quarta-feira, 14 de junho de 2017

E nem seremos, tanto ele quanto eu, os maiores culpados!...


O VERNÁCULO DA NOSSA INDIGNAÇÃO

«Fiquem claras duas coisas. A primeira é que não me dá gozo nenhum criticar o presidente do Sporting; prefiro mil vezes elogiá-lo, por coisas que tenha feito em prol do clube e títulos que tenha ajudado a conquistar. A segunda é que tenho o maior respeito pela privacidade de cada um e reserva de intimidade pessoal.

Dito isto, há questões que a divulgação, mesmo desprovida de ética, da conversa que o presidente do Sporting teve com um conjunto alargado de jornalistas, não pode deixar de suscitar. Um presidente do Sporting, mesmo a falar em off, não pode, em minha opinião, ter o estilo de linguagem e a abordagem aos temas que, infelizmente, teve.

Não acredito que, depois daquela retórica tão colorida, algum jornalista presente tivesse saído do encontro com uma réstia de respeito pelo presidente do Sporting. E, não me espanta, que tenha sido essa a causa maior da inconfidência. O presidente do Sporting não devia ter dito o que disse e da maneira como o disse. Até terá alguma razão nalgumas coisas, razão essa que necessariamente perde, com a frequências dos apitos que ocultam as expressões irreproduzíveis, em que foi tão, mas tão, pródigo.

O presidente João Rocha, que era um gentleman, e que o actual gosta tanto de citar, se fosse vivo, de certeza que verberaria este tipo de atitudes. Não sei, porém, o que é mais criticável: se o teor das declarações em si, se o facto de, uma vez divulgadas, não ter havido a iniciativa de um pedido de desculpas aos sportinguistas.

Devo confessar que, quando fui confrontado com as gravações, a minha primeira reacção foi de incredulidade, mas a segunda foi de vergonha. Como é possível alguém que representa o Sporting e corporiza a sua identidade, exprimir-se assim? Como pode falar de temas relevantes do clube com tal ligeireza? Como pode expor o clube a semelhante ridículo?

Tenho a certeza que os sócios do Sporting, mesmo os que votaram no actual presidente, não se reveem neste comportamento e partilham o mesmo sentimento. Aparentemente, este desconforto não releva, para quem não se sente na necessidade de dar uma explicação. Tudo normal, então.

Duas notas finais. Se dúvidas houvesse, aquando da discussão do novo regulamento disciplinar da Liga de Clubes, ficou claro que o Sporting, mesmo com o seu novel aliado, não risca um fósforo; a questão do cigarro eletrónico fica como um dos maiores desplantes ad odium, de que tenho memória.

Se dúvidas houvesse, a troca de correspondência electrónica entre o Pedro Guerra e outros destinatários, demonstra um outra realidade evidente: existe um sub-mundo de trevas no futebol português.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O canto do Morais, in Record)

Agora cabe-me a mim deixar por aqui também claras duas coisas. A primeira será que não me dá gozo nenhum deixar por aqui a expressão da minha antipatia por um sportinguista, no caso particular Carlos Barbosa da Cruz, cuja visão sobre o Clube que ambos amaremos, pelo menos numa das principais vertentes, dificilmente algum dia será conciliável com a minha. A segunda estará no facto de que a assumpção da primeira jamais me impedirá de estar de acordo com ele, sempre que entenda como correcta determinada posição que assuma e defenda.

Hoje, por exemplo, estou de acordo com a substãncia da sua crónica!...

E nem seremos, tanto ele quanto eu, os maiores culpados!...

Leoninamente,
Até à próxima

6 comentários:

  1. A linguagem usada por BC, não é linguagem que eu tenha usado ou venha a usar, daí que discorde do seu uso por ele ou por outrém...
    Mas ele é assim e convenhamos ..."trazer como exemplo" o Presidente João Rocha não faz qualquer sentido...
    É que no seu tempo, ao contrário da actualidade em que até algumas senhoras usam e abusam da mesma...noutro tempo, como sabemos era linguagem "de caserna' e não eram todos que mesmo nessa circunstância a usavam...

    SL

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    1. Aceito com todo o "fair play" sportinguista, a posição do amigo Max! Por mim, terminei o meu período de nojo, pelo que ao Presidente do SCP, enquanto no exercício das funções para as quais contribuí com os meu votos, nunca mais branquearei atitudes nojentas!...

      SL

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  2. Eu também gostava que os membros dos sucessivos CD do Sporting no tempo do roquettismo já tivessem vindo pedir desculpas públicas aos sportinguistas pelo estado em que deixaram o clube.
    Também eu não me revejo nas atitudes sobranceiras destes senhores que se sentem melhores do que o clube e depois não assumem a sua incompetência.

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  3. O que o que este sr. agora escreve é menú requentado. Perdeu ele tempo, e eu. Pensava que na sua crónica semanal iria focar o tema do momento: os e-mails. Mas não. Passou de raspão, o importante são as asneirolas que o presidente do Sporting disse há um mês. Aliás, deve ser o mais importante para o futebol português. Os e-mails não?
    SL

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    1. Concordo também com o "anónimo das 00:07", para mais sendo o cronista um conceituado jurista, principescamente pago pela Cofina, seria do mais elementar altruismo oferecer o seu conhecimento ao Clube que tanto diz amar. Porém e como sempre, descaiu-lhe o pé para a chinela, embora o culpado não tenha verdadeiramente sido ele: alguém se terá posto a jeito!...
      SL

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