terça-feira, 20 de setembro de 2011

O tempo e o abismo...

O Sporting não defende bem!... Há qualquer coisa na organização defensiva da equipa que não funciona e que permite que equipas cuja valia técnica deixa muito a desejar, consigam abrir brechas que continuam a descoroçoar a enorme falange de adeptos sportinguista e a causar este estado permanente de desassossego que se instalou na alma leonina.
Sendo certo que a valia dos elementos que constituem a linha recuada da equipa poderá não constituir o melhor dos exemplos de classe e categoria que a dimensão do clube porventura exigiria, vemos desempenhos claramente superiores e eficazes por parte de sectores análogos em equipas com dimensão e recursos que nada tem a ver com o Sporting Clube de Portugal.
E o argumento da falta de conhecimento mútuo, de entrosamento e de criação de rotinas entre os componentes do sector defensivo leonino, começa a ser quase falacioso, quando colocados nos pratos da balança comparativa outros conjuntos bem mais modestos e que, com o mesmo tempo de permanência nos clubes respectivos, apresentam já desempenhos significativamente mais elevados que aqueles que a defesa leonina continua a exibir.
Não resisto a estabelecer uma comparação prática entre o comportamento global da equipa do Sporting, depois de conseguir a vantagem concludente que o marcador expressava aos 5 minutos de jogo em Vila do Conde e o comportamento de uma equipa primodivisionária como o Feirense ao longo de todo o jogo com o campeão em título. A equipa de Vila da Feira também foi profundamente remodelada, também precisou de ver instalados entre os seus elementos os tais conhecimento mútuo, entrosamento e criação de rotinas, também precisou de tempo, de apoio e de ausência de cobrança por parte dos adeptos e contudo enfrentou o Porto de olhos nos olhos, fê-lo sofrer repetida e sucessivamente sobressaltos com que jamais contaria e acabou por o obrigar a perder dois preciosos pontos que lhe poderão vir a fazer muita falta. O Sporting defrontou o lanterna vermelha do campeonato, apanha-se a ganhar por 2-0 mal o árbitro apitou para o começo do encontro e depois oferece a todos os seus adeptos, presentes ou ausentes de Vila do Conde, o triste espectáculo e o sofrimento que sabemos?!... Mas o que é isto?!... Vamos tapar o Sol com a peneira ou gritar alto e bom som que o rei leão vai nú?!...
Quem me explica o nervoso miudinho de Rui Patrício ao longo de toda a partida?!... Então o 1-0 aos 2 minutos não o acalmou? E o 2-0  um minuto depois, não lhe trouxe toda a tranquilidade do mundo? O que será que Patrício bebeu ao intervalo para dar um frango daqueles logo no recomeço e dar aquele pontapé na atmosfera ou aquela saída maluca que nos arripiaram os corações? E o que se passa com João Pereira para dar as fífias defensivas que todos vimos e não conseguir fazer um único centro para a área? E qual o problema de Elias, com uma pré-época intensa em Espanha e com uma exibição de gala pelo anterior clube em Guimarães, com um bom desempenho em Paços de Ferreira e sem ter jogado na 5ª feira na Suiça, para ter dado o estouro e obrigar Domingos a substituí-lo, porque nem ele nem Schaars impediam que toda a avalanche atacante vilacondense desabasse sobre Rinaudo e sobre os centrais que depois ficam como os maus da fita? E o que foram fazer para o relvado o André Santos, o Pereirinha e o Matias? Andamos todos a brincar ou teremos a reacção a trabalhar dentro do campo? Então voltámos o tempo das "vacas sagradas" e das "primas donnas", da "cultura dos egos" e dos egoísmos? Então e o Sporting Clube de Portugal, onde fica no meio de toda esta enorme gestão multinacional de egos e vaidadezinhas? Então onde está o brio profissional, a raça e a garra que se exigem a quem enverga a gloriosa camisola do Sporting?!...
Domingos Paciência não sai incólume destes últimos episódios da saga leonina. Há qualquer coisa na organização da equipa que não funciona. Não funciona, não tem funcionado e tarda em funcionar com aquele mínimo de qualidade que seria exigível.. Pede tempo e se calhar terá alguma razão, mas o que vimos ontem em Vila do Conde não é questão de tempo, nem de todas essas coisas que estamos a começar ficar cansados de ver repetidas. É dos livros que uma equipa se começa a construir da baliza para o ataque, mas o que nós vemos é o ataque a fazer pela vida e a defesa a claudicar, a comprometer. E não será nas pessoas que por lá andam que residirá o grande problema desta equipa do Sporting. Quer-me parecer que será da forma como estará a ser armado este conjunto de jogadores, que poderá não ser o melhor do mundo, mas que tem obrigação de produzir muito mais e melhor.
Eu desejaria estar aqui e agora a fazer o que venho fazendo de há tanto tempo a esta parte: a animar as hostes, a apelar à comprensão da grande nação sportinguista, a pedir ainda mais tempo para que as coisas se possam vir a compôr! Mas o jogo de ontem trouxe-me tal amargura e decepção que não sou mais capaz de fingir que tudo se vai resolver com o tempo. Depois do que vi ontem, é minha forte convicção de que haverá muitas coisas que esta equipa do Sporting exibe, que o tempo não resolverá. Ou Paciência dá um safanão nas hostes, ou estas dar-lhe-ão o safanão a ele!... E o tempo vai-se esgotando em cada dia, em cada semana, em cada jogo repetidamente mal conseguido. É como estar á beira do abismo e qualquer pequena aragem poder precipitar a queda...
Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Então para que essa pequena aragem não empurre a equipa para o abismo...
    Cabe aos sócios armar atrás da equipa (com o apoio constante...)uma cortina que afaste os ventos de tempestade...

    Sporting Sempre...!!

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  2. Caro MaximinoMartins,
    Obrigado pelo comentário e o meu pleno acordo. É o que todos os sportinguistas tem feito, ao longo de anos e anos. Salvo muito raras excepções que por vezes aqui e ali se notam, todos nós, no estádio, na vida social de cada um, na blogosfera, vamos armando a rectaguarda da equipa e vamos construindo essa cortina contra a aragem que nos possa atirar para o abismo. O que falta saber é se isso será suficiente e se os jogadores, a equipa técnica e os dirigentes, em vez de permanecerem nas imediações do precipício, dele se afastam para prevenir uma qualquer desgraça. O meu grito de "o rei leão vai nú", vai nesse sentido, caro amigo Maximino, vai no sentido de todos termos de fazer aquilo que tem de ser feito. Se nos contentarmos com este tipo de vitoriazinhas e pensarmos que tudo vai bem e que o nosso apoio resolverá aquilo que está mal, quando surgirem, lá mais para a frente, as verdadeiras dificuldades, ficaremos destroçados a carpir mágoas, com a consciência pesada por nada termos feito. O noso povo costuma dizer que "quem te avisa teu amigo é" e o meu minúsculo e despretensioso aviso, é aminha contribuição para que as coisas possam melhorar antes do irremediável acontecer.
    Lá estaremos em Alvalade para apoiar a equipa contra o Vitória de Setúbal, mas Domingos Paciência terá de abanar a equipa, da forma que melhor entender, porque estar sempre a falar em tempo e a dizer que são todos bons rapazes e que jogam com muito carácter e muito empenho, são métodos falaciosos que talvez tenham dado resultado em Leiria, Coimbra e Braga, mas no Sporting as coisas são bem diferentes. Bastará reparar na longa lista de treinadores que desde Laslo Boloni, nada conseguiram fazer. Com panos quentes, está provado que não conseguimos. Mesmo com o apoio das bancadas...
    Um abraço leonino

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