segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Que grande lição de leoninidade !!!...

 
 
Entre Platão, Sócrates ou um qualquer outro filósofo grego, a autoria ter-se-á perdido em milénios passados. Mas a definição não se perdeu e vive connosco na modernidade. Existirão três tipos de homens: os mortos, os vivos e os que "andam" no mar. Fernando Pessoa, do hermetismo do seu pensamento e com os pés assentes naquela que considerou a sua Pátria,  talvez pensando apenas no elemento, ter-nos-á feito compreender melhor os últimos.

Ó mar salgado, quanto do teu sal

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Sem pretender usurpar a grandeza do pensamento filosófico grego e muito menos a dimensão poética do pensamento pessoano, não me é difícil estabelecer analogias com uma outra tríade similar que penso existir no universo e momento actual do Sporting Clube de Portugal.
Não me propondo classificar ninguém, apenas pretenderei pensar a alma e o Clube de uma vida, como se fora o mar. E beber nas palavras de Pessoa que, "... quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu."!...
Dói-me o coração e a alma, assistir na blogosfera leonina, ao confronto dialéctico estúpido e presumido entre sportinguistas "mortos" e "vivos", quando para cruzarmos a gloriosa história do nosso Clube, "quantas mães em vão choraram, quantos filhos em vão rezaram, quantas noivas ficaram por casar, para que fosses nossso Sporting" ?!...
Dói-me o coração e alma quando se classifica de inutilidade a acção dos homens "que andam no mar", em busca de um sonho e porque sentem que "tudo vale a pena quando a alma não é pequena...".
Mas quando leio por aí, as palavras de um anónimo sportinguista - prefiro assim tratá-lo, embora felizmente lhe conheça o pseudónimo - a gritar que "mesmo sendo o futuro uma grande incógnita, mesmo existindo sempre a possibilidade de ainda ser pior, não me peçam para me alhear do presente, deste presente, desta merda onde estamos encalhados, e da qual quero fugir rapidamente...", apetece-me dar um grande abraço a esse enorme Leão. E continua esse sportinguista, que freneticamente aplaudo, dizendo "... reparem que isto é como um gajo que está submerso, com falta de ar. Ele apenas quer chegar à superfície, tudo o resto é irrelevante. Mesmo que à superfície esteja tudo em chamas, mesmo que as suas hipóteses de sobrevivência sejam nulas, a única coisa que o gajo tentará fazer é procurar ar para respirar, é chegar à superfície...".
Que grande lição de leoninidade!...

Leoninamente,
Até à próxima










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