas importantes que talvez nos ajudem a compreender melhor e a valorizar o que está a ser feito no Sporting. Talvez esta importância seja a causa próxima de tantos ataques e vilipêndios a que ultimamente temos sido sujeitos. Só a nossa união em torno de quem nos dirige, esquecendo questiúnculas estéreis e centrando-nos no objectivo máximo do clube, poderá dar a resposta adequada e permitir alcançar os objectivos com que todos sonhamos.
Leoninamente,
Até à próxima
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