O presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting Clube de Portugal, Bacelar Gouveia, recentemente eleito, veio hoje produzir afirmações que, muito naturalmente, farão parte de uma estratégia comunicacional que terá sido delineada pela nova liderança leonina, tanto no que respeita à mensagem que deverá ser transmitida aos sócios e adeptos sportinguistas, quanto ao próprio mensageiro que a veicularia para o exterior.
Bacelar Gouveia não será um vulgar cidadão que necessite de se colocar em bicos de pés, para conseguir junto da CS os seus 15 minutos de fama, em busca de qualquer afirmação pessoal. Foi um político respeitado, um proeminente constitucionalista e ocupa cátedra importante numa das mais conceituadas universidades portuguesas. Terá acedido ao pedido de Bruno de Carvalho para fazer parte das suas listas, pela consideração e reconhecimento das capacidades deste e pela sua própria coragem e sportinguismo, que nem a dramática situação actual do Sporting conseguiu fazer demover.
Por isso as afirmações que hoje terá produzido, obrigatoriamente farão parte de uma estratégia perfeitamente elaborada e concertada entre todos os responsáveis leoninos e significarão um sério prenúncio de tudo o que se vem adivinhando como intenção próxima e inabalável dos mesmos. Por um lado veio reforçar a posição do Sporting Clube de Portugal, que Bruno de Carvalho já anteriormente tinha afirmado categoricamente, sobre a delicada questão que envolve toda a arbitragem portuguesa e deixar mais um sério aviso de que o Clube não estará disposto a tolerar por mais tempo o desrespeito com que continua a ser tratado.
Por outro lado, terá anunciado que estará por aí a rebentar a reestruturação profunda de todo o aparelho administrativo e técnico nas mais variadas e específicas vertentes, causas mais próximas do descalabro da sustentabilidade económico-financeira do Sporting Clube de Portugal. Quando afirma que o Presidente, "vai ter de tomar decisões difíceis, que podem não agradar a certas
pessoas ou interesses instalados" e adianta que "os verdadeiros sportinguistas
esperam que essas decisões sejam tomadas rapidamente", sendo que se torna "essencial que os sportinguistas confiem na Direção que está a
fazer o seu trabalho, porque é um trabalho de negociação e é preciso encontrar uma
solução para os problemas, que possa dar tranquilidade ao clube e deixar para o
passado um conjunto de erros de gestão", disse-nos quase tudo sobre as intenções de Bruno Carvalho no curto prazo.
Com uma semana passada sobre o acto de posse do Presidente, já são bem visíveis na blogosfera sportinguista, por parte daquela franja que, embora manifestando uma hipócrita "solidariedade" revela em cada nuance o seu "mau perder", as criticas ainda "camufladas" de menorização da proximidade e galvanização por parte de Bruno de Carvalho junto da equipa principal, face a uma pretensa inacção nos aspectos mais relevantes da vida do Clube. Os saudosistas da "continuidade" já estão a trabalhar por aí e irão continuar, ainda que apregoando hipocritamente a união de toda a família sportinguista. É inaudito e doloroso assistir a tudo isto, como se os demais sportinguistas precisassem que alguém lhes assobie para beberem água. É uma pena e um atentado à inteligência dos sportinguistas, que alguns de entre nós, continuem a pensar que todos os outros não são capazes de lhes adivinhar os pensamentos e intenções. Porque será que a presunção e a água benta andam sempre de braço dado?! Quando deixará de haver no nosso seio este comportamento tão reaccionário?! Quando conseguiremos erradicar do nosso ADN esta característica tão primária, vil e daninha?! Como poderá o Sporting Clube de Portugal recuperar a sua grandeza, enquanto os sportinguistas não crescerem?!...
Leoninamente,
Até à próxima
Caro Álamo
ResponderEliminarSei que sabe que na centenára história do SCP sempre existiram opiniões divergentes e que essas nem sempre foram pela parte destrutiva, antes pelo contrário.
Eu, que sou associado há 37 anos, e que me revejo apenas em João Rocha como Presidente do nosso Clube, onde lhe deu um cunho eclético e fez de nós pioneiros em inúmeras coisas. Momentos de glória, esses, os que vivi em criança. Depois disso veio o cariz populista de Jorge Gonçalves e até de Sousa Cintra, até que chegarem os 'tecnocratas', que em 18 anos quase nos dizimaram. Sempre os combati, e creia que a muitos deles nos olhos e até em AG, onde sempre que achei tomei palavra com o tom de criticidade ao que achava que estava mal. Nas últimas eleições apoiei de forma deliberada e aberta a candidatura de José Couceiro. Isso custou-me algumas ofensas até à dignidade vindas de 'sportinguistas' de referência. Não saber respeitar a ideia dos outros é muito feio. Não fiquei minimamente beliscado no meu sportinguismo, acredite. No dia 23 de Março os sócios quiseram que fosse a candidatura de Bruno de Carvalho, Homem e Sportinguista por quem tenho estima desde há anos e em que já tive o privilégio de com ele privar em momentos em que nem sequer o mesmo pensava em candidatar-se. Reconheço-lhe sportinguismo e deu aquele cariz popular de que o nosso Clube precisava. Dizer-lhe que queria que o conjunto de pessoas por ele liderado fosse a lista vencedora estava-lhe a mentir. Foi isso que os sportinguistas quiseram. Que isso tenha sido o melhor para o Sporting, é todo o mal que eu desejo. No entanto, vejo-o a si a falar em hipócritas, entre outros epítetos a alguns consócios. Creia que o clube foi dilacerado por uma 'guerra' fratricida e o meu amigo sabe do que eu falo. Por isso, não podemos ter a memória curta. O que mais quero é que esta direcção faça uma auditoria de gestão, que se julguem os culpados, e que paulatinamente consigamos sair do estado comatoso para onde nos levaram. Agora uma coisa lhe digo. Unanimismos e abanar com a cabeça 'porque sim' não faz parte do meu modus vivendi. Serei um crítico ao que achar menos bem, e creia-me muito atento, como aliás sempre estive.. Seja com Bruno, seja com quem for. Quero o melhor para o Sporting, mas 'carneiro' nem de signo. Abraço. SL
Caríssimo e estimado amigo Juvenal Carvalho,
EliminarO meu obrigado pelo seu comentário, embora dele tenha retirado a penosa ideia de que o meu amigo terá entendido que eventualmente o terei incluído naquela franja de hipocrisia que critiquei. Não haverá a mínima possibilidade de isso corresponder à verdade que pretendi transmitir no meu texto. Pela simples razão de que há muito que conheço a sua posição crítica e oposicionista, contra todos aqueles que atiraram o nosso Sporting para o pântano em que infelizmente hoje se encontra, muito em especial aqueles a quem os sportinguistas, através de um processo doloroso, acabam de retirar o poder.
Para que no seu espírito não subsista a mais pequena dúvida, dir-lhe-ei, preto no branco, que me pretendi referir apenas e tão só, a todos aqueles que ferozmente condenaram o processo que conduziu à convocação da AGE, a todos aqueles que defenderam a continuação de Godinho Lopes, a todos aqueles cujos interesses sempre estiveram instalados sob o "guarda-chuva" do famigerado "roquetismo", a todos aqueles que viram em José Couceiro a "alternativa" única e capaz de lhes garantir a manutenção desses interesses e privilégios e a todos aqueles que no dia 24 de Março, precipitadamente mudaram de trincheira, com armas e bagagens, e passaram a aclamar o novo rei!...
O meu amigo, no meio de todas as razões que me levaram a estabelecer o epíteto de "hipócritas" para um infelizmente razoável número de sportinguistas, apenas terá cometido o "pecado" de apoiar José Couceiro. Pecado que também foi meu, pois que também eu deixei balançar o meu coração entre ele e Bruno de Carvalho, durante uma boa parte da campanha. Ora isso não poderá nunca constituir pecado, nem a inclusão do seu nome no rol de hipócritas. Fique com essa certeza.
A sua nobreza ficou bem patente, quando reconheceu a derrota do candidato que apoiou e expressou publicamente o seu apoio ao novo Presidente. E eu estarei sempre em posição privilegiada para o compreender, porque fiz o mesmo quando há dois anos atrás o meu candidato perdeu e Godinho Lopes foi eleito. Isso jamais será hipocrisia, antes aquele sportinguismo que eu desejaria ver repetido dentro de toda a família sportinguista.
Virando agora um pouco a agulha, dentro do seu comentário, gostaria de lhe dizer que também o que mais desejo na acção que esta direcção possa vir a desenvolver será, exactamente, a questão da auditoria de gestão. Esta terá sido, para além dos atributos de liderança que não reconhecia suficientemente vincados em José Couceiro, a razão que me fez votar em Bruno de Carvalho, já que Couceiro recusou liminar e publicamente avançar para esse caminho. Ao que sei, e o meu amigo porventura saberá melhor ainda que eu, porque mais próximo e bem informado, Bacelar Gouveia já estará a desenvolver os preliminares do processo que não demorará muito a ver a luz do dia. Nem sabe quanto o desejo, para que o nosso desgraçado passado seja enterrado definitivamente e, como repetidamente tantos dos nossos jogadores insistem em dizer talvez porque não sabem ou ninguém lhes ensina a dizer coisas mais interessantes, "com os pés bem assentes no chão, possamos levantar a cabeça" e partir para a desejável "reconstrução" do Sporting!
Finalmente, gostaria de lhe assegurar que este seu amigo, tarimbado por tempo suficiente na luta antifascista de antes e depois do 25 de Abril, embora hoje afastado de quaisquer lutas partidárias, que substituiu pela luta acérrima da verdade e da dignidade do nosso Povo, seria incapaz de ser adepto de unanimismos, cultos de personalidade e endeusamentos bacocos. Copio-lhe o seu "modus vivendi": serei sempre crítico do que achar menos bem e tentarei em cada momento estar atento, se bem que, cá longe, seja incomparavelmente mais difícil de me aperceber dos ecos dos bastidores que não ultrapassam nunca a linha que separa a Grande Lisboa do restante universo sportinguista. Dir-lhe-ei também, que quanto a signos, o acompanho na recusa: sou Gémeos!...
Um grande abraço e SL