Pois, foi a D. Dolores que lhe deu este corpinho... |
Há um jogador nesta equipa de Leonardo Jardim, que tem uns pés como poucos em Portugal e pensa o jogo também como poucos terão o privilégio de pensar. O talento, a classe, a visão, a clarividência, estão lá todos, mas falta-lhe o resto, para ter a importância na equipa que têm, por exemplo, Adrien e William.
A essa jovem promessa, o resto que lhe falta, poderia vir do treino, se na sua mente houvesse a vontade indómita de Cristiano Ronaldo de trabalhar para o êxito. Mas parece ainda não ter arranjado motivação suficiente para tal. Os anos passam e ele ainda não terá descoberto o segredo de Lionel Messi, que passou de um lingrinhas de meter dó, para o jogador fisicamente possante e difícil de derrubar, de há uns largos anos a esta parte. Dizem os "experts" que a segredo estará no ginásio. Mas o nosso homem, por aquilo que vemos, parece ainda não ter descoberto o caminho para lá.
Passam umas temporadas atrás das outras e a nossa jovem promessa, sempre que vê a bola saltitar perto da linha que delimita a grande área, creio que por indicação dos seus técnicos, dispara!... Porém, inevitavelmente a bola vai para a bancada, passa a muitos metros dos postes ou vai parar, muito devagar, nas mãos dos guarda-redes adversários. Nos livres directos, esses instrumentos letais do futebol moderno, de vez em quando, lá vai ele tentando, mas... nada que se aproveite. A fantástica história de Ronald Koeman diz-nos que também era assim, até ao dia em que, depois dos treinos com os companheiros, passou a ficar horas, com uma boa dúzia de bolas, a disparar à baliza. Pois, a trabalhar. E o resultado passou a ser o terror das equipas adversárias: livre de Koeman, era meio golo.
Finalmente, analisando as suas prestações, em termos do tempo em que é capaz de manter a disponibilidade física sempre em alta rotação, ao longo de todas as épocas, a partir do momento em que lhe foi dada a oportunidade de se fixar na equipa principal, ninguém terá dúvidas que a durabilidade da sua bateria, poucos minutos irá para além da metade do tempo que dura cada partida que realiza. Quando comparado com outros atletas de compleição física semelhante, que passaram pelos bancos da mesma "universidade", como por exemplo, para não ir mais longe, João Moutinho, que no final de cada partida dificilmente denota o mais leve indício de esgotamento, mantendo sempre a mesma e elevadíssima rotação, apetecerá perguntar, não apenas porquê, como também se a seriedade da abordagem do treino será a mesma em ambos os casos.
Há muito que me habituei a admirar as pouco comuns e clarividentes análises que "Roberto Baggio" publica no seu blog LATERAL ESQUERDO. É uma das melhores janelas por onde todos poderemos espreitar, quiçá concluir, que o futebol talvez seja mais simples do que aquilo que muitos pretenderão fazer crer. Sei que o lema de "Baggio", porque escarrapachado no frontispício do seu singular e criterioso blog, releva "A PREDOMINÂNCIA DO CÉREBRO SOBRE O FÍSICO, MESMO NO FUTEBOL". Porém, nunca dei conta de que "a predominância" do cérebro por ele defendida, alguma vez fosse a negação do "aprimoramento" físico.
Ora, perante a conclusão que há muito retirei, das razões que sustentarão o eterno adiamento da explosão como jogador de futebol do atleta de eleição em causa e que tentei explicitar na primeira parte deste meu texto, foi com surpresa que li e reli um dos últimos trabalhos publicados por "Baggio" (link), onde me pareceu assistir em simultâneo, à diabolização de Leonardo Jardim e à deificação do atleta, o que me parece extremamente injusto para o técnico e profundamente redutor e lisonjeiro para o atleta.
"Roberto Baggio" terá de perdoar-me, mas já assisti a um sem número de partidas de futebol, com este e outros técnicos, em que o atleta em causa, gosando da liberdade que defende, penso que bem, falhou rotundamente e de forma até confrangedora e escandalosa, nos remates à baliza e na descoroçoante incapacidade de resistência física ao desgaste, caindo a pique logo que decorridos 30 ou pouco mais minutos de jogo. E se nos quisermos debruçar sobre a evolução que a nível de musculação e aumento de capacidade toráxica nos últimos anos terá registado, bastará olhar para a sua compleição física de hoje e de ontem. Acho que estagnou em absoluto. Porque se me afigura, desvalorizará completamente a componente do treino - no relvado e no ginásio! - e presumirá, com o vedetismo comum no jogador português, que o talento é suficiente!...
Tanto talento que ficou pelo caminho, sempre que não soube "casar" com o trabalho! Cristiano Ronaldo está aí! Mas poucos estarão interessados em compreender, que o segredo do seu êxito, para além do talento e da classe que lhe são universalmente reconhecidos, estará numa crença inabalável e indestrutível no trabalho.
Sem trabalho, o êxito é quase impossível !!!...
Leoninamente,
Até á próxima
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