O novo rumo de Bruno de Carvalho e a deselegância de Prata...

O Sporting foi uma equipa contemplativa e desconfortável no campo, mas fora merece uma menção honrosa. Bruno de Carvalho abandonou a postura de Calimero e deu uma lição de bom perder, até na forma como fez o elogio (justíssimo) à arbitragem. O presidente do Sporting, que tem tido a coragem de tomar medidas de gestão que se impunham, mostrou estar também num processo de aprendizagem no que ao verbo diz respeito. Jardim também esteve bem. Escusava de ter dito que o Sporting sairia derrotado “qualquer que fosse a estratégia”…

(Bruno Prata, in Record)

Embora uma boa parte do texto de Bruno Prata me pareça excessivo e de certa forma nele se vislumbre a conhecida animosidade(?) que, sejam quais forem as circunstâncias, o move contra o Sporting, não será menos verdade que nos coloca de forma realista perante evidências incontornáveis, que seria estultícia negar. E o trecho que destaquei parece-me sobremaneira válido e razoável. retirando obviamente, por desnecessáriamente insultuosa, a referência à "postura de calimero" com que obsequia Bruno de Carvalho. 

Mas Bruno Prata, à semelhança de muitos outros jornalistas, no meio da assertividade das suas análises, ainda não terá interiorizado o respeito que lhe deverão merecer as primeiras figuras de instituições centenárias como o Sporting Clube de Portugal. Há uma geração emergente de jornalistas com inegáveis atributos técnicos, mas que vão vivendo desconfortavelmente, em busca dos valores inalienáveis da profissão que escolheram, revelando uma perniciosa e atroz infantilidade. Um dia talvez possamos constatar a assumpção da maturidade que, decisivamente, ainda não possuem.

Todavia, o que me levou a escrever estas linhas, não estará obviamente relacionado com Bruno Prata. Ele há-de apreender com o tempo, o caminho correcto para que o possamos vir a considerar um bom jornalista. Oxalá isso não demore muito, no seu próprio interesse. Estará em Bruno de Carvalho e no seu "processo de aprendizagem", a razão central do pensamento que aqui pretendi trazer.

Marco Ferreira realizou uma boa arbitragem na 3ª feira à noite! E o Presidente do Sporting, ao reconhecê-lo e paralelamente, dando uma "lição de bom perder", terá iniciado um caminho diferente da exacerbada voluntariedade, quantas vezes com efeito "boomerang", com que tem vindo a "ornamentar" o seu percurso e o seu discurso.

A pouco mais de dois meses de concluir o seu primeiro ano de mandato, Bruno de Carvalho só agora parece estar a compreender a necessidade absoluta e urgente, de compatibilizar o adepto que sempre em si existirá, com as altas funções que exerce. Sobretudo, sempre  que qualquer coisa que faça ou diga, possa de algum modo ser ampliada por uma comunicação social implacável, que vive com a preocupação exclusiva de filtrar ou mesmo omitir o que é válido e sobrevalorizar, exponencialmente, momentos menos bons. Bruno de Carvalho é, reconhecidamente, um bom comunicador. Mas terá de abafar a voz do adepto e deixar fluir a inteligência, a argúcia e a sagacidade,  condimentadas, porventura mais vezes do que seria de desejar, com uma equilibrada e nunca excessiva profundidade corrosiva ou mesmo cáustica, porque esse recorte será o que todos esperam da voz do Presidente do Sporting Clube de Portugal.

Leoninamente,

Até próxima