Sempre entendi as palavras adversário e respeito, quase como irmâs gémeas e é-me difícil dissociá-las. Se a primeira sempre se me apresentou como a figura de opositor, competidor, contrário e nunca a consegui associar por extensão à de inimigo, a segunda, que vem do latim respicere e que significa olhar para trás, sempre evocou em mim a idéia de julgar alguma coisa, pessoa ou entidade, em relação ao que foi feito, quando é valoroso e deva ser reconhecido.
Nesta condição, como amante de futebol, assumem particular interesse para mim, as declarações dos técnicos responsáveis pelas equipas em vias de defrontar o Sporting Clube de Portugal, nas conferências de imprensa que antecedem esses encontros. Porque me permitem avaliar a filosofia e os valores e princípios que cada um desses técnicos conseguiu inculcar nas equipas que lideram.
Entre as afirmações produzidas na última das ditas oportunidades, pelo técnico do Clube Desportivo Feirense, que ontem defrontámos e categoricamente vencemos em Aveiro e aquelas que o seu congénere da União Desportiva de Leiria hoje pela manhã produziu, vai um mar imenso de diferenças, que definem com limpidez inequívoca a dimensão humana, a personalidade, o carácter e a capacidade de cada um deles.
Enquanto Joaquim Machado Gonçalves - o Quim Machado no futebol -, esquecendo o respeito que o Sporting Clube de Portugal lhe deveria merecer, tratou o adversário que iria defrontar como um igual e revelando conceitos matemáticos inimagináveis, atirou com a facilidade e superficialidade comum dos míopes que, «...Estatisticamente, o Sporting está mais perto de perder e o Feirense mais perto de ganhar...» !... De cabo de esquadra, pançudo e inculto, esta eloquente tirada. Os argumentos técnicos que este homem vai emprestando, por enquanto, à equipa que ainda lidera, pudemos apreciá-los depois, no decorrer do jogo de ontem à noite, sendo que, para grande decepção minha, LFL terá descoberto vitualidades em que mais ninguém reparrou. O Quim, quando deparou com um batalhão de jornalistas sequiosos de "bombas e sangue", confundiu respeito com medo e prometeu jogar para a vitória, como se estivesse dentro do balneário a falar para os seus rapazes e sem ter a correcta noção que esses argumentos nunca o transportarão aos patamares que porventura algum dia terá sonhado tangíveis. Outros atributos lhe seriam necessários.
Manuel Cajuda, goste-se ou não, uma legenda do futebol português, em declarações hoje prestadas em entrevista à RDP/Antena1, disse-nos que os argumentos que a sua equipa irá utilizar em Alvalade no próximo domingo, são substancialmente diferentes. Sem precisar de se colocar em bicos de pés e evidenciando o profundo respeito que lhe merece a instituição Sporting Clube de Portugal.
Começou Cajuda por afirmar:
O campeonato ditou que o UD Leiria jogasse à 10.ª jornada contra uma das melhores equipas portuguesas. Vou a Alvalade com respeito, mas não com medo. Provavelmente, não haverá um treinador no campeonato português que tenha ganho tantas vezes ao Sporting como eu.
Mas para quem gosta de futebol, o regresso do Sporting ao seu verdadeiro valor é sempre motivo de satisfação. Nos últimos anos, o Sporting andou afastado da sua grandeza enquanto clube. Parece que está a reconquistá-la e eu devo ficar feliz por isso. O Sporting é um dos grandes candidatos ao título.
Depois aplaudiu o «campeonato excelente» da equipa orientada por Domingos Paciência, treinador que, em sua opinião, está «talhado para o sucesso». E na projecção ao jogo do próximo domingo, em Alvalade, perspectiva «muitas dificuldades» para o UD Leiria, que, avisa, «terá de trabalhar muito» para registar um resultado positivo.
Mas para quem gosta de futebol, o regresso do Sporting ao seu verdadeiro valor é sempre motivo de satisfação. Nos últimos anos, o Sporting andou afastado da sua grandeza enquanto clube. Parece que está a reconquistá-la e eu devo ficar feliz por isso. O Sporting é um dos grandes candidatos ao título.
Depois aplaudiu o «campeonato excelente» da equipa orientada por Domingos Paciência, treinador que, em sua opinião, está «talhado para o sucesso». E na projecção ao jogo do próximo domingo, em Alvalade, perspectiva «muitas dificuldades» para o UD Leiria, que, avisa, «terá de trabalhar muito» para registar um resultado positivo.
Palavras para quê?!... Cajuda já ostenta no seu currículo algumas vitórias sobre o Sporting, mas não deixou de mostrar o profundo respeito que a instituição lhe merece. Porque respeito, neste caso e sempre, significa ter sempre presente o passado do adversário. Exactamente o que muitos outros esquecem!... É uma questão de dimensão humana !!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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