O mundo está pejado de heróis!... Uns são acidentais, nunca o desejaram ser, mas as circunstâncias empurraram-nos para a parede, ou beco, ou poço mais ou menos profundo, cuja única saída os poderia conduzir à aceitação humilhante da derrota e da morte ou a uma vitória com louros de heroicidade. E sem serem heróis e muito menos alguma vez pensarem sê-lo, ouviram apenas e tão só, a voz do instinto de sobrevivência e salvaram-se, arrastando outros para a esperança e para a vida. Sem o pensarem ou sem que o bem próximo fosse determinante na sua decisão heróica.
Outros, os heróis de facto, perante dificuldades sobre-humanas, descortinaram saídas várias, com possibilidades de êxito mais ou menos reduzidas e escolheram, racional e inteligentemente apenas uma: aquela que independentemente da extensão do caminho e dos escolhos pelo mesmo semeados, os pudessem conduzir com mais certeza para a vitória.
No domingo à noite em Guimarães, o Sporting ficou a dever a sua vitória a um herói de facto. Não foi acidental a forma como toda a equipa, agiu como tal e reduziu a zero todas e quaiquer possibilidades de o adversário a contrariar. Não foi o resultado da ineficácia do Vitória minhoto que nos deu numa bandeja de prata a vitória do nosso contentamento. Foi o progressivo e eficaz funcionamento do conjunto de jogadores leoninos, que determinou a ineficácia do adversário. E esse progressiva e eficaz prestação, não nasceu por acaso, após a triste decisão do péssimo árbitro que é e será sempre Bruno Paixão, de expulsar Rinaudo. Nada disso! Terá nascido, nos tempos dolorosos do pós-Valência e enquanto nós adeptos, aqui, ali ou acolá expressávamos o nosso desapontamento, do trabalho árduo e inteligente que todo o plantel foi prosseguindo. E esse trabalho não sofreu sobressaltos com o doloroso empate com o Olhanense, nem com o sabor amargo da derrota com o Marítimo. Esse trabalho prosseguiu, com convicção, com inteligência, com paciência, enquanto todos nós, quase sem excepções, "adivinhávamos" estar a ver o mesmo filme de outras épocas.
Encostado às cordas, como de forma fantástica o meu grande amigo MM do Sporting Autêntico estabeleceu o paralelismo com Muhammed Ali, que em 1974 em Kinshasa defrontou e venceu George Foreman, para alcançar a vitória o Sporting defendeu-se. Mas não à toa, com pontapé para a frente e muita fé em qualquer coisa ou qualquer deus. Como que coordenado por um magistral mestre internacional de xadrez, o Sporting transformou o relvado do D.Afonso Henriques nun imenso tabuleiro e, após ter perdido nas primeiras jogadas uma das suas peças mais importantes - dou de barato se foi a rainha, um bispo, uma torre ou mesmo um cavalo -, organizou-se, foi alterando a posição das suas peças - ou mesmo substituindo-as - consoante cada uma das sucessivas tentativas de ataque do adversário. E o resultado final foi um insofismável xeque-mate!...
Esse incontornável mestre internacional de xadrez, esse meu herói de facto, esse trabalhador incansável e inesgotável, sem esbracejar, praguejar ou vociferar como outros que conhecemos, sem arrepelar os cabelos e bebendo calmamente em pequenos goles a água da sua garrafa, que foi modificando metódica e inteligentemente as peças leoninas e conduziu o nosso Sporting para o inquestionável xeque-mate, chama-se ... DOMINGOS PACIÊNCIA !!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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