quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Os "bichos caretas", as naturalizações e a dignidade



“No Brasil, há quem pense que sou português, mas não sou. É impossível. Mesmo que alguém me procurasse para me naturalizar eu recusaria, pois o meu sonho é o Brasil. Tenho a certeza que um dia irei vestir a amarelinha”.
(Fernando, ao Globesporte, Janeiro 2013)


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Numa sublime operação de cosmética, a que Ribeiro Cristovão aqui chama e bem, de "trocas e baldrocas", o brasileiro Fernando, que morria de amores pela amarelinha, passou em meia dúzia de meses e a caminho dos 27 anos, para português Fernando, desejoso de colocar as quinas ao peito e porventura amanhã, lutar com a última pinga de suor e de sangue, contra o seu "escrete".

E a generalidade da nossa subserviente comunicação social, em vez de encaminhar, com dignidade, este caso para a sargeta do esquecimento, lá vai fazendo campanha no sentido do actual seleccionador nacional, oferecer ao "duplo patriota" a última bóia para a salvação e glorificação de uma carreira, quiçá o passaporte para o Reino Unido, onde só entram internacionais, ao contrário do que se passa na pátria lusa, onde uma Federação sem visão de futuro, vai permitindo que qualquer "bicho careta" sul-americano ou dos Balcâs, nos entre pela porta dentro para atrasar ou impedir a evolução do talento que por cá ainda vai surgindo.

Em Maio saberemos com que linhas se cosem as propaladas "coerência e inflexibilidade" do actual seleccionador nacional. Mas as perspectivas são tenebrosas ou... lúgubres.

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Pois são...as perspectivas, são mesmo muito tenebrosas...
    É pena que não haja mais jornalistas a tratar os problemas do futebol, com a objectividade que Ribeiro Cristovão usa sempre...!!

    É o que se chama...: "chamar os bois pelos nomes..."

    SL

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    1. Amigo Max, temo que não haja nada a fazer a uma classe de "jornaleiros" sem dignidade, talento, visão e competência!...

      Nunca gostei dos ingleses, talvez por defeitos educacionais ou de regime político em que fui obrigado a viver grande parte da minha vida. Mas quando chega a hora de colocar em equação a dignidade, reconheço-lhes aquilo que faltará ao povo a que pertenço e que, infelizmente e porventura sem remédio, tantas vezes nos envergonha.

      SL

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