Quais vertigens, qual pressão, qual candidatura, quais influências arbitrais e "negócios escuros" dos corredores do "sistema", qual carapuça! Ontem 37.455 espectadores, a que deverão justamente ser subtraídas algumas centenas de belenenses, nem por um momento sentiram qualquer coisa parecida com isso. Tanto os que estiveram no relvado, como os cantaram, gritaram, dançaram e aplaudiram com uma alegria esfuziante nas arquibancadas quase repletas de Alvalade, nem um único se preocupou com esses "bichos papões" inventados por uma comunicação social, engasgada e perversamente resiliente, à aragem fresca e agradável de um novo futebol, que partindo do covil do leão, parece anunciar uma nova forma de viver este fantástico desporto de multidões.
A crise económica que a todos afecta, a distância que me separa de Alvalade e as horas absolutamente impróprias para a realização dos jogos, há um bom par de semanas que me vinham afastando do meu Lugar de Leão, pese embora o facto que me deixa dormir tranquilo, de ter sido dos primeiros a adquirir antes da época começar a minha "gamebox". E nessa condição tenho assistido aos jogos do meu glorioso Sporting Clube de Portugal, sentado no meu sofá, de auscultadores nos ouvidos para não incomodar a família e de olhos pregados no plasma, que por muito grande que seja e por acaso até é, não me dá a dimensão correcta do que está a acontecer no relvado.
Ontem, sentadinho no meu inegociável lugar, no meio dos meus irmãos leões, sem os impertinentes e facciosos comentários de comentadores, quase todos incompetentes e sectários, de camisola vermelha vestida sem pudor ou vergonha e com uma visão global e completa das "operações" que se desenrolavam no felizmente sofrível relvado de Alvalade, pude apreciar o espectáculo produzido por uma inacreditável "equipa de tostões", comandada finalmente, por um treinador na verdadeira acepção da palavra, a que os adeptos começam a prestar a justa homenagem, exibindo tarjas de gratidão e reconhecimento.
E com o decorrer do jogo, deixei para os experts a análise das tácticas e a discussão das dinâmicas e entreguei-me ao delicioso prazer de apreciar o funcionamento harmonioso dos leões de Jardim, espalhados com critério por todo o terreno de jogo e interpretando as ideias do "professor", como se fosse a coisa mais simples do mundo e como se nem precisassem de o fazer de olhos abertos. E a certa altura, vendo Rui Patrício quase a meio do nosso meio campo, os dois centrais bem metidos no círculo central, os laterais a evoluirem quase junto da linha final, todos os médios asfixiando a equipa adversária e os alas e o ponta de lança em diabólica dinâmica de movimento, autêntico "carroussel mágico" dentro da área adversária, na procura incessante de golos e mais golos, durante todo o tempo que demoraria a esgotar o cronómetro de Hugo Pacheco.
Mas de repente, acontece um golpe daqueles em que o futebol é fértil e um pontapé para frente, coloca a equipa antes encostada às cordas em posição de contra ataque e adivinha-se a aproximação do perigo na área da baliza à guarda de Rui Patrício. E como num golpe de mágica, em menos tempo que demora a esfregar um olho, o "harmónio encolhe" e cada leão está no seu posto, com a defesa coberta pela linha de médios e os homens do ataque, de mangas arregaçadas e como se tivessem asas, a estabelecerem uma imediata primeira barreira à investida e a promover a imediata recuperação da bola. Então, perguntei a mim próprio, mas que pôrra de táctica é esta?! Onde é que eu já vi isto?!...
Mas de repente, acontece um golpe daqueles em que o futebol é fértil e um pontapé para frente, coloca a equipa antes encostada às cordas em posição de contra ataque e adivinha-se a aproximação do perigo na área da baliza à guarda de Rui Patrício. E como num golpe de mágica, em menos tempo que demora a esfregar um olho, o "harmónio encolhe" e cada leão está no seu posto, com a defesa coberta pela linha de médios e os homens do ataque, de mangas arregaçadas e como se tivessem asas, a estabelecerem uma imediata primeira barreira à investida e a promover a imediata recuperação da bola. Então, perguntei a mim próprio, mas que pôrra de táctica é esta?! Onde é que eu já vi isto?!...
E, de repente, lembrei-me quando, como e onde, eu tinha assistido a um filme com a mesma dimensão. Esse filme foi apelidado de "laranja mecânica", o realizador dava pelo nome de Rinus Michels e passou pelas salas de todo mundo entre 1974 e 1992, ficando-me para sempre na memória os protagonistas principais da medalha de prata do Mundial de 74, Cruyff, Rensenbrink e Neeskens e aqueles que alcançaram o ouro no Euro 88, Rijkaard, van Basten e Gullit. Foi o tempo do futebol mais sublime que alguma vez me foi dado ver e que ficou universalmente conhecido por duas palavras mágicas e porventura irrepetíveis: FUTEBOL TOTAL!...
Pois bem, meus amigos, espero que me perdoem esta galvanização própria de quem apenas consegue ver verde à sua frente. Mas o jogo a que ontem assisti em Alvalade, trouxe-me "nuances" dessa já distante "invençâo" de Rinus Michels. Não sei se estaremos a assistir à concretização de um outro sonho de Leonardo Jardim, que terá nascido na sua mente nos tempos de faculdade, enquanto foi bebendo a "obra de arte" produzida por esse holandês mágico. Não sei se estará a sonhar demasiado alto ou até num patamar utópico, atendendo à quase trágica situação económica-financeira do Sporting Clube de Portugal. O que sei é que o sonho comanda a vida e que jamais cometerá qualquer crime todo aquele que se recuse a amarrar os seus sonhos.
E sei também que pouco ligarei aos epitetos que seja quem for entender colocar-me, apenas porque julguei ontem ver o meu Sporting perseguindo o sublime FUTEBOL TOTAL !...
Leoninamente,
Até à próxima
Ahahahah...é o delírio na mente desta gente!!!...ahahah
ResponderEliminarRi sempre melhor quem ri por último!...
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