sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Como se caçam os grilos



Ainda não se tinha dissipado o eco das palavras de Pinto da Costa, em que aparentemente terá dado a ideia de haver retirado definitivamente o tapete a Fernando Gomes, afirmando que este terá matado a Liga, já a FPF dava a conhecer, com a divulgação da imagem acima reproduzida, ter acontecido nas suas instalações, um encontro com o Presidente do Sporting Clube de Portugal, que terá servido, como aqui é referido, para debater "vários temas de interesse para o futebol português".

Longe vão os tempos em que o brilhantismo estratégico de Pinto da Costa conseguia "enganar" gregos e troianos! Hoje, só o conseguirá se, disfarçado de "princesa Salomé", apresentar a uns e a outros, a cabeça de Fernando Gomes... numa bandeja!...

Bruno de Carvalho, como naturalmente lhe competia, terá dado com a sua presença, a necessária contribuição para o argumento do filme que as instâncias federativas vão pretendendo realizar. Porém, já será mais difícil de acreditar que o tenha feito no pressuposto da admissão da possibilidade de que desse encontro poderiam, eventualmente, resultar benefícios que interessem ao futebol português, e muito menos para o reequilíbrio de forças a que as últimas eleições federativas condenaram o clube que dirige.

De uma coisa estarei seguro, com uma certeza igual àquela que adquiri nos meus tempos de catraio, correndo pelos campos da minha Bairrada: não se caçam grilos com uma flauta, por mais maviosa que seja a melodia que entoemos ao redor do buraco onde se esconde! É preciso buscar uma palhinha, seca, fina, resistente, maleável e comprida, e introduzi-la com perícia no refúgio do grilo, até o fazer saltar cá para fora. E se porventura, a geometria do lar do ortóptero for complicada e a palhinha não resultar, a derradeira solução será abrir a carcela, segurar o pénis com firmeza, apontar bem e... mijar para dentro da toca em quantidade suficiente para o fazer abandonar os seus domínios. É tiro e queda!...

Não sei se Bruno de Carvalho, nascido ao que penso, em grande metrópole, alguma vez teve o privilégio de contactar com o paraíso que nos oferece a Natureza, nos campos dessas ignoradas aldeias de Portugal e se alguma vez aprendeu a caçar grilos. Mas deixo-lhe a certeza da infalibilidade das técnicas que aprendi em criança.

Leoninamente,
Até à próxima

9 comentários:

  1. Fui lendo à espera de poder aprender uma nova técnica, mas não é que na minha aldeia... também apanhávamos os grilos dessa maneira...?

    Agora só não consigo descobrir é como conseguiremos colocar as instâncias superiores do futebol a trabalhar com honestidade e passar a ouvir o som estridente dos apitos dos árbitros a soarem apenas e só...quando o assoprador tiver a certeza de que está a ser neutral ...e é claro que isso apenas acontecerá, quando ele for competente...!!

    Mas estou a "adivinhar" que se avizinha borrasca para os nossos lados...o "orelhas" e o "pintinho" querem tudo para eles, não importando como... e ou eu me engano muit... ou amanhã vão começar "a fazer-nos a cama" já para a jornada seguinte...!!

    SL

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    1. Alto aí, amigo Max, olhe que "adivinhar" coisas más e o tremendo mau tempo que anuncia, poderá corresponder ao chamamento dos maus espíritos!...

      Perdoe-me o alvitre, mas a nossa estratégia deverá ser contrária à que pretende "adivinhar": o Cosme vai tentar sair ileso, sabendo de antemão que lhe poderão cair em cima os mastros de Alvalade! Se por ironia do destino "borrar a pintura" - apesar de pintados de fresco os nossos mastros estão a meu ver mais feios -, cá estaremos nós então para lhe dar forte e feio! Podemos chamar a isso o benefício da dúvida, se quiser.

      Sobre a missão ciclópica de fazer sair da toca, os grilos escondidos nas instâncias podres do nosso futebol, não esqueça o que a sua meninice lhe ensinou. é precisa paciência, muita paciência!...

      Abraço e SL

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  2. Muito obrigado, Álamo, por este regresso ao passado na caça aos grilos -já com uma pequena gaiola e uma folha de alface ali ao lado, pois claro. Confesso que era pouco habilidoso com a técnica da palhinha, mesmo já entradote nos meus 13-14 anitos. Mas sem problema, pois ao meu lado, solícita, uma ajudante ia abrindo caminho ao ataque alternativo...

    Fernando Gomes fez o que um Presidente da Federação deve fazer: recebeu sem pompa mas alguma circunstância (a foto...) o representante executivo maior de um dos maiores clubes seu filiado.
    Daquele encontro poderá saír...uma bufa federativa? Sei lá! Certo é que FG deverá poderá estar a debater-se, no atual momento do nosso futebol, entre manter o seu apoio às suas origens, ou apenas ficar-se, até ver e estrategicamente, por um apoio pontual ao velho laço e abrindo-se a uma força emergente após uns bons anos de hibernação.
    Sabe-se que as propostas do Sporting (acho que são do Clube, não do seu Presidente) têm merecido comentários positivos no mundo do futebol e a verdade é que, até agora, nem uma voz manhosa (salvo as de um ou outro auto-apelidado de...sportinguista) apareceu a contestar essas propostas -lá chegará o tempo, quem duvida, mas, até agora, nem vozes ranhosas , nem manhosas.
    O Sporting precisa marcar pontos perfilando-se como força alternativa à bipolaridade que vem asfixiando o nosso futebol e os nossos clubes (os 14 que contestam Mário Figueiredo elogiaram a atitude que o Sporting, ainda que abstendo-se, vem tomando perante a Liga) vão percebendo que o "peso" da combatividade, coerência e simpatia de BdC poderão ser a "pedrada na fossa" (fossa, qual charco!) e o caminho do futuro.

    Estes recentes ataques do velho bufas, de todo excessivos quando a propósito da arbitragem, faz-me lembrar "O canto do cisne". Será?
    Penso que ele se revê em "O bem amado" do sul, o V&A 2, com todas as suas aldrabices, manobras de bastidores, etc, etc, e, por ser inteligente, percebe o que começa a ser e a representar BdC, apoiado na força brutal dos adeptos do Sporting.

    Vamos esperar por amanhã, em Arouca. Receio bem que o Sporting seja vencido num campo (fora das quatro linhas...) em que, em boa verdade, não tem nem parece querer ter força, e em que a cultura da fruta tem dado os bons proveitos que todos conhecemos.
    Fight & Resist
    SL

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    1. Muito obrigado ao caro Alberto Bastos, pelo seu excelente comentário, com o qual me identifico na quase totalidade, com especial realce para o trecho onde afirma "... por ser inteligente, percebe o que começa a ser e a representar BdC, apoiado na força brutal dos adeptos do Sporting.".

      A única parte com a qual não concordarei, e desculpar-me-à por isso, mas não penso da mesma forma, será no último parágrafo quando diz: "... em boa verdade, não tem nem parece querer ter força...". Por aquilo que me tem sido dado apreciar, o Sporting não terá efectivamente a força que quase 108 anos de história gloriosa lhe deveriam impôr. Mas admitir que parecerá não querer ter força, será excessivo e injusto para com BdC, cuja estratégia, necessáriamente, jamais poderá ser transparente e rápida no tempo. Penso que na sua viagem ao Oriente, terá trazido um carregamento da paciência que por lá se cultiva... E, se assim for, render-lhe-ei a minha profunda homenagem. Tal como após a pior época de sempre, o Sporting dificilmente poderá ser campeão, o futebol português, por muito sofisticada que seja a máquina de lavar, não verá desaparecer a sujidade de 30 anos numa simples e única barrela!...

      Fight&Resist

      Grande abraço e SL

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    2. Já agora uma pergunta ao amigo Alberto Bastos (desculpe a intimidade, mas...os amigos do meu amigo...meus amigos são..!)..
      Quando fala da gaiola para os grilos era daquelas...
      Compradinhas na feira com varões de metal ao alto e um quadrado de madeira no cimo e outro na base...

      Ou eram gaiolas feitas a partir de um bocado de cana, na qual se deixava na parte de cima um bocado saliente onde se fazia um furo para pendurar num prego...
      E a parte de baixo era rachada cuidadosamente com o canivete na vertical em partes sucessivas e mais ou menos iguais...
      E depois se arranjava uma espécie de rolha da mesma cana que se introduzia na parte cuidadosamente rechada, alargando os espaços cortados e arranjando assim uma "prisão" para o grilo que nos deliciava à posterior comos seus concertos de gri-gri...?

      Realmente nós nesse tempo, que já davamos tanta importancia à liberdade...aprisionarmos assim os bichinhos...
      Era mesmo uma "grande patifaria"...!

      SL

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    3. Aos amigos Alberto Bastos e Maximino Martins, eu homenagiaria pela sua bondade e capacidade de perdão. Porque aos "grilos" a que me referia, entendo que as "gaiolas" que relembram da vossa meninice, eram lindas, engenhosas e permitiam preservar a dignidade dos "encarcerados,", ao ponto de lá colocarem uma folha de alface. Mas o "grilos" a que agora nos referimos, penso não merecerem tanto cuidado e consideração...

      Um abarço para ambos e SL

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    4. Álamo, quando digo "nem parece querer ter força" estou a pensar nos bastidores do poder e nos seus corredores sombrios, por onde circulam livremente umas quantas eminências pardas, bem conhecidas de todos nós. Creio que BdC vai querer continuar a "lutar por fora", não seguindo (ou não respeitando?) as táticas de Sun Tzu: "Se não puderes vencer o teu inimigo..." -é honesto, lá isso é, mas vai precisar de muito mais tempo e (e aqui é que a porca torce o rabo) vai precisar de muitos e bons aliados. Será tarefa árdua para BdC, um desafio à inteligência e persistência, descobri-los.


      MaximinoMartins, agradeço o privilégio desse amigo, tal como o de Álamo, aliás.
      Mas falando de gaiolas: as que realmente relembro são as de grades em arames presos numa estrutura em madeira, com umaa porta tipo mola ou, as mais giras, com uma pequenina porta "a sério": um caixilho em madeira, preso com 2 anéis de arame que funcionavam como dobradiças, o painel também em barrar de arame e o fecho era um pequeno travão a meia altura da porta. Das outras, sinceramente, só a recordação das ...da outra.
      Um grande abraço para ambos.
      SL

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