Com a vindima prestes a terminar, é chegada a hora do lavar dos cestos e alfaias e começar a preparar a vinha para nova colheita. A deste ano, ultrapassou de longe as expectativas. A pinga foi boa, bebeu-se com agrado, ensaiaram-se até alguns estalos de língua em muitas refeições mais do nosso agrado e estaremos proibidos de fazer comparações com a zurrapa produzida nas últimas safras, especialmente a que antecedeu e "revolução vinícola" que aqui nos trouxe.
Contudo, sem que seja importante avaliar agora causas e responsabilidades para o que terá estado na origem de não nos ter sido possível conquistar ao menos uma simples medalhita, nos concursos deste final de época, bem mais interessante será fazer uma avaliação sobre aquilo que nos terá faltado para conseguirmos uma boa pinga e a malfadada medalha.
Na nossa opinião de adepto, à equipa Sporting, entre outras coisas que a foice poderá talhar, faltou fundamentalmente paciência, num razoável número de partidas onde não fomos capazes de estar tão bem como seria desejável. Sempre que nos surgiram autocarros pela frente, não tivemos a paciência e a tranquilidade que seriam necessárias, para marcarmos os tempos de jogo, impôr o nosso ritmo e fazer correr o adversário. Faltou circulação e a equipa abusou em demasia do recurso ao jogo directo, do passe precipitado em profundidade, com as sistemáticas e consequentes perdas de bola.
Isto de modo algum significará que desejemos no Sporting, o uso ou o abuso de um processo de jogo que se identifique com o famigerado "tiki-raka" catalão. Não se trata de nada disso. As deficiências que a equipa terá de ultrapassar, situar-se-ão ao nível do processo colectivo da construção do jogo, cujas mecanizações ainda não terão atingido níveis satisfatórios para conseguir criar incómodo e desconforto nas barreiras defensivas adversárias, apenas preocupadas com o recuo das linhas e a consequente redução de espaços. Porque se o nosso opositor não for obrigado sistematicamente a mover-se de um lado para o outro, será sempre muito difícil esperar pelo cometimento dos erros que nos poderão permitir encontrar a chave para abrir o ferrolho.
Perante a realidade incontornável patenteada pela grande maioria das equipas do futebol português, que na próxima época naturalmente se acentuará, ultrapassado o factor surpresa que o futebol do Sporting constituiu na primeira metade desta época prestes a terminar, haverá que apostar na posse e na paciência, jogando lateralmente, com constantes, sistemáticas e rápidas mudanças de flanco, pacientemente, sem precipitações, controlando a impulsividade de rasgos heróicos mas quase invatiavelmente condenados ao fracasso, sempre à espreita da mínima possibilidade da incursão vertical, que naturalmente acabará por acontecer nas linhas defensivas adversárias, com o aparecimento de zonas mortas provocadas pelo tempo e modo do carroussel.
Sem colocar em causa o valor dos jogadores, o exemplo paradigmático daquilo que a equipa do Sporting deverá evitar, será o tipo de jogo desenvolvido por Capel, Carrillo ou mesmo Heldon, exactamente nos antípodas do comportamento de que a equipa necessitará. Com a bola na posse de qualquer destes jogadores, o processo ofensivo da equipa, por ali há-de terminar inexoravelmente, sem que o facto de uma ou outra incursão poder vir a ter êxito, deixe de constituir a excepção à regra: termina a posse, termina a circulação, o adversário respira, reposiciona-se e inícia a rápida transição defensiva, seu único e fundamental objectivo e, as preocupações, os cuidados e as situações de perigo transferem-se para o nosso lado.
Sem colocar em causa o valor dos jogadores, o exemplo paradigmático daquilo que a equipa do Sporting deverá evitar, será o tipo de jogo desenvolvido por Capel, Carrillo ou mesmo Heldon, exactamente nos antípodas do comportamento de que a equipa necessitará. Com a bola na posse de qualquer destes jogadores, o processo ofensivo da equipa, por ali há-de terminar inexoravelmente, sem que o facto de uma ou outra incursão poder vir a ter êxito, deixe de constituir a excepção à regra: termina a posse, termina a circulação, o adversário respira, reposiciona-se e inícia a rápida transição defensiva, seu único e fundamental objectivo e, as preocupações, os cuidados e as situações de perigo transferem-se para o nosso lado.
Fica-se com a ideia que a equipa se cansa da posse de bola e força por todos os meios ao seu alcance, uma "ejaculação precoce", a "rapidinha" tão ao jeito da mentalidade lusa! Sem prazer, sem alegria, sem a criação de verdadeiras situações de perigo, sem golos! E com a agravante de ficar exposta às consequências da resposta adversária. A equipa parece ainda não ter compreendido que em posse, o esforço que dispende e os perigos a que se expõe, são incomparavelmente menores.
Esperamos e desejamos que na próxima época a equipa se liberte do vício das pressas e impulsividades, que apenas representarão trunfos para os adversários.
Leoninamente,
Até à próxima
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