Mais uma vez a lucidez e o sportinguismo de Daniel Oliveira surgem imponentes na sua excelente crónica que o jornal Record hoje publica. Mesmo no meio da convulsão turca, que neste momento acompanha atentamente com a sua manifesta e sublime capacidade de análise, este sportinguista exemplar e participante, não esquece um dos seus grandes amores, o Sporting Clube de Portugal.
De há muito me habituei a beber os seus textos com sofreguidão leonina. Porque quase sem excepção, eles reflectem muito daquilo que penso sobre a actualidade do Sporting. O alerta que hoje deixa a Bruno de Carvalho, lembra-me as razões que conduziram Napoleão e Hitler aos seus históricos fracassos. Abrir demasiadas frentes de batalha, pode condenar Bruno de Carvalho ao fracasso que nenhum de nós deseja.
Todas as guerras
Sim, Pinto da Costa não é confiável. Não pelos títulos que arrecadou para o seu clube, quase todos merecidos. Mas pela cultura de opacidade que promove e “esperteza saloia” que cultiva. A isso junta-se uma postura que desrespeita a dignidade dos adversários e que dá o pior exemplo possível aos adeptos. O que aconteceu na final da Taça de andebol é só mais uma demonstração disso mesmo. Os sargentos tendem a imitar, em pior, os seus comandantes. Sim, o excessivo peso dos empresários prejudica o futebol e os clubes.
Quando Pini Zahavi pressiona o Sporting, através da comunicação social, para este dar a Bruma mais do que pode, usa como arma a representação de mais 14 jogadores leoninos, alguns em momento de renovação, transformando os jogadores a quem o Sporting paga, e não ele, em meros peões. Sim, o Sporting esteve muito bem na negociação com a banca. Usou o seu poder público, que lhe é dado pelos adeptos, para conseguir um acordo decente. Pode mesmo dizer-se que foi uma lição para o país: dever dinheiro não quer dizer que se tenha de estar de gatas perante os credores.
Tendo razão em todas estas frentes, só tenho um receio: que Bruno de Carvalho esteja a abrir demasiadas guerras em simultâneo. Aplaudo a vontade de mudar a imagem do clube. Compreendo que queira devolver amor próprio aos sportinguistas e conquistar o poder interno. Mas na política, e suponho que no futebol é igual, aprende-se a não comprar todas as guerras ao mesmo tempo. A medir as forças que se tem e esperar para o momento melhor para cada uma. Espero que Carvalho se saia bem em todas. Porque deve saber que, no fim, as guerras que contam são as que se ganham. A firmeza é importante. Mas pouco são os que a valorizam quando não acaba em vitória.
Leoninamente,
Até à próxima
Concordo quase em absoluto com o exposto...
ResponderEliminarPerante a velha máxima de que "esforço não é desempenho..." revejo-me, em parte, na analogia bélica de que no fim apenas contam os vencedores... É uma verdade, estatísticamente, insofismável... porém (e aqui é que está o 'pequeno' desacordo) nem sempre quem ganha em quem o merece... no sentido e na forma como o conseguiu... e nós bem o sabemos, ou já nos esquecemos...!?!?!). Não consigo atribuir mérito ao vencedor quando se percebe que não o conseguiu honestamente... mesmo que no fim... até aparente ser o melhor conjunto com os melhores jogadores..., ..., ...,
Se no inicio aniquilam as hipóteses dos outros não é com compensações fora de tempo que se vão redimir... É que parar um veículo em andamento e com um avanço considerável é muito complicado... senão impossível... Como tal o melhor é cortar logo o mal pela raiz ao início... e é isso que nos tem acontecido nos últimos anos...
E neste particular... aos andrades (e aos que se lhes querem suceder) não se lhes pode, apenas, ser dado o mérito da conquista final sem que façamos a análise de como a coisa se conquistou...
Independentemente da mestria que lhes possamos reconhecer... (e o pinto têm-na... objectivamente) é preciso não esquecer toda a nojenta corja por eles montada e que queremos descontruir... corja essa que, de forma ilícita estruturou e serve de cofragem ao império que hoje toda a gente inveja...
Creio que o nosso general está ai para os combater... Entendo a questão da guerra aberta em várias frentes... poder desviar as forças e indiciar uma falta de estratégia... São palavras sábias de quem vivenciou, por dentro, essas necessárias manhas... Porém quero acreditar que ela, a estratégia, está bem definida e que nada estará a ser feito por impulso... (ainda que possa aparentar...)
E se é para ir prá guerra... Se é preciso travá-la... Então quanto mais cedo a começar... mais cedo ela terminará... penso eu de que...!!!
Caro ZE,
EliminarA questão central não se colocará nas batalhas que deverão ser desencadeadas. Em Daniel Oliveira, no meu caro amigo, em mim próprio e em centenas de milhares de sportinguistas, nenhumas dúvidas haverá sobre as múltiplas batalhas que necessariamente teremos de travar. A grande decisão que temos para discutir será sempre sobre o tempo certo para o seu início e dos benefícios ou prejuízos da sua simultaneidade.
Diz-se na minha Bairrada, "que as cadelas apressadas parem cães cegos"! A pressa de avançar para demasiadas frentes ao mesmo tempo, poderá ser perniciosa. Uma certa contenção e o estabelecimento rigoroso de prioridades, nunca farão mal a ninguém...
SL
Tem razão o Daniel Oliveira na sua análise e tem-na o "ZE", na maneira como desenvolve a sua ideia...
ResponderEliminarPara mim, é uma situação muito complicada a que se somam dia a dia mais alguns elementos, para já...:a ida para a justiça dos funcionários que não aceitam a rescisão, muito em especial dos que têm direito a grossas indemnizações (como era fácil no Sporting, esbanjar dinheiro, quer em indemnizações, quer em contratos...)e agora a última hoje noticiada da ida para Tribunal de um "grande sportinguista" que dá pelo nome de Pedro Baltazar...
Teria sido esta Direcção a não cumprir...?
- Então porque deixou descansado o Godinho e se atira agora ao Bruno...?
Há uma situação referida no comentário do "ZE" que eu muitas vezes costumo referir...: para aferir das vitórias do Porto, há que analisar como se chegou lá...!
Uma das coisas que sempre me habituei a ouvir louvar, era a "maneira profissional" como os jogadores do fêcêpê "se atiravam" às jogadas como se fosse a sua última ...
A todos eu referia uma coisa...: os jogadores azuis, por norma podiam entrar às jogadas como lhes apetecesse (e apetecer...), sabendo que a equipa de arbitragem vai deixar seguir a jogada...
Por outro lado, o jogador adversário, sabe que não pode entrar de qualquer maneira, porque para além da possível falta, poderá ainda ser mimoseado com um cartão amarelo ou mesmo vermelho...
Nestas circunstâncias é óbvio que um entrará a medo e o outro absolutamente descansado...
Não é muito difícil descortinar, quem vai sair vencedor da jogada...e enquanto que de um jogador se dirá que é um profissional que não vira a cara à luta...o outro será assobiado no mínimo, e mimoseado com um chorrilho de palavrões...
Olha... estamos em guerra...
Vamos lá cavar trincheiras...!!
Se eu pudesse ao menos pôr ao serviço do Sporting os meus conhecimentos de dezanove meses de guerra de guerrilha no Norte de Moçambique...ia já à procura do camuflado que ainda deve estar algures perdido lá pelo sotão...!!
Força Bruno...!
Força Sporting...!!
Caro MaximinoMartins,
ResponderEliminarPenso que o amigo, tal como o ZE, se terão desviado um tudo nada da questão central. Penso também que a minha resposta ao comentário do ZE, servirá também para o meu amigo.
E sobre a abertura de demasiadas frentes de batalha, a sua experiência de tanto tempo na guerra de guerrilhas no Norte de Moçambique, certamente que confirmará a tese que Daniel Oliveira e eu próprio defendemos e que o nosso sábio povo tão bem traduz, na expressão "quem muitos burros toca, algum fica para trás"!...
Mas perdoar-me-á que não considere a guerra em que o Sporting estará envolvido, uma guerra de guerrilhas, que a história nos diz que jamais poderá ser vencida. A guerra de guerrilhas assenta no pressuposto básico do apoio das populações em que se desenrola. Foi assim no Vietnam, Cuba, Argélia, Angola, Moçambique e por aí fora. E não me parece que o "sistema" em que assenta o controle do futebol nacional, seja resultado de acções de guerrilha. Penso que se baseará muito mais nos métodos mafiosos sicilianos e temo que para se iniciar o seu processo de destruição, seria condição absolutamente necessária, o aparecimento em Portugal de um procurador da estirpe de Giovanni Falcone, cuja acção e independência estiveram na origem do maior golpe até hoje perpetrado contra o crime organizado em Itália. Certo que Falcone acabou por ser assassinado por aqueles contra quem lutou denodadamente, há mais de 20 anos. Mas as sementes ficaram. E o ar que hoje se respira na Sicília, nada tem a ver com aquele que respiravam então os sicilianos.
Proponho-lhe a leitura seguinte:
http://gilsonsampaio.blogspot.pt/2012/05/brasil-e-italia-as-mafias-e-o-crime.html
Ora, tendo em conta o processo "Apito Dourado", verificamos hoje que ter-se-á perdido a melhor oportunidade para destruir o "mafioso sistema" que de há muito controla o futebol português. Porquê?! Porque a magistratura portuguesa se vendeu por um prato de lentilhas! Porque juízes e procuradores preferiram a prática de "sexo oral" aos próceres do sistema, que assumir a coragem de Giovanni Falcone, muito provavelmente porque recearam imitar-lhe o fim.
Posto isto, como se poderá combater a mafia que comanda o nosso futebol?! Não amigo, não será "desenterrando" o seu camuflado do baú do sótão! Tenho para mim que todos teremos de esperar. Esperar que D. Corleonne morra. Esperar que nasça em Portugal um novo Giovanni Falcone. Esperar por uma nova geração da classe dos jornalistas, dos árbitros, dos observadores e dos dirigentes. Esperar que o sistema caia de maduro. Mas o melhor será esperar sentados. Entretanto, estrebucharemos, como está fazendo Bruno de Carvalho. Denunciaremos, aqueles que puderem e tenham coragem para isso, cada atropelo que constatarmos. E continuaremos a esperar...
Mas entretanto, organizarmo-nos. Tornarmo-nos mais fortes e discutir, mesmo com armas desiguais, os campeonatos, as taças, os títulos!... Porque a melhor vacina para a erradicação do sistema, será celebrar títulos na própria casa dos corruptos...
Abraço e SL
Tem toda a razão o meu amigo,a referência a ir à procura do camuflado foi uma forma figurada de dizer que é necessário arregaçar as mangas, pôr as mãos nos quadris e esperar a arrancada...para pegar o dito de caras...!!
ResponderEliminarÉ verdade que abrir muitas frentes de guerra, limita a capacidade de responder aos ataques do inimigo, por dispersão de frentes e forças...
A não ser que o poder da resposta esteja alicerçado num potencial de força imensamente superior ao do inimigo...
Infelizmente, os inimigos são muitos e poderosos e nem vale a pena estarmos aqui a alinhá-los, pois basta referir dois dos principais...:
- O sistema (onde cabem apitos de várias cores e formatos e seus apêndices...)
- E a situação de quase banca rota em que se encontra o Sporting...
(nem valerá a pena referir, muitos que se dizendo "verdes", estão desejando que tudo corra mal a BC...)
Abrir muitas frentes de luta contra tudo e contra todos, não vai ser fácil, nem nos levará a coleccionar muitas vitórias...!!
É pena que existam muitos adeptos (que se dizem)sportinguistas... que estão a espalhar pelos diversos espaços verdes na Net, a ideia de que pelo facto de o Bruno Carvalho ter denunciado a situação que se estava a passar no Sporting, que o levou a ganhar as eleições contra um presidente, que aos poucos vamos sabendo, cuidou pouco dos interesses do Sporting, lhe é exigível tudo e mais alguma coisa...e a curto prazo...
Exigir agora ao BC, uma vez que ganhou as eleições, que pague todas as dívidas a tempo e horas, como se houvesse petróleo em Alvalade, é para além de uma exigência inconcebível, a demonstração clara, de que essas pessoas não amam verdadeiramente o Clube, mas apenas querem numa atitude revanchista, atacar BC...porque ousou desmascarar toda a pouca vergonha levada a efeito nestes últimos 20 anos, mas mais acentuadamente nesta penúltima direcção que desgovernou o Sporting...
É engraçado eu estar aqui a defender com unhas e dentes o BC (que até conheço pessoalmente), mesmo não tendo votado nele...mas a verdade é que ele é agora "o meu Presidente", porque é ele que preside aos destinos do Clube de que gosto e por isso o defendo tão determinantemente...
Desejando não ter de deixar de lhe dar o meu apoio, se concluir que ele não defende convenientemente o Sporting, o que por enquanto e felizmente, não me parece o caso...!!
Aliás, eu apoiei Godinho Lopes, até concluir que ele não defendia os interesse do Clube...aí acabou...