O Benfica não conseguiu evitar a tragédia
A imprensa desportiva portuguesa anda muito macia. É compreensível, porquanto, em função das estratégias editoriais – e comerciais –, está mui
to condicionada pelos interesses dos clubes e outros agentes do futebol. É por isso que trabalha pouco, não investiga. É por isso que todos os jornais, mais vírgula, menos vírgula, dizem o mesmo, ouvindo as mesmas pessoas e salientando os mesmos pontos de vista. É assim que os jornalistas, que são uma espécie de marionetes do sistema, se defendem uns aos outros. Porque um jornalista que trabalhe, que investigue, que aponte o dedo, enfim, um jornalista que seja livre e que escreva algo diferente dos outros pode ter a carreira em risco.
Previsíveis, e sem informação nova, os jornais desta segunda-feira, assumem as vozes oficiais, escrevendo que foi evitada uma tragédia no Estádio da Luz, em Lisboa. Por causa do mau tempo, dizem. Ninguém aponta o dedo à responsabilidade do Benfica sobre a má construção ou falta de manutenção do seu estádio. Não, a culpa foi do vento e da chuva – elementos da natureza com costas largas, pois não sentem, não pensam, nem falam.
Mas não é verdade que a tragédia tenha sido evitada. O Benfica não conseguiu evitar a tragédia. A cobertura do estádio – que não aguentou um vento mais forte do que habitualmente – e os detritos caíram mesmo sobre o relvado e as bancadas – pondo em perigo a saúde dos presentes e colocando a nu a falta de condições de segurança do estádio escolhido pela UEFA para receber a Liga dos Campeões 2013-2014. Por isso é que o jogo com o Sporting Clube de Portugal foi adiado.
Outra tragédia foi comunicacional. No Estádio da Luz, as 65 mil pessoas que pagaram o seu bilhete estiveram mais de 30 minutos à espera de informação sobre o que estava acontecendo. E sobre o que poderia acontecer. Um exemplo de má comunicação da organização do jogo, a cargo do Benfica. Para que serve um “speaker”? Será só para fazer a festa, para apresentar passatempos e para animar a equipa da casa em momentos de aperto? Não, obviamente.
Volto a partilhar com honra e satisfação, mais uma obra prima de Luís Paulo Rodrigues. Comentários?! Não, obviamente.
Leoninamente,
Até à próxima
Palmas para o autor...
ResponderEliminarE mais uma a pôr a nu...a porcaria de jornalistas (com raríssimas excepções...) que temos em Portugal..!!
Num país "a sério" o jornalismo de investigação até já teria descoberto as luvas pagas para a construção em tão mau estado da lixeira sem luz...!!
SL