João Sanches |
Renovação ou castigo: é uma questão de respeito
Entre perder talentos como Ilori ou Bruma a troco de migalhas, ou deixá-los definhar na B, qual é a dúvida?!...
Novo defeso, velha novela. Se o Sporting está outra vez metido em trabalhos, desta feita por causa das renovações dos contratos de Bruma e Ilori, as quais não andam nem desandam por falta de sintonia com o agente que representa os jogadores, tal só acontece por culpa do próprio clube: não se soube dar ao respeito num passado recente. É recuar até ao verão quente de 2010, quando João Moutinho fez birra para trocar o emblema que o revelou por uma equipa que o pusesse sempre cara a cara com a hipótese de sucesso. Ao amuo, o Sporting respondeu como se sabe, "despachando" o capitão para o rival FC Porto. Há um ano tivemos outro caso, com Adrien no papel principal: à entrada para a última época de contrato, forçou ida para outras paragens. O clube era incapaz de domesticar as suas crias. O médio-centro acabou por renovar, bem pago, mas se hoje se fala do muito que ganha, isso já é consequência do terrível aproveitamento técnico-táctico que só Jesualdo Ferreira teve sabedoria para corrigir - e então viu-se um novo (ou o verdadeiro) Adrien. A meio da última temporada, outro dissabor, com Pedro Mendes, mais um miúdo da casa, a fazer uma espécie de manguito: durante um mês alimentou a expectativa de renovação, mas... já estava comprometido com o Parma. Logo foi atirado para a equipa B, para onde até poderão cair Ilori e/ou Bruma, se com a idade que têm não forem capazes de respeitar quem lhes deu de comer e abrigo. Entre perder talentos a troco de migalhas ou castigá-los, qual é a dúvida? Há exemplos que não se podem reprimir.
(João Sanches, in "O Jogo")
Apenas hoje tive a oportunidade de ler este excelente artigo de João Sanches, que há muito me habituei a apreciar, pela lucidez e equilíbrio, na sua coluna de opinião de "O Jogo". Hoje o tema é um dos mais candentes na actualidade do Sporting e o jornalista aborda-o com o pragmatismo que lhe é peculiar, sendo que os afectos lhe terão ditado a dureza que o texto revela, que partilho, aplaudo e me levou a trazê-lo aqui.
Poucas excepções haverá em toda a extensa prole que vive e cresce na nossa Academia, que permaneça fiel a valores tão sagrados como a gratidão e o reconhecimento. Grande parte da "meninada" que o Sporting vai formando ao preço do ouro, dorme bem para o lado contrário e adora as melodiosas cantorias de todas as sereias de voz maviosa que lhe surjam pela frente. A isso se habituou nos últimos anos, sem qua alguma vez alguém tivesse a coragem de lhes dizer que o mundo vai muito para além do seu umbigo. E naturalmente, habituados e estimulados a sonhar alto, sem a mais pequena réstea de contraditório e sem se aperceberam que muita coisa mudou ultimamente, continuam estupidamente em busca de horizontes inatingíveis ou mesmo perdidos, persistindo na cegueira que os tem caracterizado.
Vai ser doloroso o processo de aprendizagem e a "profecia" de João Sanches será, muito provavelmente o mal menor que lhes acontecerá! Estará a nascer na Academia, o purgatório que nunca lhes terá sido mostrado, como expiação dos seus pecados: a equipa B!...
Leoninamente,
Até à próxima
A equipa B como purgatório...?
ResponderEliminare porque não as bancadas...?
Um jogador como Ilori, que tem mais duas temporadas pela frente e que actualmente não deve ter um vencimento daqueles que a quem tem pouco dinheiro faz pensar duas vezes (como aconteceu com o Moutinho, que se não fora o ordenado de luxo que acabou por ganhar no Sporting, deveria ter ficado a estiolar na bancada até ao fim do seu contrato com o Sporting...)...
Pois o que lhe deveria acontecer se continuasse na exigência de um ordenado incompatível com o estatuto que tem, porque pode vir a ser um grande jogador, mas presentemente para além de se lhe pressagiar uma possível grande carreira, o que tem de grande...é para já, a altura...
Como eu ia dizendo...se fosse eu a mandar, treinaria todos os dias com a B...e depois veria os seus colegas de treino a partir da bancada...
Creio não haver nada que proíba um jogador de treinar e não jogar...desde que lhe paguem no fim do mês...
É que se não forem postas trancas à porta, acabaremos sempre por ir reforçar os ferrolhos...depois da porta arrombada...!!
Talvez um possível tratamento destes, os faça pensar duas vezes...antes de "morder a mão do dono" (salvo seja...)...
É isso mesmo que João Sanches e eu próprio pretendemos dizer!...
EliminarPode custar muito tomar tal decisão, mas se não deixarem alternativas, o que tem de ser tem muita força!...
SL