Um estilo certo
«Ainda é cedo para fazer um balanço da administração Varandas.
Do ponto de vista desportivo, no futebol profissional, a época correu acima das expectativas, considerando as adversidades conhecidas do arranque.
E não falo só das duas taças; nos sub-23, o Sporting esteve na corrida do título até final e na formação repetiu o título de iniciados, razoável nos juvenis, fraco nos juniores.
Para quem agoirava o colapso no futebol jovem do Sporting, a resposta está aí; restará aos senhores seleccionadores das equipas dos escalões jovens olhar mais para os talentos de Alcochete e menos para o marketing do Seixal, como a recente e prematura eliminação nos sub-20 bem demonstrou.
Será interessante analisar o orçamento para a próxima época, a política de contratações e a gestão financeira, nomeadamente o resgate de VMOC, que tarda e que é crucial para a estabilidade futura da SAD.
O futuro dirá se Varandas esteve à altura e conseguiu superar os obstáculos externos e internos com que teve, e ainda tem, de se confrontar.
Numa coisa acho que já se impôs: no estilo.
Varandas teve o bom senso de fazer duas coisas.
A primeira foi resistir aos ‘clichés’ do presidente-vedeta, do presidente-providência ou do presidente-omnipresente.
A segunda foi assumir-se tal e qual é, sem subterfúgios, evitando o ridículo de presidentes que leem discursos redigidos por outros ou que vivem a mandar recados, por interpostos assessores de comunicação.
Os protagonistas no Sporting voltaram a ser os jogadores e o treinador; acabaram-se as voltas olímpicas e a bajulação interesseira das claques.
O presidente do Sporting tem intervindo publicamente quando e sempre que é necessário, no seu registo próprio, que não sendo um modelo de oratória tem o mérito de ser genuíno e directo.
Acho que o Sporting só ganha em se demarcar do modelo de dirigismo da concorrência, que criou um ambiente insuportável de peixeirada durante o campeonato transacto e que vive em disputas laterais, que desacreditam o futebol.
Aqui, como noutras coisas, o Sporting é (agora) diferente.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O Canto do Morais, in Record)
Penso que nem os mais acérrimos opositores deixarão de reconhecer que, em termos de civilidade, na atitude evidenciada pelo seu actual Presidente, "o Sporting é (hoje) muito diferente"! E essa diferença é suficiente para que todo o universo leonino tenha deixado de sentir vergonha e se sinta hoje representado por quem escolheu para dirigir os destinos do Clube que foi capaz de se regenerar e voltar a dar a milhões e milhões de sócios, adeptos e simpatizantes motivos de orgulho!...
Assiste-se hoje a uma notória perda de intensidade das réplicas do terramoto que quase varria Alvalade do mapa da respeitabilidade. Estarão a caminho da consolidação as 'falhas tectónicas' que estiveram na origem do cataclismo e decrescem em cada dia os riscos da sua repetição, contando o universo leonino com o tempo como o mais poderoso aliado de um amor sem conta e sem medida. E esse tempo há-de trazer, incontornavelmente, o esquecimento, a mais dramática consequência para quem nunca compreendeu, nunca seria capaz de compreender, nem nunca será capaz de vir a compreender, a singular grandeza do Sporting Clube de Portugal!...
E virá o dia em que todas as feridas da catástrofe cicatrizarão e o Sporting voltará a ser...
Tão grande quanto os maiores!...
Leoninamente,
Até à próxima
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