segunda-feira, 6 de março de 2017

Nem ele próprio saberá até quando?!...

Blessing Lumueno

Perder hoje para vencer amanhã


«A frase de Jorge Jesus, e é sobre o que deveria ser a filosofia do Sporting no que sobra da época. No entanto, cada vez melhor se percebe que o Sporting contratou um treinador com uma ideia, para uma ideia, e que por isso haverá um preço talvez demasiado alto a pagar no médio e no longo prazo.

Urgem os títulos no Sporting. E por isso a opção de Bruno de Carvalho por um treinador que em Portugal garantiu títulos noutro grande, num passado recente, percebe-se. Mas, para tal, é fundamental dar-lhe o que ele precisa para triunfar. Os jogadores com o perfil que ele gosta, e com qualidade suficiente para superar o modelo táctico que ele exige. Neste momento, o Sporting não cumpre com o que Jorge Jesus exige, e talvez por isso o caminho seja tão atribulado.

O parágrafo anterior contem um dado fundamental para o momento actual do Sporting, porque o treinador mostra-se com dificuldade em responder à uma mudança abrupta de contexto. E não, não é dos resultados que se fala. Sabendo-se que com Jesus a equipa é orientada para o rendimento imediato, e percebendo-se que os títulos são quase utópicos, o Sporting parece preso na ideia de que lhe falta qualidade para cumprir com o que se predispôs no início da época. O caminho é hoje diferente, mas o treinador do Sporting não está disposto a abdicar da sua filosofia em prol do novo contexto onde está inserido. Parece não querer adaptar-se, e ter até algum receio de percorrer os novos caminhos. Isto é, os putos imberbes do Sporting (não tão imberbes assim por se terem mostrado capazes de triunfar na primeira liga) têm qualidade ou não? Qual é a opinião do treinador? E a do clube? Na minha opinião sim. Há muita qualidade ali, demasiada para não ser aproveitada. E o último obstáculo a ultrapassar é a exigência de jogar num grande. A exposição ao erro, e a mediatização de todos os momentos que são esmiuçados ao detalhe. No fundo, a pressão. Sabendo-se que os títulos estão longe do horizonte esta época, e que os miúdos podem dar um salto fundamental para o aumento da qualidade de jogo do Sporting ("sem gastos"), faz sentido continuar a escondê-los do jogo? Não fará mais sentido do que nunca não pensar nos resultados no imediato para garantir craques num futuro bem próximo? Serão Podence, Geraldes, Iuri, Matheus e até Gauld, merecedores de um futuro diferente pela diferença que poderão fazer no Sporting do futuro?»
(Blessing Lumueno, in Posse de bola)

Profundamente actuais, correctas, límpidas e transparentes, as interrogações que Blessing Lumueno coloca no excelente texto que hoje publicou no seu blog "Posse de Bola" e que, com a devida vénia, me honro de aqui trazer.

Julgo que Blessing coloca sem tergiversações o dedo na ferida: "... O caminho é hoje diferente, mas o treinador do Sporting não está disposto a abdicar da sua filosofia em prol do novo contexto onde está inserido. Parece não querer adaptar-se, e ter até algum receio de percorrer os novos caminhos". Eu remataria, se Blessing mo permitisse: se JJ não está disposto a abdicar da sua filosofia, parece! Só que...

Nem ele próprio saberá até quando?!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Caro Álamo gostaria de acrescentar mais uns pontos à nossa desilusão de ontem à noite.
    No sábado os sócios votaram em Bruno de Carvalho pelo trabalho que têm feito pelo Clube e não pelos resultados da equipa de futebol A (e já agora a B). Se os sócios tivessem como opção de voto escrutinar a política adoptada pela componente desportiva, principalmente ao nível do futebol sénior, estou convicto que a vitória da lista B não seria tão folgada. Basta estar nas bancadas para perceber que Jorge Jesus já não têm crédito junto aos sócios e ontem isso ficou bastante patente.
    Por falar em Jesus. Ele foi honesto nas palavras que proferiu nas entrevistas: o Sporting não têm estrutura para ganhar. Correctíssimo, por isso o treinador do Sporting têm de ser mais inteligente e muito, muito melhor do que o dos outros. Uma pergunta. É isso que está acontecer? Não. Não porque o Jesus só conseguiu ganhar alguma coisa porque era um treinador da “estrutura” apoiada pelo “sistema”, logo qualquer treinador medíocre habilita-se a ser campeão no clube onde estava anteriormente como se pode ver agora. O mesmo aconteceu à alguns anos mais a norte num clube em que qualquer treinador se sujeitava-se a ser campeão. Mas isso são histórias de outra fruta.
    O Presidente Bruno de Carvalho, em quem votei, como responsável máximo do departamento de futebol nunca deveria ter ficado refém do treinador com o prolongamento do contrato. Espero que, como ele afirmou, que tenha aprendido com alguns erros cometidos e esse foi um deles. No futuro à que prever contratos com objectivos: “ganhas competições levas prémio, não ganhas, azar”… Não podemos a andar pagar chorudas indemnizações a projectos que podem não funcionar como aconteceu no passado, isto, porque os “artistas” podem nem se preocupar muito se ganham ou perdem porque o deles está garantido.
    Agora, vamos tecer uns pequenos comentários em relação à organização da estrutura interna de futebol.
    No Sporting sinto que que neste momento só o Nelson e o Virgilio são poucos para implantar a mística que tanto precisamos de implantar nas equipas. Falta-nos um jogador que tenha sido uma referência tanto a nível interno como, se possível, a nível externo (sonho: que bem o Figo ficaria nesta posição) de forma quem chegue às equipas tenha um “farol” que as referencie.
    Quando falo em equipas, falo tanto nas equipas seniores (A e B) como nas de formação. O Sporting deve começar já a criar um modelo de jogo que seja seguido desde da formação até à equipa principal e isto é mais premente, principalmente, na simbiose da equipa A com a B. Os jogadores de ambas as equipas devem estar enquadrados com a mesma filosofia de jogo de forma aquando necessário, poderem ser integrados em qualquer um dos planteis sem dificuldade. A isto podemos vir a chamar Identidade de Jogo e para funcionar bem, precisa de alguém que faça essa gestão com poder sobre todas as equipas técnicas, o famoso “Manager”. Este “Manager” é uma peça fulcral para que Identidade de Jogo nunca se perca, mesmo quando se altera de treinador.
    Em relação à gestão de meios, há um processo que me têm feito confusão ao longo dos anos: porque é que só temos produzido em larga escala jogadores para jogarem a extremos? Para mim a melhor Academia do Mundo terá também de saber formar defesas laterais, centrais e principalmente pontas de lança. Há quantos anos não conseguimos formar um “matador”? O último que eu me lembre foi o Cadete. Temos ex jogadores que podem ser mais-valias na formação especifica de determinadas posições. O Manuel Fernandes, por exemplo, poderia fazer alguns workshops na formação de avançados e assim talvez daqui a uns tempos tivéssemos alguém a marcar 4 ao Benfica (lindo sonho). O Pedro Marques poderá ser um deles em minha opinião.
    Já vai longa a minha opinião, mas só quero afirmar mais uma coisa: votei em Bruno de Carvalho não votei em Jorge Jesus. Quero o melhor para o Sporting e tenho a certeza que Jorge Jesus não têm a capacidade técnica - artística - psicológica - pedagógica para isso. E como disse Bruno de Carvalho, agora não podemos falhar.

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  2. Começa toda a gente a aperceber-se que com Jesus não vamos a lado nenhum. Como refere o texto, simplesmente recusa adaptar-se ás circunstâncias, recusa inovar. Julga-se uma pop star e é um narcisista que todos os dias olha pró espelho e pergunta se existe alguém mais belo do ele. Ainda não percebeu que o Sporting não é o benfica, que a formação faz parte do ADN do Sporting. Pode ser um perfecionista atento aos pormenores e um mestre da tática mas depois comete erros básicos que borram a pintura toda. O filme que aí vem é um déjá vu do que se passou no benfica. Talentos como Geraldes, Podence, Medeiros, Gauld, Mateus serão queimados em lume brando e Jesus está só à espera que o presidente do Sporting vá buscar mais uma catrefada de argentinos e brasileiros pagos a peso de ouro. Para mal do Sporting, Jesus é um tremendo erro de casting.

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