A pedra no sapato...

A sensação provocada por uma pedra no sapato, por pequena que seja, será das coisas mais desagradáveis para qualquer de nós. A cada passo somos castigados, mais pelo incómodo, que pela dor ou consequências. E nem sempre nos surge a conveniente oportunidade de descalçar o sapato e expulsar a intrusa. Mais grave e caricata será a situação de julgarmos a dita no sapato e ela ter-se introduzido na meia. Então, depois de uma, duas ou mais tentativas, acabamos por descobrir, fulos da vida e mais tarde do que desejaríamos, por onde a danada andava.

A arbitragem em Portugal será, para os adeptos sportinguistas, algo parecido com uma pedra alojada por dentro da meia. Designado um qualquer árbitro para o próximo jogo do Sporting, a cada passo, aí está, incontornável e massacrante, o incómodo. Paramos, descalçamos o sapato, não encontramos a pedra, calçamos de novo e a incomodidade persiste. O jogo acaba, ficamos com uma bolha no pé e... só à noite, descalçada a meia antes de deitar, descobrimos e fazemos desaparecer a pedra e fazemos o curativo à bolha, que mesmo assim nos impede de adormecer calma e tranquilamente. Até parece que temos no pé, um ferro em brasa a queimar... 

E vem o próximo jogo e a cena repete-se. Ninguém de nós sabe de onde vem tanta pedra, e logo para dentro das meias! E vejam só a minha sorte. Então não é que há pouco, mesmo à frente dos meus olhos, no ecrã do meu monitor, não reparei num estupor de uma pedra dessas, preparadinha para se introduzir nas meias?! Ah maldita, que te apanhei! E zás, coloquei-lhe as manápulas e aqui está ela, vivinha, para os meus amigos sportinguistas apreciarem:

"As pessoas dizem tudo o que quiserem e entenderem. Nunca fui sócio de clube nenhum. O meu pensamento é a arbitragem. Também já disseram que era padrinho ou cunhado do Leonardo Jardim, que também é madeirense, e que tinha andado na escola com ele... o que não é verdade. São palavras de adeptos ferrenhos que achamos piada e não podemos levar a sério.[...]

Nem toda a gente tem perfil para ser árbitro. Quando optamos por esta actividade temos de estar conscientes de que existe muito mediatismo em torno dos dérbis, dos clássicos. Mas eu coloco a pressão em mim próprio. Não estou à espera de pressões exteriores para me motivar ou preparar-me melhor. Encaro da mesma forma um dérbi como encaro qualquer outro jogo.".
(Marco Ferreira, entrevista ao DN)

Esta aparentemente inofensiva pedrinha, já não me incomodará amanhã. Apanhei-a e, naturalmente, fechada a sete chaves, vou retê-la cá pelo Norte, pelo menos até amanhã à noite. A única dúvida que me assistirá até à hora do jogo, e mesmo durante o seu decurso, será se ela é filha única ou terá mais irmãs!!!...

Leoninamente,

Até à próxima