A pedrada no charco !...

"Quero deixar aqui os pêsames à sua família. Era um símbolo nacional, não vou falar mais sobre a situação, porque acho que já falámos muito e Eusébio, pela sua grandeza, não precisa de mais palavras do treinador do Sporting."

(Leonardo Jardim, citado in Record)

A pedrada no charco em que se transformou a sociedade portuguesa, desde o desaparecimento de Eusébio da Silva Ferreira, com os dirigentes do Benfica à cabeça, bem acolitados por uma comunicação social e por uma classe política, sem adjectivação que se enquadre num mínimo da dignidade que a si próprias deveriam exigir.

Charco onde se entrelaça o aproveitamento inqualificável do símbolo universal que Eusébio representa. Seja pela tentativa medíocre ou mesmo doentia, de galvanização da nação benfiquista com vista a colher dividendos num simples jogo de futebol. Seja pela exaltação de um mandato presidencial, com a promessa,  bacoca e inevitavelmente efémera, da colocação da sua fotografia nas camisolas do seu clube de sempre. Seja pelo aproveitamento abusivo, deslocado e extemporâneo, por parte de todos os grupos parlamentares, de uma decisão que o mais elementar bom senso mandaria deixar amadurecer pela patine do tempo, para então eventualmente emoldurar da forma que viesse a ser julgada mais indicada e conveniente - em 250 deputados, não houve uma única voz que se levantasse para dizer que o rei ia nu?! Seja pela terrível descapitalização de prestígio e credibilidade, alcançada pelas desbocadas, inconvenientes e estúpidas palavras da segunda figura de estado.

Eusébio da Silva Ferreira nunca terá sonhado sequer, com o vilipêndio a que a sua figura, universalmente reconhecida, viria a ser sujeita após a sua morte, por gente tão pequena, mesquinha e desprezível! Gente de charco!...

Leoninamente,

Até à próxima