quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Nem sequer ousou formular a pergunta!...



O medo de Vitória

«No próximo sábado joga-se o terceiro dérbi da época entre Benfica e Sporting. Curiosamente, este jogo parece muito mais importante para a moralização dos jogadores do Benfica do que do Sporting. Uma terceira derrota em três jogos será muito, muito dura.

Até agora, a vitória pendeu sempre para os comandados de Jesus. Mas não foi apenas a vitória que fez a grande diferença nos dois jogos passados. Há vitórias que podem sorrir a qualquer dos lados, em jogos equilibrados, técnica e tacticamente. Até agora Jesus conseguiu dar banhos de futebol a Rui Vitória, que faz a equipa entrar sempre tolhida frente ao antigo técnico.

Tem sido no meio-campo que a equipa de Jesus começa a ganhar o jogo. O técnico do Sporting consegue que jogadores dotados de boa técnica e capacidade ofensiva desempenhem papéis defensivos relevantes. O maior exemplo desse sacrifício positivo é João Mário, mas até Bryan Ruiz finge defender com alguma competência. Sendo que Adrien defende e ataca como se exige a um jogador de topo na sua posição.

No lado contrário, Rui Vitória tem aparecido receoso e passa esse receio à equipa. Planta sempre dois trincos no meio-campo e o Benfica aparece acéfalo, com um futebol telegrafado, sem surpresas, facilmente anulável. Para equilibrar a luta do meio-campo, Rui Vitória precisaria do arrojo de lançar um médio criativo no lugar de um dos trincos meramente destrutivos. Mas alguém acredita nessa ousadia, logo agora em Alvalade?»
(Octávio Ribeiro, De olhos na bola, in Record)


Creio ver reflectido no "sentimento" exibido por Octávio Ribeiro nesta sua crónica, um medo semelhante àquele de que acusa Rui Vitória. Um medo natural, que inapelavelmente animará as hostes da sua trincheira, que resulta da colossal diferença entre as duas equipas e que emergiu em qualquer dos dois jogos anteriores.

Claro que o resultado do próximo dérbi não fugirá a toda a aleatoriadade que naturalmente rodeia qualquer jogo de futebol, muito em particular este "dérbi de todos os dérbis". Mas o que não será aleatório e, pelo contrário, bem seguro, será o medo instalado do outro lado da rua.

Mas mais importante que a especulação avançada, será o facto de ao cronista ter escapado a exigência que a pergunta que coloca, "alguém acredita nessa ousadia, logo agora em Alvalade?", e que seria tão natural como o ar que o próprio respira, não vestisse ele a camisola que todos conhecemos, a saber:

E alguém acredita que face à hipotética e pouco verosímil ousadia de Vitória, Jorge Jesus ficasse de braços cruzados e não encontrasse ao fim de poucos minutos de jogo, o antídoto que "amarrasse de pés e mãos esse tal médio criativo" de que o Benfica, clara e ostensivamente não dispõe?! Por saber o teor da resposta e o terror que a mesma lhe infunde, é que... 

Nem sequer ousou formular a pergunta!...

Leoninamente,
Até á próxima

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