quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Inteligência e ... xeque-mate!...

Não sei se o presidente do Sporting Clube de Portugal sabe e gosta de jogar xadrez. Mas sei que muito rapidamente terá de se famialirizar com o jogo. Porque na sua frente se apresenta um enorme tabuleiro com 32 peças - 16 brancas nas duas primeiras filas de um lado e outras tantas pretas na posição antagónica - e a primeira partida começa já amanhã. Ironicamente irá desenrolar-se no Porto e os jogos fora oferecem, aparentemente, maior dificuldade!...
Consta que Godinho Lopes joga pelas brancas e terá ontem alinhavado a saída - às brancas cabe, convencionalmente, efectuar a primeira jogada - com um outro jogador das brancas, um seu conhecido homónimo de cargo, que reside ali para as bandas de Carnide. Desconhece-se ainda quem mais jogará pelas brancas e qual a peça que a cada um será atribuída, se bem que, segundo as mesmas fontes - geralmente bem informadas -, o Rei será atribuido a Carnide, cabendo a Rainha a Godinho Lopes. Às vezes a estratégia obriga a que o pulsar do coração seja abafado...  
Do lado das pretas, há muito se sabe a quem vai ser atribuido o Rei: naturalmente a quem, cá pelas bandas do Norte, sempre comandou as ditas nas últimas décadas e que se celebrizou pelos consecutivos "xeque-mates" - que o mesmo é dizer "xitos" em bom português com sotaque - com que  sempre tem "derretido" os adversários.
A atribuição das peças dependerá - no caso particular deste espectacular jogo prestes a arrancar - do candidato que apresentar o general mais credível à obtenção do prémio em jogo e que é, nem mais nem menos, que um velho cadeirão que alguém desencantou ali para os lados da praça da Alegria. Não espantará portanto que, por estes dias que vão decorrendo paulatinamente neste Setembro ameno,
estejamos a assistir ao aparecimento de alguns generais e a uma acérrima disputa entre eles, na contagem das espingardas com que pretendem equipar os respectivos exércitos. Até agora conhecem-se apenas três, mas porventura outros hão-de aparecer. Ironicamente ou não, vamos assistindo a transmutações cromáticas quase fantasmagóricas. Uns disfarçam o vermelho com pinceladas de verde. Outros esqueceram o verde da procedência e já envergam armaduras bem ao geito do nosso primeiro rei, com a cruz azul ao peito. Outros ainda nada decidiram e vão ostentando a flâmula branca da paz, na esperança de a tingirem segundo as conveniências.
As torres, os bispos e os cavalos hão-de ser atribuidos quase em cima do início do jogo, consoante a origem geográfica dos intérpretes, ou o valor dos créditos mal-parados a que a crise que nos assola os tem obrigado, na dura luta pela sobrevivência. Os peões serão os mesmos de sempre e a sua importância será sempre dependente das jogadas de abertura, pelo que, na impossibilidade de exercerem no jogo a sua vontade própria, hão-de sempre aguardar as decisões das peças mais importantes.
Nos cavalos estará provavelmente o segredo da vitória. Consta que haverá cavalos de primeira e de segunda e isso poderá destruir muitas das estratégias que se adivinham. É que o avanço dos cavalos no jogo, por imprevisível e carregado de variantes pode ser decisivo.
O Rei e a Rainha brancos, terão de estudar muito bem as aberturas. E entre a espanhola, a do peão do Rei, ou a do peão envenenado, há que prevenir o contra-ataque de Marshal ou um outro qualquer de índole mais setentrional.
Entre nós, sportinguistas, nem todos gostarão de xadrez. E aos que eventualmente possam gostar, não verão certamente com muito bons olhos esta precária e descoroçoante distribuição de peças. Prefeririam outro tipo de jogo, mais límpido e transparente. Mas o xadrez é um jogo fabuloso onde a inteligência quase sempre triunfa, mau grado a perversidade que esse mesmo jogo possa encerrar. Atacar desenfreadamente sem prevenir a defesa, pode ser fatal.
De Godinho Lopes, travestido de Rei ou de Rainha, os sportinguistas apenas e só pretenderão sobremaneira, o uso de toda a sua inteligência. Aos potenciais generais emergentes da leonina selva, que reflitam se valerá a pena trocar a dignidade pela aveludada pata da subserviência. Nem sempre valerá mais ser rainha por um dia. E quantas princesas foram felizes para sempre!...
Contudo, eu recomendaria muito cuidado com o Rei preto!... Substimá-lo é um perigo tamanho e nem os dourados apitos nos valeriam, como não valeram!!!...
Leoninamente,
Até à próxima 

2 comentários:

  1. Vamos lá a ver é se não levamos com mais um "xeque pastor"... como tem sido habitual...

    ResponderEliminar
  2. Caro Virgílio,
    Que grande pinta!... É bom falar com quem parece gostar desse jogo sublime. Foi esse gosto que me levou a escrever o post: colocar a mensagem numa linguagem "karpoviana"!...
    Agora, absolutamente dentro do contexto e dito por quem parece saber da poda, um aviso solene para uma jogada onde os novatos falham, mas que o Rei preto de que falei, costuma utilizar com frequência. Oxalá Godinho Lopes coloque as peças para não ser humilhado dessa forma:
    Um abraço amigavelmente leonino

    ResponderEliminar