Ainda estarão bem presentes na nossa memória, num passado mais ou menos recente, os surpreendentes, precipitados e extemporâneos êxodos de jovens promessas futebolísticas da nossa Academia. A grande maioria dos seus intérpretes vieram a provar o amargo sabor do fel que contituiu o erro de abandonar a "universidade" antes de acabar o curso. O canto mavioso de sereias - leia-se empresários sem escrúpulos - sobrepôs-se a todos os princípios, valores e regras elementares em jogo e a ganância, imaturidade e incultura pesaram mais que o realismo e a gratidão que deveriam caracterizar os alunos de uma escola de formação modelar, credenciada e respeitada por esse mundo fora. Alguns, poucos, ainda conseguiram aperceber-se a tempo do erro colossal que estariam a cometer e regressaram, quais filhos pródigos, para a necessária correcçao da trajectória e concomitante reparação dos atropelos cometidos. Outros perderam-se irremediavelmente pelo caminho e engrossam hoje o exército da vulgaridade, do desemprego ou mesmo do vício e indigência.
No limiar deste defeso, voltámos a ser surpreendidos com as "partidas" de Edgar Ié e Agostinho Cá para o Barcelona, depois de quase certos em Itália. Agora anuncia-se a "partida" de Batis Candé para o Benfica e já correm rumores de que Eusébio Bancessi lhe seguirá as pisadas. Todos meninos da "faculdade leonina", a meio do curso, de saberes ainda insipientes e naturalmente "sem canudo" e, curiosamente, com um mesmo denominador comum: empresariados por um tal de Cátio Baldé.
Desconheço os contornos legais de cada um dos casos. Ao que se sabe, a saída dos dois primeiros terá resultado de negociações e acordos entre o Sporting e o clube catalão. Nada a dizer, portanto, cabendo ao futuro decidir sobre a bondade da decisão de ambos os atletas ou dos responsáveis de Alvalade, que aceitaram, negociaram e acordaram as transferências. Sobre estes dois últimos, denso nevoeiro ainda paira sobre supostas negociações e acordos entre os clubes em causa, "fugas" ou mesmo "assaltos" em que, como normalmente é timbre destes negócios entre clubes rivais, subtil e perfidamente, a lei terá sido contornada, perante a exaustivamente repetida tolerância e permissividade das instâncias competentes.
Custa-me a crer que os responsáveis pela formação do Sporting Clube de Portugal, continuem a permitir que, impavidamente, outros enxameiem de minas e armadilhas todos os campos da sua afamada formação e accionem depois, à distância e nos momentos mais adequados, os respectivos detonadores. Então não existem em toda a arquitectura legal, impedimentos capazes de obviar ao sistemático aproveitamento por parte de inescrupulosos empresários, de braço dado com clubes do mesmo jaez?!... E se não existem, porque espera o Sporting para trabalhar afincadamente para que termine de vez este "regabofe"?!... Então não se aprende de umas vezes para outras?!... Haverá alguém sportinguista, dentro ou fora da estrutura do clube, que me explique a situação ou me indique o caminho para a fonte correcta onde eu possa saciar a minha sede de resposta às tremendas dúvidas que me assaltam de cada vez que, em grandes e quase insultuosos títulos, a CS anuncia mais uma passagem "a salto", da raia de Alvalade?!... Então agora, com o Acordo de Schengen em vigor, continuamos a assistir à proliferação de contrabandistas?!...
Leoninamente,
Até à próxima
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