André, o teu caminho é este !...

Em Alvalade há muito se habituou a centrar assim !...

 

Andávamos todos com o estômago colado às costas. Uns atribuíam a maleita à fome. Outros, que era da azia. Outros ainda atribuíam o facto, ao medo - da despromoção à II Liga -, que lhe provocaria uma tal contracção que o desgraçado se ampararia na espinha, como se isso fosse coisa para leões. Mas entre estas  causas ou outras quaisquer, o diabo que escolha. Eu por mim, andava de mãos nos bolsos e... ia apertando, apertando, convencido que um dia desmaiaria e pronto, nunca mais padeceria de gastrite tão dolorosa. 

Não há mal que sempre dure!... E lá lhes emprestámos nós o canudo e deixámo-los a ver a terra deles.

A grande maioria da malta designou o Ricky como o herói maior. Outros dizem que a expulsão do João(zinho) nos fez bem. Outros ainda chamam o Professor para a entrega das medalhas. E há os que afirmam a pés juntos que com o Presidente no banco é outra loiça. Eu não me importo de dar razão a todos. O que eu queria mesmo era ganhar e deixar de sentir aquela colagem gástrica nas costas.

Mas aqui e agora vos digo, que de quem eu mais gostei entre todos os nossos leões, foi do mais levezinho! Esse mesmo, o André Martins. O puto vinha de um esquisito "intervalo" em que já ninguém parecia reparar nele. Puro engano. Esta coisa da bola é como andar de bicicleta. Nunca se esquece. E o Professor, logo que viu que aqueles pulmões já aguentavam uma hora de jogo, pensou nele como arma decisiva para desbaratar o sector intermédio dos pequenos que queriam ser grandes e quem as pagou foi o Viana e o Mossoró, reduzidos à expressão mais simples. André terá escutado com muita atenção a aula individual que o Professor lhe deu e, para além de reduzir o espaço de manobra que seria vital aos motores do Peseiro, ainda teve tempo e disponibilidade para dar profundidade à iniciativa atacante dos companheiros. 

Eu sempre abominei aquele bailado de atrasos e lateralizações na construção dos ataques da nossa equipa, "inventado" por Sá Pinto e que nem Oceano nem Vercauteren conseguiram ou não tiveram tempo de extinguir. Jesualdo Ferreira parece tê-lo conseguido em grande parte e deveria andar mortinho que André Martins arranjasse "estaleca" para aguentar, ao menos, uma horinha de jogo. É que o puto, na minha modesta opinião, consegue fazer o que nenhum outro companheiro do plantel é capaz de fazer e que é, simplesmente, conduzir com mestria e talento, a bola em progressão, sempre na direcção da grande área contrária. Para ele o jogo apenas deverá ter um sentido: o da baliza adversária e ponto final.

Depois, hão-de reparar, nunca está parado, à espera que aconteçam milagres. As suas constantes movimentações baralham as contas e desposicionam as defesas contrárias e as suas desmarcações são quase ou mesmo letais. Foi assim no primeiro golo, com uma desmarcação e um centro do outro mundo, com a bola no ar e foi assim no segundo, arrastando toda a defesa com ele e deixando a Capel uma autoestrada para servir o Ricky.

Quando "rebentou", o Professor viu que nada mais havia a fazer e substituiu-o, tenho a certeza absoluta, que com muita pena. Mas se for recuperando para aqueles pulmões os minutos que ainda lhe faltam, estou certo que Jesualdo Ferreira não o largará mais. Porque, obviamente, o considerará, o melhor médio português!...

 

Leoninamente,

Até à próxima

P.S. - Ó Paulo Bento, aaa... vai abrindo a pestana. Depois não digas que não te avisei!...