sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Carlos Barbosa da Cruz, "O Sporting e o poder"



Já por aqui discordei algumas vezes, do pensamento de Carlos Barbosa da Cruz, em matérias que apenas dizem respeito à forma como ambos viveremos e sentiremos o nosso, de ambos, Sporting Clube de Portugal.  Sem que alguma vez estivesse em causa a paixão que nele sinto ser, no mínimo, igual à minha, por uma amor imenso ao maior clube português.

O seu artigo de opinião, ontem publicado no jornal Record, aproximou-nos de um modo que nunca julguei possível, se bem que a moderação que ultimamente vem evidenciando, assim como as tímidas palmas que o tenho visto dirigir ao "novo Sporting", tenham quebrado a gelo que nos separava. Ainda bem, porque nada faz doer mais um "coração de leão" que estéreis "disputas territoriais" de uma "savana" que é de todos e onde todos seremos poucos para a tornar mais grandiosa e inexpugnável.

O tema que hoje resolveu abordar (parte 1), deixou-me água na boca e fez-me desejar que a próxima quinta (parte 2) chegue depressa. Porque é um tema candente na vida interna do nosso Clube e não só, cuja decisiva importância, ainda há poucas horas aqui abordei. Deixo-vos com o seu excelente texto, que me criou uma expectativa que não escondo:

O Sporting e o poder (parte 1)

Em 16 de setembro de 2006, estava assistir a um jogo do Sporting em Alvalade contra o Paços de Ferreira. O árbitro João Ferreira validou um golo marcado pelo Ronny, do Paços de Ferreira, com a mão, que toda a gente no estádio, excepto ele, viu. Por via desse clamoroso lapso de arbitragem, o Sporting, nesse ano, perdeu o campeonato, porque acabou a um ponto do campeão, o FC Porto. Esperei que o árbitro João Ferreira fosse penalizado, dada a natureza grosseira do erro e as suas gravosas repercussões, mas debalde; esse mesmo árbitro, que a Liga nomeou posteriormente para diversos clássicos, finais da Taça da Liga e da Taça de Portugal, teve mesmo o desplante de recusar arbitrar um Beira-Mar-Sporting, em agosto de 2008, por não concordar com as críticas que o Sporting tecia à arbitragem. Imagine-se! Esse episódio, entre outros que podia escolher, mostrou à saciedade uma gritante evidência: o Sporting não risca nada, em matéria das instâncias desportivas. Não riscou no passado, nem risca no presente.

Desde muito cedo que foi opção estratégica do Sporting não se envolver nos jogos de poder da Liga. Entre 1996 e 2006, no segundo consulado Valentim Loureiro, compreensivelmente, por uma questão óbvia de valores e higiene desportiva; no consulado Hermínio Loureiro houve uma aproximação, pela presença de Rogério de Brito na direcção, mas fiquei sempre com a ideia que as boas intenções de Hermínio Loureiro nunca singraram naquele terreno muito minado. Lembro-me até que o major Valentim Loureiro deu uma conferência de imprensa nas instalações da Liga, de que era presidente da mesa da assembleia geral no tempo de Hermínio Loureiro, e sem conhecimento deste, para protestar contra as perseguições judiciais de que se sentia vítima, o que mostra bem a correlação de forças da altura...

Durante muito tempo, a estratégia isolacionista do Sporting permitia-lhe afirmar que era o único clube que não aparecia nas escutas, nem estava envolvido nos escândalos da fruta, das nomeações de árbitros encomendadas, das classificações a pedido, de todo esse tráfico de influências que se escondeu sob o diáfano manto daquilo a que soe chamar-se de Apito Dourado. O Sporting tinha então, com muitos custos a nível desportivo, as mãos limpas e podia proclamá-lo publicamente. Perfila-se agora uma mudança na presidência da Liga; estou convicto que mais cedo ou mais tarde o actual presidente vai cair, que é o que acontece a quem põe a fasquia das expectativas muito alto e depois passa por baixo. E a questão que se levanta é o que o Sporting deve fazer. É a favor, é contra, abstém-se? Segue na próxima quinta.

A água vai permanecer na minha boca até quinta-feira. Sei que me vai custar aguentar até lá, mas... paciência é coisa que não falta aos sportinguistas, nomeadamente quando se pressente um final agradável. Oxalá a contribuição inteligente de Carlos Barbosa da Cruz, seja aquela que a presunção me ajuda a supor. Estou confiante...

Leoninamente,
Até à próxima

5 comentários:

  1. É sempre necessário muito cuidado, quando os ventos que sempre sopraram numa direcção, de repente começam a bater-nos no outro lado da cara, não podemos deixar de pôr algum creme hidratante no lado que sempre apanhava com a burrasca, porque há ventos que rapidamente recomeçam a soprar para onde sempre foram canalizados...
    Mas sim...não devemos fechar a porta à esperança de mudança, porque ao que se diz...até os burros mudam (salvo o devido respeito...)...
    Era óptimo que os sportinguistas que têm acesso aos meios "do inimigo", neles fizessem sentir a sua presença pela defesa da verdade e da "vergonha na cara", até para dar alento a muitos sportinguistas, que muitas vezes não conseguem entender, como vendo eles as patifarias a que sujeitam o Sporting, leem coisas de pessoas que "pensavam" ser também "do nosso lado", a atacar o inatacável e que afinal parecem ter-se vendido ao inimido...
    É bom poder ler coisas que nos lembram que uma das razões porque ficamos de fora dos centros de decisão e sofremos na pele esses efeitos, isso se deve ao facto de sermos efectivamente diferentes...o que permite que se escreva que "... O Sporting tinha então, com muitos custos a nível desportivo, as mãos limpas e podia proclamá-lo publicamente..." (e queremos continuar a ser assim...)
    É bom poder ler coisas destas, sem o risco de sermos desmentidos...
    Não é a toa que sempre ouvi, vi e senti...que somos mesmo diferentes...eu até diria que esta diferença se resume afinal numa situação perfeitamente normal...
    - Somos gente honesta, da qual não é necessário apregoar as qualidades...porque estas são inatas e o contrário é que é excepção...
    Como já tenho muitos invernos em cima, posso recordar aquilo que sempre me foi ensinado...:
    - Ser honesto é o normal...
    - Ser vigarista e má pessoa é que é a excepção...

    Fico também à espera do capitulo que se segue na próxima quinta...para ver a mudança de paradigma do também leão...Carlos Barbosa da Cruz...!

    Confesso que quando comecei a ler Carlos Barbosa, fiquei logo de pé atrás lembrando-me de um vice que foi do Godinho Lopes...

    Sporting Sempre...!

    SL

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    1. Vamos esperar pela próxima quinta, estimado amigo. Temos ambos um defeito comum; continuamos a acreditar nos sportinguistas. Às vezes sofremos decepções, mas agora já não vale a pena mudar e mesmo que valesse, acho que continuaríamos no nosso trilho, porque "a dignidade não se negoceia, nem mesmo em troca do Sol" !...

      SL

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  2. Um exemplo de um titulo "desajustado" in o jogo.pt

    "Tentáculos do leão chegam à Guiné-Bissau

    Publicado ontem às 19:42


    Por Álvaro Isidoro/Global Imagens

    Bruno de Carvalho assinou protocolo com o Sporting da Guiné-Bissau e na Academia já se treina com os juniores o avançado Valdu
    ......

    O Sporting assinou um protocolo com o clube homólogo da Guiné-Bissau, extendendo assim os seus tentáculos a mais um país depois de a internacionalização do clube, já com Bruno de Carvalho como presidente, ter chegado a Angola, Moçambique e China."

    Este seria um titulo mesmo a propósito para encabeçar um qualquer artigo do FCP ou do SLB...
    Mas do Sporting só poderia ser...: Garras do Leão chegam à Guiná-Bissau...

    SL

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  3. Para o presumível "andrade" Álvaro Isidoro, não existem parcerias, em que todas as partes possam retirar vantagens. Ele só conhece, mafias, polvos, capos e tentáculos. É o seu léxico, porventura desde que nasceu...

    SL

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  4. Será que o Isidoro está assustado? Está com medo?

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