segunda-feira, 17 de junho de 2019

Com todos os meus profundo escárnio e convicto desprezo!...


"Quem tem medo de Rui Pinto" ?!...

«A ciclópica e temerária cruzada a que, corajosamente, se devotou Rui Pinto – desmascarar de vez a gigantesca teia mafiosa internacional do futebol (com acentuado envolvimento português) – é, reconhecidamente, digna do apreço e do incentivo de toda a gente que exige, pugna e paga por um jogo limpo, honesto, livre de batota e de corrupção. Ele tem prestado, por isso, um indubitavelmente relevante serviço de multinacional interesse público.

Desconcertante e enigmaticamente, porém, o jovem alegado hacker encontra-se, como se sabe, preso em Portugal desde Março, porque a medieval e sempre intrigante Justiça portuguesa assentou a sua total prioridade na caça ao “malandro” do denunciante – em vez de se concentrar primordialmente no mais óbvio, no que verdadeiramente importa: a investigação dos inúmeros actos e suspeitos nacionais da prática dos gravíssimos crimes denunciados (algo a que, obviamente, os envolvidos procuram impedir…).

Ora, como é fácil de perceber, esta surreal posição da nossa desacreditada justiça não aponta para o combate à criminalidade organizada, apenas a incentiva e conforta os seus actores. A sua mensagem parece, pois, ser: “cometam à vontade as vossas vigarices, que, se elas forem denunciadas, os delatores é que serão condenados”. E isto é o que se poderá chamar de “Justiça do avesso”…

Evidentemente que o grau de valor do delito imputado a Rui Pinto pelo Ministério Público português, e usado como pretexto para a sua detenção – recurso a meios ilícitos nas suas pesquisas das fraudes cometidas pelas redes mafiosas do futebol – não é, de modo algum, minimamente comparável com a importância extrema da dimensão e gravidade dos crimes por ele detectados, documentados e revelados no Football Leaks – corrupção, suborno, fuga aos impostos, lavagem de dinheiro sujo, tráfico humano e de influências, pressões, trocas de favores, jogos viciados, resultados adulterados, apostas manipuladas, etc. – envolvendo tanto a FIFA como a UEFA, federações, clubes, dirigentes, empresários, agentes, investidores, advogados, banqueiros e, até, futebolistas.

Tudo ilegalidades que causaram, e continuam a causar, incalculáveis danos aos países e instituições lesadas. Mas, sobretudo, à própria indústria do futebol mundial e aos amantes do excitante jogo – cuja existência futura se julga cada vez mais imprevisível.

Entretanto, como tem sido noticiado, para além das críticas públicas da eurodeputada Ana Gomes à actuação das autoridades portuguesas – que acusa de agirem a pedido do notório fundo de investimento Doyen Sports, suspeitamente ligado à máfia do Azerbaijão, sediado em Malta, e que nem sequer paga quaisquer impostos em Portugal – tem vindo a crescer de visibilidade e de tom a condenação internacional contra a absurda e paradoxal situação a que Rui Pinto está forçadamente submetido no seu próprio país.

Isto, com destaque para a recém-publicada carta aberta em defesa do jovem português, subscrita por cerca de cinquenta diretores de jornais (como “The Sunday Times”, “Der Spiegel”, “Le Soir” e “Politiken”), jornalistas, eurodeputados, directores e fundadores de várias organizações não-governamentais, incluindo Repórteres sem Fronteiras, Freedom of the Press Foundation e o Centro Europeu para a Liberdade de Imprensa e dos Media.

Há, ainda, que salientar o importante facto das autoridades policiais, judiciais e fiscais de França, Bélgica, Holanda e Suíça, confiadas na total legitimidade de todas as provas até agora recolhidas, já terem manifestado o seu empenhado interesse na colaboração de Rui Pinto, com vista à investigação das eventuais fraudes e respectivos suspeitos. E as autoridades de Portugal, o que farão?...

Não existe, portanto, dúvida alguma de que sem a prestimosa e grandemente arriscada iniciativa do jovem português e seus companheiros, a actividade criminosa das sinistras máfias do futebol mundial prosseguiria – silenciosa, ignorada, opaca, rentável, confortável e impune – no segredo dos deuses…

Mas, meditando, finalmente, em toda esta execrável e tenebrosa realidade de momento, a grande interrogação dominante que ressaltará nas mentes comuns não poderá deixar de ser: “Quem tem medo de Rui Pinto?”…»
(Leão da Guia, in Camarote Leonino)

Entendi por bem que nunca poderia violar a minha consciência, ao não trazer para este meu "cantinho de leoninidade", onde sempre cabem os melhores apontamentos jornalísticos que o meu modesto papel de vigilante sobre as mais candentes matérias ligadas ao uiniverso leonino, tem tentado encontrar o que de mais significativo e importante se vai escrevendo neste "mar salgado das lágrimas de Portugal", o mais poderoso libelo acusatório à "medieval, sempre intrigante e desacreditada Justiça" que um Povo inteiro se continua a ver obrigado a suportar em Portugal!...

Ele aqui fica, para vergonha de quantos e quantas por ela são responsáveis...

Com todos os meus profundo escárnio e convicto desprezo!...

Leoninamente,
Até à próxima

11 comentários:

  1. O Rui Pinto assalta a casa ao Sr. Álamo. Vai vender o produto do roubo ao Xico da Marquesa. Porque é que o Rui Pinto deve ser preso? Ele só roubou a sua casa Sr. Álamo. Quem tem medo do Rui Pinto? Um grupo de meliantes assalta uma academia; faz trinta por uma linha ou seja vandaliza e agride. Porque é que devem ser presos?

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    1. Ó sr. Abraão, permita que eu use e abuse do seu obstruso poder de ficção e diga-me, se não se importa, apenas duas coisas: se o Rui Pinto, em vez de me assaltar a casa - que, tão claro como a água, seria um crime, inegável e incontornável! -, encontrasse a minha carteira perdida no meio da rua e descobrisse entre todos os meus documentos, algumas provas inequívocas de crimes por mim cometidos e fosse entregar essas provas ao Correio da Manhã, deveria ir preso? E o Correio da Manhã, se ousasse publicar essas provas, deveria ver as suas publicações suspensas e o seu director detido?!...

      Ora 'desemerde-se' lá com esta sr. Abraão, a ver se desenferruja e ilumina esses seus pobres neurónios, tão castigados ao longo de uma vida, aparente e alegadamente, tão carregada e alienada por genuflexões e subserviências espúrias!...

      Em remate, permita-me também o sr. Abraão que lhe faça uma sugestão: indague junto de todos aqueles que lhe estiverem mais próximos, sobre qual dos dois estapafúrdios e inventados exemplos de ficção, o seu e o meu, qual estará mais próximo dos factos em que, alegadamente, Rui Pinto estará envolvido! Depois, peço-lhe encarecidamente que não me responda, porque, mesmo sem o conhecer de lado nenhum, não desejo vê-lo submetido a tão grande humilhação. Guarde apenas para si a lição e que lhe faça algum proveito...

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    2. E já agora ainda em matéria de ficção...

      Se o Rui Pinto em vez de achar a carteira do amigo Álamo...
      "Entrasse" em minha casa para cometer um roubo...e encontrasse por acaso um cadáver que eu mantinha escondido na dispensa (não não seria um lampião embora às vezes quase não apetecesse outra coisa...)...
      E saí-se de lá, não sem antes me ter surripiado uma colecção de libras em ouro (que eu não tenho...mas gostava de ter...)...directamente para a Esquadra mais próxima... para "anunciar" que eu tinha em minha casa "bem escondidinho" um cadáver (de um morto...é claro...)...

      Certamente a única coisa que poderia acontecer...era o "ladrão" ser preso pelo crime cometido, por ter assaltado e roubado a minha casa...

      Mas a mim... "nada me poderia acontecer"...porque ...

      Não é verdade que as autoridades souberam "do meu crime", através de uma acção ilegal...(porque entrar na minha casa sem autorização, não me parece que possa ser usado contra mim, que sim..."cometi um crime"...mas se não fosse o "abelhudo" do Rui Pinto, nunca se chegaria a saber...)

      Estas coisas da justiça ""<para alguns...são complicadas...
      SL

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  2. O papel do jornalismo português nesta matéria também é muito interessante.

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  3. Pela parte que me toca, agradeço a informação que me trouxe, sem a qual eu teria passado bem ao lado desse excelente comentário do Leão da Guia.
    SL

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  4. 1. Rui Pinto está preso (e bem!...) em resultado de queixa do Sporting e da Doyen.
    2. Roubar bancos e outras empresas para as chantagear, pedindo dinheiro para não "vender" o produto roubado à concorrência, é crime que tem de ser penalizado em qualquer país civilizado.
    3. o fanatismo clubístico não pode servir para proteger ladrões e criminosos.

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    1. O "fanatismo clubístico" dá um jeitaço a fanáticos como o Zé Manel!...

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    2. Mas o Sporting não retirou já a queixa? Não estou certo, é verdade, mas creio que a retirou porque os "garganta funda" eram, afinal, comentadeiros televisivos.
      Por outro lado, pelos crimes anteriormente cometidos, já Rui Pinto os pagara.
      Por isso, restou a Doyen... se é que a Doyen vai querer expor-se -não basta dizer, será preciso provar.
      Se autoridades governamentais e policiais de França, Suiça, Espanha; se jornais com a dimensão e pretígio do "Le Soir" e, principalmente, do "Der Spiegel", se preocupam com a situação, interessando-lhes saber o que sabe Rui Pinto e não como conseguiu ou divulgou as informações; se nós vemos as trafulhices de uns quantos, entre os quais um tal Berardo e de um de Vieira, que poderá custar-nos a nós, contribuintes, uns milhares de milhões, vem você preocupar-se com o denunciante?
      Olhe, meu caro, o Fisco espanhol quis lá saber de quem denunciou, ou do modo como obteve as informações: atirou-se ao Messi, ao Ronaldo e a mais uns quantos e, veja só o desaforo, recuperou para os cofres do Estado umas boas dezenas de milhão.
      Por cá, há sempre um "Zé Manel" que antes prefere pagar, do que descobrir a cabeleira aos amigos...

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  5. Rui Pinto e os papéis (os outros e nós)

    “Na manhã de 24 de fevereiro de 2015, policias, procuradores e inspetores das Finanças param em frente ao Commerzbank, em Frankfurt. O segundo maior banco alemão opera numa das torres de escritórios mais visíveis da zona bancária de Frankfurt, de noite as três torres iluminadas pelo amarelo dos holofotes erguem-se como três dedos indicadores apontados em direção ao céu. A arquitetura é um aviso: aqui não há espaço para dúvidas, prudência ou escrúpulos. Aqui está o poder. Nessa manhã de terça-feira, porém alguns dos banqueiros têm de abdicar por breves instantes desse poder, porque os inspetores do recém-criado “Grupo de Investigação do Crime Organizado e da Evasão Fiscal” estão a recolher uma série de documentos acerca de investimentos encobertos e secretos. …
    … As buscas são feitas a partir de bases de dados bancários adquiridos. Num talk-show falou-se de um novo CD com informações fiscais, embora na realidade estes CD já há muito tivessem dado lugar às pens ou aos discos externos. Os dados revelam que uma sucursal luxemburguesa do Commerzbank criou, durante largos, empresas-fantasmas para os seus clientes alemães. Assim se contornam os impostos alemães e também a Diretiva europeia (2003/48/CE) em relação aos juros, que determina que todos os bancos do Luxemburgo e da Suíça retenham na fonte, por norma, até 35% de impostos sobre lucros de contas não registadas, caso estas tenham como titulares cidadãos da União Europeia. … Deste modo, o Commerzbank criva empresa-fantasma no Panamá para os seus clientes que, por seu turno, só aparentemente eram titulares de contas. E, como as empresas offshore não pertencem à União Europeia, a Diretiva europeia não se aplicava, pelo que os lucros ficavam livres de impostos.
    Com efeito chama-se a isto fraude fiscal e, quando um banco a pratica em grande estilo, pode encarar-se quase como um crime perpetrado por uma quadrilha. Por isto é que a unidade especial que naquela terça-feira interveio em Frankfurt tmbém ostenta a expressão “Crime Organizado”. …
    … ficámos a saber que os dados bancários do Luxemburgo, vendidos aos investigadores alemães por um informador…
    Mas, por aquilo que viemos a saber mais tarde, os investigadores alemães terão pago um milhão de euros por essas poucas centenas de empresas.
    Quanto valeriam uns milhares?
    Quem comprou os dados bancários do Luxemburgo foi Peter Beckhoff, o diretor do serviço de finanças responsável por multas e investigação fiscal em Wuppertal. Beckhoff foi a pessoa que conseguiu os vários CD dos impostos e convenceu o seu ministro a disponibilizar verbas para os pagar e a assumir a responsabilidade – sabendo que no panorama político há também muita resistência em relação a esta matéria. …”

    In Panama Papers, Bastian Obermayer e Frederik Obermaier

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  6. "Uma das coisas que mais me tem surpreendido ao longo dos anos que levo de jornalismo é que, ao contrário do que possa parecer, nada é óbvio na sociedade actual no que diz respeito à defesa intransigente de princípios éticos do que eu imaginava que pudesse ser uma sociedade equilibrada. A ética tornou-se uma estrutura maleável de valores.
    … Precisamos muito de jornalistas como os “irmãos Obermay/ier”. E de mais gente na sombra como John Doe, o “Senhor Fulano de Tal”, a fonte de tudo isto, pessoas com coragem e sentido de indignação que tenham acesso a documentos comprometedores dentro das grandes empresas, dos bancos, das instituições públicas, que possam expor os males dos regimes e a hipocrisia com que tantas as vezes os poderosos iludem todos os outros, enquanto mantêm ou reforçam o seu status quo.
    Mas do que ainda precisamos mais, nesta era em que vivemos ironicamente inundados de notícias, muitas das quais sem qualquer relevância, é de cidadãos que queiram aprofundar o conhecimento que têm sobre o que se passa à sua volta. São esses cidadãos – e não os jornalistas nem as suas fontes – que ao indignarem-se com as afrontas à integridade pública, com as violações à forma como as coisas deviam ser, conforme diria Charles Lewis, têm o poder de exigir democracias mais justas. …”

    In Panama Papers, Prefácio por Micael Pereira

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  7. "A bem do benfica, tudo pelo benfica, nada contra o benfica! A bem da nação!! Amén!"

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