quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Carlos Barbosa da Cruz, " O Sporting e o Poder" (II)



Desde que escrevi e publiquei este texto, há quase três semanas, muita água passou sob as pontes. E a incontrolável torrente de acontecimentos a que assistimos, terá sido a responsável pela "congelação" da promessa que então fiz de voltar ao tema, logo que o ilustre sportinguista Carlos Barbosa da Cruz nos presenteasse com a "parte 2" que prometera.

Hoje a memória reavivou-se-me e, recuando no tempo, fui à procura de "O Sporting e o poder - parte 2", porque promessas são para mim sagradas. E, gostando claramente da ideia central deste novo texto de CBdC, ficou-me a sensação, quiça pouco agradável, de não sentir a sede saciada como desejaria: bebi com gosto este "copo de água", mas... com mais um copo, ficaria bem mais saciado. Apreciem e estou certo de que concordarão comigo:


Perfilam-se, pois, eleições na Liga. Independentemente do triste espectáculo que é o G-14 (ou 18 como queiram) a requerer a convocação de uma assembleia geral de destituição e o presidente da mesa tudo fazer para não a convocar, parece óbvio que o actual elenco da Liga tem os dias contados.

O grupo dos destituintes ainda não fez saber se tem algum projecto para a Liga, pois, até agora, limita-se a divulgar as suas razões de queixa do actual presidente, e convenhamos que nalguns pontos até parece ter razão. A não apresentação de orçamento para o exercício em curso, por exemplo, é coisa que não abona o rigor da gestão.

Não é, contudo, preciso ser bruxo para adivinhar quem e o que está por detrás de todo este surto destituinte; basta pensar que a razão próxima terá sido a polémica da publicidade estática atrás das balizas, basta olhar para quem encabeça a lista dos insurgentes e basta recordar algumas cumplicidades antigas, que vão desde a célebre penhora da retrete das Antas pelo ministro Catroga, à agência de viagens onde foram comprados os bilhetes para as férias dos irmãos Calheiros.

Se parece mais ou menos óbvio que o Sporting não tem interesse em se juntar a este movimento, já não é tão líquido que se deva manter distante daquilo que a Liga venha, no futuro, a fazer. É que o Sporting tem boas razões para isso.

Com efeito, muito recentemente, o Sporting apresentou de maneira formal, em diversas instâncias políticas e desportivas, um conjunto de sugestões visando regenerar o futebol profissional, tornando-o mais transparente e competitivo.

Esse pode ser um bom caderno de encargos e uma válida proposta eleitoral, porque há mais futebol para além dos direitos televisivos e das promessas de alargamento. A defesa do espectáculo, a promoção da marca Liga, a sustentabilidade financeira dos clubes, a angariação de patrocinadores, a interacção com a Federação, a idoneidade dos intervenientes e a limpidez das regras, são etapas incontornáveis na valorização do nosso futebol.

O projecto do Sporting, se bem que claramente animado do propósito de criar ruturas com alguns interesses instalados, não é, em concreto, contra ninguém, outrossim a favor de duas coisas que interessam a todos: a qualidade do produto e a clareza de processos.

Acho que esta voz independente e descomprometida, que o Sporting representa, deveria ser ouvida e valorada pela maioria dos clubes, afinal os mais afectados pelo jogo de sombras e de domínios reservados, que recorrentemente ensombram a verdade desportiva.

Como já dizia Confúcio, “aquele que não prevê as coisas longínquas, expõe-se a desgraças próximas”.

Obviamente que o autor, de modo naturalmente intencional, entendeu usar da reserva compreensível na actual complexidade do tabuleiro de xadrez e  apenas afastou a cortina do seu pensamento, cómodos e inócuos milímetros, deixando e a meu ver bem, tremenda carga de subjectividade no ar. E à medida que me vou enfronhando mais no seu texto, confesso-me cada vez mais convicto de que o segundo copo da água, de início tão desejado, poderia muito bem ser extemporâneo, contraproducente e, eventualmente, cair mal no estômago, já não digo no meu, mas exactamente no de quem eu não desejaria.

Se à citação de Confúcio, usada por CBdC em remate do seu texto, somarmos os parágrafos que tomei a liberdade de sublinhar a negrito, teremos porventura a chave de "puzzle" por ele enunciado e que naturalmente subscreverei, hoje como amanhã. Oxalá Confúcio ilumine Alvalade...

Leoninamente,
Até à próxima

1 comentário:

  1. Vamos lá a ver, se os interpretes da desejada mudança, serão capazes de pensar pela própria cabeça e "ver" para além do "prato de lentilhas" que lhes tem sido servido "...à moda do porto"...
    Pode ser que a constatação de que o dragão já quase só cospe "fogos fátuas" dá a essa gente um pouco de descernimento para actuar de forma a salvar o que ainda resta do futeboil português...!

    Entretanto, que em Alvalde continue lúcidos como até aqui e preparados para rugir alto... de maneira a afastar as hienas nojentas que mandam dentro e fora das quatro linhas...!

    Sporting Sempre...!!

    SL

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