sábado, 2 de setembro de 2017

Felizmente há luar!...


DISCIPLINA E JUSTIÇA TUTELADAS PELA ARBITRAGEM?!...

«Há muitos jogadores em Portugal e no Mundo que têm momentos infelizes. Alguns renomados, como Zidane e Cantona, por exemplo, protagonizaram situações de violência gratuita que vão perdurar, para sempre, na memória dos adeptos.

Há várias formas e dimensões de violência e a humanidade, hoje e sempre, debate-se com e contra ela, e as nossas vidas, no mundo ocidental, estão hoje muito ameaçadas e colocadas em desassossego.

A violência no futebol é incomparavelmente mais dramática fora do campo do que dentro dele, e, por isso, é bom que, quando falamos de quebra de regras sobre o relvado, designadamente manifestações de violência, coloquemos o assunto em perspectiva e não fazer dos protagonistas uma espécie de ‘criminosos’.

O futebol é gerador de emoções fortes, de momentos de enorme grau de satisfação, mas é também capaz de produzir sentimentos extremamente negativos, que levam muito fácil e rapidamente à violência. Por isso é preciso apertar a malha das regras e dos regulamentos e punir as situações que lesam a modalidade e o desportivismo. Seja nesse mundo complexo e marginal das claques; seja no confronto entre oficiais do mesmo ofício, nomeadamente — no caso vertente — quando os jogadores perdem o respeito pelos seus adversários.

Foi isso que aconteceu com Eliseu. Teve um momento infeliz (a competição gera tensões próprias nem sempre fáceis de controlar), não respeitou o seu adversário e teve uma atitude de uma brutalidade que alguém tinha de punir. E se o árbitro e o vídeo-árbitro (mais grave) não puniram, no momento em que deviam ter punido (na hora), o CD — perante um óbvio ‘flagrante delito’ — teria, obrigatoriamente, de o fazer. Não por ser o Eliseu (apontado pelos adversários como um ‘reincidente’), não por ser um jogador do Benfica (estes lances acontecem, algumas vezes, com jogadores de todos os clubes), mas porque a acção cometida foi grave e tinha de ser punida.

Nem a Arbitragem se pode confundir com a Disciplina, nem a Disciplina se pode confundir com a Arbitragem. Esta coisa surreal, plasmada no acórdão do CD assinado pelo seu presidente, segundo a qual a Disciplina (no sentido de Justiça) coloca como valor máximo e inalienável o sentido das decisões da Arbitragem, mesmo que elas sejam comprovadamente erradas, não lembraria nem a uma criança de 5 anos.

A Polícia, genericamente, também é uma autoridade, à qual devemos respeito. Mas também comete delitos. Já viram a Justiça não actuar sobre os delitos da Polícia, apenas e só por ter o estatuto de ‘autoridade’? Foi mais ou menos isto que a Disciplina fez em relação à Arbitragem. Acredita nos testemunhos de quem errou para construir a tese (mais política do que jurídica, digo eu) da absolvição.

E não se façam confusões: uma coisa é, na refrega, um jogador atingir outro, e ser ou não ser admoestado com um cartão amarelo ou vermelho, outra coisa é um jogador saltar em cima de outro e atingi-lo, perigosa, deliberada e intencionalmente.

Um Conselho de Disciplina, como o nome indica, tem de ser o maior guardião da Disciplina (leia-se Justiça), neste caso no futebol. Um Conselho de Disciplina não pode comportar-se como uma subautoridade, que condiciona a sua acção ao princípio da infabilidade falível. Estamos todos a ver que os árbitros e até os vídeo-árbitros não são infalíveis (nem podem sê-lo) e o CD quer dar-nos como ‘inelutável’ que o são. Mas que princípio é este em pleno século XXI? Os árbitros são consagrados como uma espécie de ‘juizes supremos’?

Este erro crasso e basilar é tão mais surpreendente porque José Manuel Meirim estava a realizar um mandato inegavelmente positivo: a falta de coragem que evidenciou no ‘caso Eliseu’ contrasta com a coragem e a coerência que exibiu noutros casos, nomeadamente nos castigos que tem aplicado quando estão em causa ‘ofensas à reputação’, seja quem for o infractor. 

A FPF de Fernando Gomes e Tiago Craveiro melhorou muito o diálogo, a comunicação, com a publicação dos relatórios e com a disponibilização que, anteriormente, parecia fechada numa cave pejada de pó e muitas teias de aranha.

Não é preciso coragem para castigar um árbitro. O não castigo a Eliseu reabriu uma polémica escusada em torno da (in)justiça (proporcional) sobre Jorge Sousa. Reunir com os árbitros após estas duas decisões não revela capacidade de diálogo. Revela… confusão. O momento de Eliseu foi infeliz. O momento de Vasco Santos foi infeliz. O momento de Meirim foi triplamente infeliz.


JARDIM DAS ESTRELAS (4 estrelas)

... E o vencedor foi... Jesus

... E o grande vencedor do fecho do Mercado foi… Jorge Jesus! Exacto. Estava na iminência de perder dois pilares da equipa (William e Adrien) e só perdeu um (Adrien). Perdeu o ‘capitão’, uma figura quase tutelar, patrão, um jogador raro em Portugal, quando se trata de fechar espaços e recuperar a posse de bola. Com a chegada de Bruno Fernandes (BF) – outro tipo de jogador, é certo –, e ficando William no plantel, JJ pode voltar a avançar Battaglia para ‘8’ e jogar com Fernandes atrás de Bas Dost. Com William no ‘onze’, o SCP ganha melhor controlo do espaço e estabilidade na zona defensiva e a ‘8’ Battaglia já pode transportar mais a bola (como gosta) do que temporizar, algo que tem dificuldade em fazer. E há sempre a possibilidade de BF jogar no lugar de Adrien.. No interesse colectivo do SCP, foi a melhor solução: um encaixe financeiro importante em torno de Adrien, o jogador mais velho (William ainda tem alguma margem para uma grande transferência), sem perturbar muito o equilíbrio da equipa. Quer dizer: Adrien é ‘mais’ substituível neste momento. O SCP fica com o melhor plantel dos últimos anos. O Benfica não fugiu à ideia (corajosa) do seu presidente: não perder a cabeça e olhar para as contas. Mas… que apostas? Chegarão para o penta? Parece indiscutível que o plantel está menos forte em comparação à época passada. Rui Vitória estará satisfeito? FC Porto? Vida complicada para Sérgio Conceição (SC). Não perder jogadores vitais foi muito bom… Mas não chegou o desejado… E SC parte para a luta pelo título apenas com 3 centrais e 3 avançados… Parece pouco…

O CACTO 

--- Agora?!

Tolerância zero para entradas duras, ok. Mas… anunciar agora? Que ‘profissionalismo’ é este?…»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record)

Começa a tornar-se um hábito sempre que Rui Santos escreve...

Felizmente há luar!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Desta vez, o "caracolinhos" não se esqueceu de colocar os pontos nos ii's...
    Lamenta-se o facto de os outros jornalistas "que vivem do futebol", não darem as suas opiniões sem "algemas"...
    Onde está essa coragem de "homens de bem" que deveriam ser...?

    O juiz "merdelim", se tivesse ao menos "um pingo" de carácter...pura e simplesmente...ia "vender chuchas para a porta da maternidade" (ou em alternativa..."pó na porta 18"...

    SL)

    ResponderEliminar