terça-feira, 30 de abril de 2013

Exibicionismo bacôco, ou crise de identidade?!...

Onde estará o talento, nos pés ou na cabeça?!...

"... Olhando para estas equipas vemos de facto o que querem e o que pretendem. Para isso contam com jogadores bem constituídos, cabelo curto e aspecto normal, sem tatuagens, anéis, brincos ou outros artefactos, apenas focados em dar o seu melhor em termos individuais para servir o colectivo.".
 
Este trecho da crónica de Júlio Magalhães, despertou-me o desejo de abordar uma matéria que há muito me baila no espírito. Melindrosa, porque colide irremediavelmente com o direito de cada um a construir a imagem que de si próprio apresenta ao mundo que o envolve. Mas que jamais retirará aos alvos dessa mesma imagem o direito, que também lhes assiste, de gostar ou não! Sendo no entanto insofismável que, à margem da relação que possa existir entre quem recebe a imagem e quem a produz, a dispersão da atenção do produtor por campos absolutamente à margem do essencial, nunca será, em meu entender, recomendável.
 
Comungo com Júlio Magalhães o culto da "normalidade do aspecto exterior" que as figuras públicas, no caso vertente, os jogadores de futebol, deveriam cultivar. Sempre que vejo um jogador de futebol, carregado de tatuagens por todo o corpo, com arrepiantes cortes de cabelo e adornado por uma parafernália de "anéis, brincos e outros artefactos", penso que o espalhafato da sua imagem sempre terá resultado de uma inevitável manifestação de deficiências individuais próprias, sejam elas de carácter técnico/desportivo, ou da humildade de ascendência, ou de limitações do meio em que se desenvolveram e fizeram homens e, concomitantemente, dos reduzidos índices educacionais e culturais que lhes foi permitido absorver. Por outras palavras, porventura de extrema dureza mas de irrefutabilidade garantida, por detrás de todo o caricato de uma imagem, estará sempre uma pobreza qualquer.
 
Júlio Magalhães fala e bem, de que nas grandes equipas de top mundial, como o Bayern e o Borussia, não se assiste ao culto do acessório. Os seus jogadores apenas estão focados no essencial: a sua prestação desportiva, tanto individual quanto colectiva. Bem que eu desejaria poder assistir no Sporting Clube de Portugal, ao abandono de práticas deprimentes e ridículas do acessório, centrado na imagem que cada um de si próprio exibe e ao culto do verdadeiramente essencial, focado no rendimento máximo que cada um possa conseguir em favor do colectivo. Infelizmente, ainda vamos sendo confrontados com alguns exemplos de uma menoridade incompatível com a grandeza do Clube e os objectivos verdadeiramente importantes que deveriam nortear de forma séria e equilibrada a carreira  de profissionais de futebol.
 
E quanto mais exemplos espalhafatosos conseguirmos reunir mais fácil se tornará interpretar e concluir da relação entre o fenómeno e a origem e suporte dos seus autores. Dificilmente assistiremos nas equipas alemãs, suecas, dinamarquesas, holandesas, norueguesas, inglesas e mesmo russas, a casos de puro exibicionismo e ostentação de imagens radicais por parte de futebolistas oriundos desses mesmos países. Os raros exemplos que eventualmente possamos colher nas equipas dessas diferentes realidades civilizacionais, terão marca registada de África e em particular do Magreb, do Sul de Europa e da América Latina. Porque será?! Porque será que os protagonistas nunca interiorizaram que ao adoptarem tais comportamentos estarão a passar um atestado terceiro-mundista a si próprios e às suas origens?! Ou estaremos perante uma violenta crise de identidade?!...
 
Leoninamente,
Até à próxima

8 comentários:

  1. caro álamo,
    permita-me que, julgo que pela primeira vez em tento tempo que acompanho fielmente as suas crónicas, não partilhe em absoluto com a opinião que hoje publica.
    mais do que polémica, parece-me a mesma até - e desculpe-me se estou a ser injusto - demasiado influenciada pela situação que o nosso país atravessa e que a muitos parece chamar saudosismo de outros tempos.
    os exemplos que traz à colação também não me parecem felizes (peço aqui uma vez mais desculpa por não encontrar tempo para o contrariar com exemplos, mas acredite que muitos são arianos q.b.).
    não. não trago nenhuma comigo, mas não deixo de achar crítico que seja também um marcos rojo, que tantas exibe e cuja imagem terá evitado aqui utilizar, a servir de bandeira à "remontada" do nosso clube (recorde as afirmações relativas ao benfica que quase o levou e note a forma como agarra firmemente a nossa camisola!...).
    não. não podemos cometer o erro fatal de os castrar.
    abraço!
    recaredo
    ps: prometo voltar a comentar!!

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    1. Caro "recaredo"

      Aceito com toda a naturalidade e elegância, que "não partilhe em absoluto" a opinião que aqui publiquei.
      O mesmo não acontece com as motivações que o caro julgou serem o suporte das minhas críticas. Se entendeu que o alicerce do meu pensamento, terá alguma ligação, por mínima que seja, com racismo e xenofobia, está profundamente enganado. A minha concepção estará tão longe desse pressuposto, como o seu entendimento estará do que pretendi dizer.

      Não citei um único nome de jogador ou de clube, não o fiz em relação a características rácicas e religiosas e meti no mesmo saco, África, Sul da Europa e América Latina. E não descobriu porquê?! Apenas porque a minha longa experiência de vida me diz que são as regiões do mundo que produzem mais jogadores de futebol e onde os índices culturais serão mais baixos.

      Os distúrbios comportamentais que me desagradam profundamente e que suportaram o tema que publiquei, serão, na minha modesta opinião, exclusivamente, uma consequência cultural e nada mais. Nada terão a ver com a cor da pele e com a defesa de "arianismo" que me atribui e que só não me revoltou, porque lhe perdoei a incapacidade para perceber o meu texto.

      Sublinharei ainda que a paixão com que um atleta defende e celebra as vitórias do clube que representa, jamais apagarão o exibicionismo bacôco do seu penteado. Porque foram os penteados estupidamente exibicionistas, a estúpida multiplicação de tatuagens, o uso de objectos de adorno que as próprias UEFA e FIFA proíbem, que eu critiquei. Não foi a aparente paixão de Marcos Rojo, que hoje grita pelo Sporting, como amanhã gritará por um outro clube qualquer que vier a representar. Há muito que não corro atrás das canas do foguetório que um recém-chegado a Alvalade e que, somado à triste imagem moicana que exibe na cabeça, só reforça a sua pobreza cultural.

      A única definição que apresentei no texto que escrevi, a imagem de Raul Meireles, foi para exemplificar até onde poderá ir um ser humano, quando dentro da sua cabeça apenas existe, perdoe-me o termo, "merda de galinha"! E olhe que esse pobre homem, não é negro, magrebino ou sul-americano. É português. É um europeu do Sul. A quem o estado não soube proporcionar uma educação que o defendesse do degradante espectáculo que vai oferecendo às gentes civilizadas deste planeta...

      Volte quando e sempre que quiser. Só lhe peço para cuidar um pouco mais as leituras que comentar, para não julgar mal este pobre autor, que só lamenta que o tema que abordou
      não tenha sido suficientemente bem escrito para ser completamente entendido.

      SL

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    2. caríssimo e 'consideradíssimo' "álamo",

      acredite que li a resposta que se dignou a enviar-me com um orgulho que toca aquele que senti quando, no passado sábado, vi recompensados 25 anos de ligação oficial ao nosso clube.

      em respeito pela experiência de vida que (o) carrega e pela notável elaboração dos seus "posts" não ousarei voltar a responder-lhe sem dedicar o devido tempo ao respectivo texto.

      no entanto e porque, por um lado, continuo a discordar (quase) em absoluto da sua opinião nesta matéria, e por outro outro, é com sentimento de incompreensão e injustiça que contabilizo tão poucos comentários às suas (quase sempre) brilhantes publicações, não deixarei de voltar a esta caixa de comentários.

      seguro de que ficará atento, deixo-lhe, mais que tudo... SL!

      recaredo

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    3. Caro "recaredo",

      Em primeiro lugar os meus sinceros parabéns pela homenagem de que foi merecedor. Ainda terei de esperar uns longos cinco anos para poder avaliar o orgulho que o inundou no sábado.

      Absolutamente seguro poderá ficar, de que estarei atento e disponível para perceber o seu contraditório.

      Retribuo a consideração em fortes SL.

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  2. Sem possibilidade de desenvolver este texto, culpa do meio utilizado - telemóvel, deixe-me apenas lamentar esta visão tão própria de outros tempos e tão próxima de ideais que já deviam ter sido erradicados da nossa civilização.

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    1. Caro Vitor dos Reis,

      Lamento que pouco ou nada tenha percebido do que escrevi.
      Se quiser poderá ler a resposta que dei ao comentário de "recaredo". Se não se quiser dar a esse incómodo, fique com as suas certezas e com os rótulos que colou em quem não conhece minimamente, nem alguma vez se deu ao trabalho de conhecer o que pensa e os ideais que defende.

      O histórico de mais de dois anos de "Leoninamente!!!..." será suficientemente elucidativo para quem tiver capacidade de interpretar, um a um, todos os textos que publiquei. Tenho a forte convicção de que se o meu texto tivesse sido publicado em chinês ou russo, lhe mereceria o mesmo comentário. Em qualquer caso, o "Blogger" permitir-lhe-á eliminá-lo se sentir vergonha do que escreveu. Eu poderia fazê-lo, mas desejo que os meus leitores, reforcem a ideia que porventura retiraram do que escrevi: a estupidez da construção de uma imagem, pode repetir-se na abordagem, mesmo em curto comentário, que eventualmente possa ser feita a um tema que não foi minimamente compreendido.

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  3. Caro Álamo

    Já cá não estarei quando esses jovens de agora atingirem uma idade mais avançada, mas imagino como serão as suas bonitas (?) tatuagens de agora quando perderem a sua massa muscular e a pele deixar de estar bem esticada.

    Quanto aos cortes de cabelo têm muito a ver com a origem social de cada indivíduo, e as modas vigentes. Além, claro, da necessidade de afirmação pessoal de cada um.

    Pessoalmente posso gostar de uma tatuagem bonita, mas detesto um corpo todo lavrado, como o teu exemplo de Meireles, em que nem se consegue distinguir o que está desenhado.

    Portanto, cada um usa o que gosta e se sentir bem com si próprio, que seja muito feliz, e, se for jogador do nosso Clube, que jogue sempre bem.

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  4. Amigo "8",

    O teu comentário, reflecte o carácter e a personalidade do autor e nem poderia ser de outro modo, conhecendo-me tu como me conheces e compreendendo o objectivo do meu texto.

    Não sei as sequelas que no futuro as tatuagens determinarão, no organismo de quem enxameou o seu corpo como Meireles. Apenas sei que são praticamente indeléveis e que um queimado com determinada percentagem de corpo atingida, pode morrer. Sei também das reservas da medicina sobre os efeitos do "tatoo". E penso que um atleta de alta competição deveria ter muito cuidado com o factor importante que sempre será a recuperação do esforço físico através da respiração cutânea.

    Posto isto, passemos ao cabelo. O teu segundo parágrafo corrobora tudo aquilo que escrevi e reforça o que penso: reflecte pobreza de espírito e reduzido índice cultural.

    Finalmente, assino por baixo o teu último parágrafo. Mas sempre direi que desejaria bem mais ver os atletas do Sporting focados no essencial, que sempre será a sua prestação desportiva, que "distraídos" com o seu umbigo!...

    Grande abraço.


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