quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Maurício, o xerife da defesa sportinguista !...


As leis do xerife Maurício

"1 - A complexidade dos processos que orientam os elementos defensivos de referência no futebol europeu, costuma atrasar a imposição de quem atravessa o Atlântico. Deste lado, o jogo é mais dinâmico e exige mais versatilidade; requer mecanismos precisos de articulação colectiva e obriga a reeducar qualidades que se davam como adquiridas. Nos anos 80, Portugal acolheu alguns dos melhores centrais brasileiros de sempre e todos demoraram a mostrar-se na plenitude, confrontados com novas e delicadas exigências. Todos menos Aldair, jogador com limitações de vária ordem, opaco e inestético, mas que chegou, viu, venceu e ao fim de um ano transferiu-se para a AS Roma, clube que representaria durante 13 épocas, grande parte das quais como figura de primeira grandeza do calcio.

2 - Em causa estão diferentes modos de entender o futebol. Maurício, que tem excelente compleição física e um jogo de cabeça fortíssimo, soube ultrapassar em poucas semanas obstáculos que outros levaram meses e até anos a conseguir. Habituado a jogar em espera e com deslocamentos curtos, evoluiu no acerto de diagonais profundas e na forma como enfrenta os adversários mais à frente. Se antes definia o momento de entrada aos lances na sua conclusão, hoje está familiarizado com acções mais amplas e variadas; se passou a maior parte da carreira dependente da eficácia nos duelos individuais, agora viu-se obrigado a assimilar a ideia de sistematização sectorial e a sentir as vantagens de ordem e simetria, para que todos os elementos do sector se movimentem e ajam como se fossem um só.

3 - Em 1974, Marinho Peres foi contratado pelo Barcelona na qualidade de central e capitão da selecção do Brasil. No final do primeiro treino de conjunto em Camp Nou, o lendário Rinus Michels leu-lhe a sentença: “Muito bem Marinho. Só há um problema: vai ter de fazer isso tudo 25 metros à frente”. Trata-se de um bom exemplo para sublinhar o desfasamento entre o jogo sul-americano e o europeu – diferenças que, de um modo geral, se mantêm quatro décadas volvidas. Maurício comete cada vez menos erros conceptuais, porque está a aperfeiçoar o domínio das distâncias entre sectores e jogadores, a aplicar as regras de compensação e a calibrar a defesa do espaço. De resto, lances como o do Dragão, onde cometeu penálti infantil sobre Alex Sandro, por ter perdido o sentido de orientação, não se repetiram.

4 - Maurício não tem recursos técnicos à altura dos grandes centrais, muito menos pertence à dinastia que a história acolhe como referências eternas; mas tem revelado qualidades que lhe permitiram adaptar-se melhor e mais depressa a uma realidade diferente daquela onde nasceu, cresceu e se fez jogador. Afinal, os fundamentos para a sentença definitiva como central sem passado nem futuro, oriundo do escalão secundário do Brasil, sustentavam apenas o preconceito à volta de quem viveu dificuldades transitórias comuns a estrelas mundiais nas mesmas circunstâncias. Maurício foi rápido a assimilar radical mudança de ritmo, intensidade e intervenção no jogo. De tal forma que, estando ainda a conhecer os cantos à casa, já dita leis como xerife da defesa sportinguista...".


Em noites de céu limpo, se levantarmos os olhos, vemos abater-se sobre nós um espectáculo de beleza tão rara quanto indescritível, de luzes diferentes, no brilho, na dimensão, na cintilação e até na disposição e movimentos. Penso muitas vezes, que uma equipa de futebol se assemelhará a essa dádiva da Natureza. Porque também constituída por estrelas, planetas, nebulosas e até satélites artificiais. Mas será sempre o resultado da harmonia colectiva que nos há-de fascinar e empolgar, no desenvolvimento do maior espectáculo do mundo.

Hoje por hoje, o sentimento que une a grande nação sportinguista, no final de cada jogo, seja ele melhor ou menos bem conseguido, será o de fascínio e empolgamento por tudo aquilo que o colectivo leonino oferece aos seus adeptos, fruto de uma nova maneira de estar no futebol, mística se assim entenderem chamar-lhe, conseguida por um líder que vem demonstrando saber o que quer e para onde vai. E no meio de todos os "astros" que gravitam em torno do "astro-rei" que é Leonardo Jardim, quero hoje destacar o brilho de um "planeta", que vem reflectido a preceito, a luz que recebe do sol que lhe dá vida e que nele parece depositar a confiança que poucos lhe atribuiriam à chegada: Maurício dos Santos Nascimento

Rui Dias, no excelente texto que reproduzi acima, terá colocado o telescópio na posição correcta, para conseguir descrever os atributos e as virtudes de Maurício. Não será uma estrela como muitas que na sua posição já brilharam em Alvalade. Mas, para Jardim desde sempre, e para a fantástica massa adepta leonina, em cada jogo que vai realizando, começa a ser um caso sério de esforço, dedicação e devoção, a uma causa tão nobre e tão sagrada, que devagarinho, mas persistentemente, vai começando a reservar um lugar nos nossos corações.

Obrigado Maurício! No céu que limita os nossos horizontes, nunca caberão apenas as estrelas! Os "astros" como tu, sempre serão tão ou até mais necessários, para a construção de UM CÉU DE CAMPEÕES !...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Uma das maiores virtudes, para mim, do Leonardo Jardim, tem sido a sua capacidade para estruturar a equipa...
    O que demontra a capacidade de um bom treinador, não será colocar a jogar 11 estrelas, mas sim em fazer uma equipa "brilhar" com as luzes das estrelas dos planetas...e até dos cometas...
    É por isso que outros, mesmo tendo a seu dispôr outros "astros", se não contarem a cada momento mais escuro, com o brilho das nubelosas arbitrais...sujeitam-se a ser "estorricados" dentro do autocarro pelos veryligts dos adeptos "mal habituados..." ...
    Maurício sem ser uma estrela de 1ª grandeza, já desmonstrou subejamente, que não é dos que viram a cara à luta e com quem se pode contar, "como peça" de uma engrenagem que se quer bem oleada e a girar no sentido certo...!!

    Outros há como ele que "se entregam" até ao último folego no papel nem sempre fácil, de actores desta epopeia verde...

    Ainda não perdi a esperança por exemplo...de ver Carrillo a "engrenar" com intensidade total...
    Quando isso acontecer...aí teremos um astro novo a brilhar...
    O que se pede é que todos eles, consigam por osmose...mostrar que com o Esforço a Dedicação e a Devoção... mais tarde ou mais cedo...se atingirá a Glória...

    Sporitng Sempre...!!

    SL

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    1. Estimado amigo Max, nenhum grande treinador de futebol, começou por treinar estrelas! Todos começam com o espírito do artesão, que parte de materiais modestos e os enobrece e dá vida, com arte, talento e inteligência. Um dia, se porventura se cruzar com a fada boa do destino, em vez de espatifar o "mármore de Carrara exportado de Estremoz" e reduzi-lo a cacos, produzirá, é quase certo, uma obra de arte, que o mundo admirará!...

      Carrillo poderá ser muito bem um diamante bruto, que apenas espera a arte do lapidador. Quer-me parecer que Jardim ainda não desistiu dele e a nossa pressa, sendo compreensível, também não ajudará. Mas também acredito no amanhã de "La Culebra"!...

      Entretanto, todos os "maurícios" serão poucos, para prosseguirmos a caminhada...

      SL

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