domingo, 4 de agosto de 2013

Bruno de Carvalho, o desafiador !!!...



Bruno de Carvalho, o desafiador

Jorge Mendes também não escapa. O mais influente empresário do futebol português é um dos alvos mais recentes de Bruno de Carvalho: depois de os jornais terem noticiado a proposta de 10 milhões de euros para a aquisição de Rui Patrício, que fez chegar a Alvalade em nome do Mónaco, levou uma nega e vários recados de volta.

Perante o mais bem-sucedido intermediário na venda de jogadores a actuar em Portugal – boa parte dos principais encaixes de FC Porto e Benfica nos últimos anos tiveram a sua mão –, o novo presidente do Sporting manteve-se fiel ao estilo desafiador que tem adoptado: ao fim de quatro meses no cargo, já abriu frentes de combate com árbitros, jogadores, empresários, bancos, ex-dirigentes, comentadores e jornais, além de ter cortado relações com o FC Porto. Jorge Mendes, que na sua carteira de clientes tem nomes como Cristiano Ronaldo ou José Mourinho, é só mais uma batalha.

Se é cedo para avaliar os efeitos desta estratégia, já não é precipitado concluir que Bruno de Carvalho justifica em pleno o rótulo de candidato da ruptura com que foi a votos em Março.

Não se trata apenas de se sentar no banco de suplentes e festejar as vitórias no relvado. Nem de se equipar à jogador – às vezes até dá uns toques na bola – e distribuir autógrafos. É um facto que nenhum dos seus recentes antecessores se prestou a tal, mas a grande mudança não está na imagem: desde a chegada de José Roquette ao poder, em meados da década de 90, nunca o Sporting tinha afrontado meio mundo do futebol de forma tão incisiva.

Só nos últimos 10 dias o site do clube publicou mensagens categóricas dirigidas a Jorge Mendes, ao brasileiro Elias e ao empresário do francês Turan.

Emprestado ao Flamengo, Elias denunciou oito meses de salários em atraso para justificar a sua saída em Janeiro, ainda na presidência de Godinho Lopes. O Sporting desmentiu, alegou que as declarações são uma estratégia para negociar a desvinculação definitiva e prometeu “agir em conformidade”.

Uma declaração de guerra idêntica à que mereceu o empresário de Turan, depois de ter acusado os ‘leões’ de tratarem o jogador como “mercadoria” e de o manterem “prisioneiro”, por não contarem com ele e não o deixarem sair para França: «As afirmações configuram crime de difamação, pois são totalmente falsas. O departamento jurídico vai iniciar os devidos procedimentos”.

Já com o representante de Rui Patrício, a corda não esticou até partir. Houve ironia: “É uma proposta, com certeza, meramente exploratória”. Houve aviso: “O Sporting não vai pactuar com manobras de primeiras páginas de jornais para tentar desestabilizar o jogador”. E houve lição: “Os empresários têm de aprender que, quanto mais quiserem fazer negócio com o Sporting pelos jornais, menos negócio farão”.

Mas não houve ruptura. A porta continua aberta e até o preço foi tornado público por Bruno de Carvalho: 15 milhões de euros, pagos no prazo que o Sporting definir.

A primeira grande evidência desta nova forma de estar em Alvalade surgiu 15 dias após a tomada de posse. Bruno de Carvalho convocou a imprensa e abriu as hostilidades contra a banca credora, acusando-a de cativar todas as receitas e de estrangular as finanças do clube. A pressão pública resultou e em menos de 48 horas foi alcançado o acordo com o BES e o Millenium BCP para a reestruturação financeira.

Antes já tinha atacado os árbitros – merecendo críticas da APAF, associação que os representa – e uma semana depois iniciava uma série de ataques à imprensa e aos empresários de jogadores, com os de Bruma, o israelita Pini Zahavi e guineense Catió Baldé, sempre em ponto de mira.

Quando os ‘dragões’ divulgaram a venda de João Moutinho ao Mónaco por 25 milhões de euros, numa operação que envolveu ainda mais 45 milhões pelo colombiano James Rodríguez, Bruno de Carvalho fez de Pinto da Costa o alvo. “Foi um mau negócio”, começou por classificar. À resposta do líder portista de que tinha vendido uma “maçã podre” por bem mais do que o Sporting conseguira três anos antes, reagiu com alusões às escutas do Apito Dourado: “O Sporting não é dado a frutas, mas não somos bananas”.

Onze dias depois cortava relações institucionais com o FC Porto, na sequência de uma discussão azeda com o administrador da SAD portista Adelino Caldeira, que se recusou a cumprimentá-lo na final da Taça de Portugal de andebol.

Godinho Lopes e Dias da Cunha, ex-presidentes do Sporting, também não passaram incólumes. Foram desafiados a comparecer na assembleia-geral de 30 de Junho. “Tenho muita coisa para lhes dizer. Se não forem, ficará o recado”. Nem um nem outro aceitaram o repto.

Nesta cruzada contra tudo e contra todos os que, no seu entender, ferem os interesses do Sporting, houve ainda espaço para dedicar um comunicado a artigos de opinião de dois jornalistas sobre a reestruturação financeira. Pedro Santos Guerreiro foi criticado por ter feito uma “sátira deselegante” e Camilo Lourenço por “ignorância” sobre o assunto. Não será arriscado dizer que Bruno de Carvalho não ficará por aqui.
(Rui Antunes em 3 de Agosto, 2013)

Este artigo foi ontem publicado no semanário Sol. E fiz questão de aqui o deixar aos meus leitores, mais pelo facto da fonte não ser o proverbial jornal desportivo, nem o seu autor denunciar outros objectivos estranhos à análise jornalística.  Porque se porventura a autoria fosse minha, nenhuma surpresa constituiriam os comentários que, infalivelmente, aqui seriam colocados e lá voltaria eu a ser "condecorado" com as habituais medalhas.
 
Penso que ninguém duvidará das razões que levaram Rui Antunes a, premonitoriamente, adiantar que "não será arriscado dizer que Bruno de Carvalho não ficará por aqui"! O artigo que escreveu fala por si. Por mim, apenas o registo e manifesto o meu forte desejo de que Bruno de Carvalho não fique mesmo por aqui. Que faça o que tem de fazer! Com erros à mistura?! É bem provável que sim, mas quem nunca errou, que atire a primeira pedra. Importante será sempre, que continue desafiador e... sportinguista!!!...
 
Leoninamente,
Até à próxima 

4 comentários:

  1. É claro que a estratégia de BC é muito arriscada...
    Na guerra, alimentar ao mesmo tempo muitas frentes, sempre trás problemas...
    Ou são as tropas que faltam para tapar tanto buraco...
    Ou são os abastecimentos que não chegam a tempo e horas onde são necessários...
    Ou se pisam terrenos ainda não bem conhecidos...
    Ou a rectaguarda fica enfraquecida pela necessidade de reforçar frentes...ou por divisões internas...

    Mas isto não é uma guerra convencional...
    É mais uma guerra de guerrilha, que se vai alimentando à medida que surgem novos episódios e desafios...
    O que conta mais aqui...?
    Ter bons "operacionais" (gestores capazes, advogados competentes...), que num caso saibam antever os riscos financeiros e noutros, sejam capazes de armadilhar convenientemente o caminho ao inimigo (há situações em que se é obrigado a ir para além do simples adversário...) e saibam cortar os fios necessários...para lhes não rebentar a carga nas mãos...

    Nem tudo se conseguirá vencer (mesmo tendo razão... )...
    É verdade que as vitórias morais de pouco nos adiantarão...
    Mas também sou dos que estou convencido, que no levantar das refregas...
    O Sporting surgirá mais forte...

    Agora o que não poderá acontecer é haver quem se passe para o inimigo...e temos infelizmente dentro de nós...
    Muita gente distraída a fazer o papel do IN...

    Eu por mim...continuo a acreditar...!!

    Sporting Sempre...!!

    SL

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    1. Com guerras ou guerrilhas, venham elas de onde vierem, também acredito que o Sporting vencerá!...

      Sporting Sempre !...

      SL

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  2. Nao vejo a coisa assim tao dramática como pintada aqui, caro Álamo.
    O que vejo é um Presidente do Sporting que, pela primeira vez em muitos anos, defende realmente os interesses do Sporting. Até ao fim.
    Vejo também um desvio muito importante das atencoes da equipa de futebol, seu treinador e suas performances para a figura do Presidente e as suas declaracoes.

    O Maximino tem muita razao no que escreve. Mas esta "guerra" é uma história que nunca terminará. Mal de nós quando o Sporting deixar de ter que lancar avisos a quem pretende prejudicar os interesses do clube.
    A dita "guerra" tem que ser mais virulenta no início do mandato porque imagino que BdC tenha apanhado um clube nao só em caos interno, mas sobretudo com interlocutores externos (empresários, presidentes de outros clubes, imprensa) habituados a tratar o Sporting como lixo e sem o mínimo respeito. Nao é fácil em 4 meses mudar a imagem de um clube que se foi apresentando como a "puta" (passe a expressao) da Comunicacao Social, dos empresários e até do FCPorto.

    O negócio Miguel Lopes é um exemplo disso. Que Godinho tenha achado por bem para os interesses do Sporting um acordo de cavalheiros em que o Sporting receberia um jogador "de uma lista a elaborar pelo FCP" é completamente surreal. Mas entao agora o Sporting fica contente por escolher jogadores-refugo do FCP??? E a cláusula de transferencia, com retorno de somas monumentais para o FCP, nem se fala...
    A forma encontrada para a transferencia de Miguel Lopes foi a primeira demonstracao de que o Sporting também sabe jogar na defesa dos seus interesses e nao tem dificuldades nenhumas em "comer" o FCP e PdC negocialmente - coisa que raramente terá acontecido no consulado de PdC.

    SL

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    1. A única carga dramática que vejo na missão de Bruno de Carvalho, será sempre e só, o controle da situação financeira herdada!...

      Quanto ao resto, com maior ou menor dificuldade, com acidentes ou erros de percurso, penso que terá sido encontrado o caminho definitivo para a recuperação da dignidade leonina...

      Faltará apenas uma profunda consciencialização por parte dos sócios e adeptos, do papel fundamental que lhes cabe, objectivo que levará mais tempo a alcançar que a recuperação desportiva...

      SL

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