FUTEBOL EM DIAS DE PESADELO
«Quem tem de escrever sobre futebol nestes desgraçados dias sabe que faz figura de imbecil: o que interessa isso quando centenas de portugueses perderam todos os seus bens e muitos deles a própria vida ou a vida daqueles que lhes eram mais queridos? À hora a que escrevo, há pessoas que tentam identificar o que restou dos seus familiares, um pesadelo que jamais os abandonará.
Não me apetece, por isso, debater qualquer outro tema, mas o respeito devido aos leitores obrigaria outro a preencher este espaço se eu não quisesse fazê-lo. Cumpro assim o dever com dor, deixando uma palavra solidária a quem continua a sofrer, e um sentimento, igualmente profundo, de orgulho pela coragem dos heroicos bombeiros de Portugal.
Começo então pela Selecção, que se estreou na Taça das Confederações com uma exibição pálida, ao nível a que nos habituou, afinal. Podíamos ter ganho, é certo, se aos 34 minutos o sempre excelente Ricardo Quaresma acertasse com a baliza, fizesse o 2-0 e ‘acabasse’ com as dúvidas. Como não aconteceu, os centrais da equipa de todos nós encarregaram-se depois de confirmar qual o sector que constituirá a principal dor de cabeça de Fernando Santos no próximo Mundial.
Embora se acrescente, em abono da verdade, que André Gomes não tem hoje condições para ser titular – muito menos para estar em campo 90 minutos – e que o seleccionador, se quiser vencer a Rússia, terá de resolver a questão das transições. Quem tem no banco jogadores como Pizzi ou Bernardo Silva, ou os levou apenas por serem rapazinhos simpáticos ou terá de os utilizar para que a Selecção disponha da mais elementar das ferramentas futebolísticas, a da construção de jogo.
Reservo umas palavras para a polémica que envolve Cristiano Ronaldo e para lembrar o que venho aqui defendendo há anos: não acabará a sua carreira em Madrid. E se o caldo não se entornou com os assobios do Bernabéu, porque os calou a todos com um final de época brutal, entorna-se agora com a ‘perseguição’ do fisco espanhol e com a oportunidade que cria para que o craque amue.
Os destinos prováveis vão além de Paris e do PSG. Só ontem, a ‘Marca’ apontava mais três: Munique, com o Bayern disposto a pagar 200 milhões de euros ao Real Madrid; Manchester, com o United a entregar De Gea mais 230 milhões por CR7 e por Morata; e Londres, com o Chelsea a oferecer Hazard e no mínimo mais 100 milhões. Mas há que não desprezar a tese que defende que um ‘upgrade’ do contrato com o Real liquidará mais este amuo. Porque, como diz Javier Tebas, presidente de La Liga, a saída de Cristiano do campeonato espanhol "não é quantificável" e seria "uma perda irreparável". E nestas coisas, como noutras, o negócio manda.»
(Alexandre Pais, Outra vez 2ª feira, in Record)
A crónica de Alexandre Pais permitiu-me, indirectamente, revisitar alguns assuntos que, por desagradáveis para mim, tenho evitado tratar, nomeadamente no que à participação da selecção portuguesa na Taça das Confederações diz respeito.
Mas serei bem mais severo que AP na minha apreciação, na medida em que a avalanche de equívocos de Fernando Santos não a conseguirei reduzir a André Gomes...
Parece-me que desta vez, não bastará a fé para trazer a Taça!...
Leoninamente,
Até à próxima
Eu por mim peço desculpa mas não acredito até que nos classifiquemos para a fase seguinte...
ResponderEliminarFalta lá o ...
Renato Sanches. :)
SL
Também acho amigo Max! É uma injustiça o que estão a fazer ao rapaz!...
EliminarSL
Também não acredito...falta lá o Éder...
EliminarDa maneira que se deixaram empatar, até parecia que era o resultado desejado... Deve ser uma mística ligada aos empates. Não há de funcionar para sempre, decerto.
ResponderEliminarQuanto ao André Gomes, é um jogador que me irrita. Sempre me irritou. O Renato Sanches, antes de servir de afagador de bancos, era bem melhor.
E aquele onze é o quê? Guardar os melhores para os próximos jogos? É que no grupo este era o adversário potencialmente mais forte...
Se funcionou no Europeu, pode funcionar agora... Na final, vai meter o Éder... Ah, não, espera...
E o Eliseu.
ResponderEliminarFernando Santos tem por hábito começar estas fases finais de provas internacionais com modelos de jogo e composição da equipa cheios de equívocos e más escolhas. Foi assim no europeu onde só nos jogos seguintes foi corrigindo aquilo que para nós desde o princípio era óbvio. E Santos volta ao mesmo optando por um 4x3x3 sem ponta de lança de raiz e com óbvia perda do meio campo e da posse de bola, e por conseguinte da iniciativa de jogo. Só muito tarde com a entrada de Adrian, equilibrou o meio campo e a capacidade de recuperar a bola, que até ali foi circulada pelos mexicanos com a maior facilidade, com a entrada de Gelson conseguiu finalmente dar alguma agressividade defensiva e ofensiva, e a 9 minutos do fim, com a entrada de André Silva conseguiu finalmente virar o jogo surgindo finalmente oportunidades para o ganhar. Fernando Santos é táctica e estrategicamente limitado, embora tenha algumas capacidades na direcção do grupo. Espera-se que seja competente o suficiente para corrigir erros e falhas que lhe são atribuíveis, e que faça o que tem a fazer, para que seja possível uma qualificação..
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